Transporte clandestino circula livremente em Goiás

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A situação não é nova: centenas de veículos sem autorização para transportar passageiros circulam diariamente entre Goiânia e cidades vizinhas. Em um único dia, a equipe da 730 flagrou quatro veículos fazendo o transporte irregular de passageiros entre Anápolis e Goiânia. Somente em 2012, a Polícia Rodoviária Federal autuou 1.500 motoristas clandestinos e a Agência Goiana de Regulação aprendeu mais de 800 veículos irregulares, em Goiás. O elevado número de autuação não reflete a estatística de veículos clandestinos que circula pelas estradas goianas, que é muito maior, segundo os próprios passageiros.
Com uma microcâmara, a reportagem registrou várias viagens clandestinas e descobriu porque esse transporte é tão perigoso. Durante o trajeto, o cuidado com a direção fica de lado. Os motoristas falam o tempo todo ao celular, trocando informações sobre locais de blitz na rodovia. O que é raro, afirmou um motorista que não sabia que estava sendo gravado. Segundo ele, a fiscalização é bem precária no Estado.

O supervisor de Fiscalização e Transporte da Agência Goiana de Regulação (AGR), Andrei Oliveira, afirma que o órgão bateu recorde de apreensões de veículos utilizados no transporte clandestino no ano passado. O relatório da AGR, que será fechado nos próximos dias, já aponta mais de 800 carros notificados e confiscados, em 2012. Oliveira acredita que o grande número de apreensões seja reflexo de um aumento na quantidade de carros irregulares circulando. Mas ele não sabe calcular quantos se encontram nessa situação.

Os motoristas do transporte clandestino afirmam que a fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também é falha. Segundo eles, os policiais rodoviários federais “não falam nada”. “Às vezes eles descem os passageiros e dão uma multinha pra gente e coloca vocês (os passageiros) no ônibus. Não fica preso não”, diz um condutor clandestino logo após passar pela barreira da PRF, na BR 060.

O inspetor da PRF, Newton Morais, afirma que a dificuldade na fiscalização está diretamente relacionada ao volume de veículos que trafegam na BR 060; cerca de 50 mil carros por dia. Segundo ele, no ano de 2012, a Polícia Rodoviária Federal autuou cerca de 1.500 motoristas em situação irregular no Estado de Goiás.

Os locais de embarque do transporte clandestino são conhecidos dos passageiros que o utilizam. Em uma das viagens feita pela reportagem da 730, o carro parou de repente em um ponto da rodovia que parecia estar deserto. O repórter chegou a achar que fora descoberto, mas o motorista havia encostado o veículo para embarcar mais passageiros. A capacidade máxima do carro era de oito pessoas, mas carregava 13 passageiros amontoados.

Entre os dois municípios, os clandestinos cobram de R$ 6 a R$ 9 por passageiro. O valor pode variar de acordo com a quantidade de pessoas que embarcam na lotação. Até o bilhete do transporte coletivo da região metropolitana, o Sitpass, é aceito como forma de pagamento. O transporte convencional regularizado cobra menos para fazer o mesmo trajeto: R$ 5,50. Mesmo assim, os passageiros preferem pagar mais caro e correr risco usando o transporte clandestino, pois este chega mais rápido. É comum encontrar motoristas clandestinos dirigindo em alta velocidade, na BR 060.

Todos os órgãos fiscalizadores são unânimes em dizer que o transporte clandestino é perigoso pela falta de capacitação dos condutores e más condições dos veículos. Mas os passageiros ignoram os avisos e quem deveria fiscalizar não consegue retirar esses veículos das rodovias.

Fonte: Jornal O Hoje