PAC das Cidades Históricas em Goiás
Ministérios e Iphan anunciaram R$ 1,3 bilhão para patrimônio cultural de 44 municípios brasileiros .
Goiânia e cidade de Goiás estão na lista das 44 cidades históricas brasileiras anunciadas nesta quarta-feira (30) como primeiras contempladas pelo PAC Cidades Históricas, lançado em 2009 pelo então presidente Lula. Em três anos, o governo federal liberará R$ 1 bilhão para atender projetos de revitalização e recuperação dos municípios e restauro de monumentos tombados.
Para 2013 foram reservados R$ 300 milhões e as 44 prefeituras têm até 19 de fevereiro para enviar as propostas ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além das duas cidades goianas, Corumbá (MS) e Cuiabá (MT) foram os únicos municípios beneficiados no Centro-Oeste. De acordo com a superintendente do Iphan em Goiás, Salma Saddi, Pirenópolis, Pilar de Goiás e Corumbá de Goiás devem entrar no pacote do governo federal durante as próximas etapas.
Grande chance
Há mais de 30 anos trabalhando no Iphan, Salma Saddi encara o PAC Cidades Históricas como “a grande chance do patrimônio cultural brasileiro”. Em sua análise, os prefeitos Paulo Garcia (PT) e Selma Bastos (PT) também receberam a notícia com entusiasmo. “O prefeito me ligou de Brasília, logo depois do anúncio, propondo a reunião para o dia seguinte”, comenta a superintendente. Do encontro de ontem, definiu-se a criação de uma unidade executora do projeto que lidará com representantes de várias secretarias. A representante do Iphan no Estado explica que as propostas da capital atenderão tanto o núcleo pioneiro (Campinas) quanto o centro da cidade, para onde se estuda, por exemplo, a limpeza das construções art déco – iniciativa batizada como Cara Limpa.
Para a cidade de Goiás, Salma Saddi toma por estratégica a característica deste PAC voltado para o patrimônio cultural. O governo federal investirá em obras de infraestrutura. “Até hoje, Goiás não tem galerias de águas pluviais, e o PAC Cidades Históricas permite esse tipo de demanda.” Iniciativas de saneamento, conserto de pontes com defeito e o embutimento da fiação aérea podem constar dentre os projetos da cidade de Goiás. “Quem não deseja tratar o Rio Vermelho para que uma enchente não seja avassaladora?”, pergunta. O encontro com a prefeita de Goiás já está agendado para antes do carnaval.
Planejamento
Especialista em Reabilitação Sustentável Arquitetônica e Urbanística da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto de Pós Graduação (Ipog), a professora Júlia Fernandes adverte: “Não adianta ser só incentivo político, tem de haver planejamento técnico por trás.” Para ela, do contrário, são feitos muitos gastos desnecessários. “É preciso articulação entre as áreas. Uma intenção ambiciosa pode se perder caso não tenha um conceito de trabalho único e multidisciplinar. Só assim é possível a reabilitação sustentável do patrimônio”, defende.
A superintendente Salma Saddi acredita no “fôlego e competência” dos dois municípios goianos para desenvolver os projetos do PAC Cidades Históricas. Hoje, o Iphan possui apenas cinco técnicos para desenvolver os trabalhos de preservação do patrimônio em Goiás. Não obstante, o programa prevê contratação temporária de técnicos que oferecerão suporte para a execução das obras.
Fonte: Jornal O Hoje