Estradas ruins desafiam governo

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Má conservação da malha rodoviária passa a ser principal ponto de críticas da oposição sobre a administração de Marconi.

Aquiles, um personagem da mitologia grega e o maior guerreiro da Ilíada, de Homero, era considerado invulnerável em todo o seu corpo, exceto em seu calcanhar. Ele teria morrido em decorrência de uma flecha envenenada que o teria atingido nesta parte do corpo.

Na política de Goiás, o governador Marconi Perillo (PSDB) se mostrou invencível nas últimas três eleições estaduais, mas, após desgastes em virtude do déficit financeiro do Estado, das greves e, no último ano, das acusações de envolvimento do tucano no caso Cachoeira, a má conservação da malha viária é agora o tema que tem reacendido as críticas a sua gestão e vem sendo utilizado pela oposição como o calcanhar de Aquiles do seu governo.

Para tentar amenizar as críticas, o próprio presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincon, remarcou uma entrevista coletiva para hoje, às 10 horas, no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira. Como estava de licença, a entrevista havia sido convocada pelo então presidente em exercício da agência, Hélio Umeno, para a última sexta-feira, sobre a recuperação das estradas.

Há trechos nas GOs 040, 080 e 070 que então praticamente intransitáveis, bem como trechos de outras rodovias com tráfego menor.

Yano diz que produção é afetada

As críticas quanto à má conservação das estradas não partem apenas de políticos da oposição. O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Ricardo Yano, reclamou, sexta-feira, da má conservação da malha viária, principalmente porque tem prejudicado o escoamento da produção. Para Yano, as estradas, sobretudo as vicinais, estão deploráveis e, ainda, as chuvas ampliaram os buracos.

Em nota, o presidente da Agetop convidou o ex-deputado Ricardo Yano para percorrer os 2 mil quilômetros de rodovias reconstruídos em 2012, bem como visitar a Agetop para se inteirar de todo o cronograma do Rodovida Reconstrução, e principalmente dos 2.149 quilômetros que serão reconstruídos em 2013.

A nota diz ainda que o atual governo herdou 6 mil quilômetros de estradas totalmente destruídas e em estado de calamidade. “Vivíamos à beira de um apagão logístico. Era humana, operacional e financeiramente impossível reconstruir 6 mil quilômetros de estradas em dois anos de governo”, justificou.

Segundo o texto, o presidente reconhece que ainda há problemas e que o governo nunca escondeu ou procurou enganar a população. Ele afirma ainda que quem passou pelas GOs reconstruídas pode testemunhar a qualidade do serviço que está sendo executado. “O ex-deputado com certeza deve ter andado por algumas destas estradas. Nossa malha está envelhecida, não foi mantida pelo governo anterior e isto nos levou aà situação em que estávamos em janeiro de 2011”, lembra.

Conforme a nota, não há outra alternativa a não ser reconstruir os mais de 4 mil quilômetros que ainda faltam, pois estas estradas não aceitam mais emergências ou paliativas, como tapa-buracos. A justificativa é que não existe mais aderência para colocação de massa asfáltica. “O programa Rodovida irá solucionar definitivamente este problema”, conclui.

Estado prevê 4,2 mil km de estradas recuperadas até dezembro

O governador Marconi Perillo (PSDB) afirmou que o Estado recuperará 4,2 mil quilômetros de estradas até o final de dezembro deste ano. O contrato do grupo II do programa Rodovida Reconstrução foi assinado dia 6 de novembro e prevê a reconstrução das estradas estaduais com novo revestimento asfáltico, além de obras complementares, como sinalização horizontal, como pinturas e faixas, e sinalização vertical, como afixação de placas.

Serão reformados 59 trechos rodoviários, passando por 43 rodovias estaduais. A previsão é que até o final deste ano, 2.119 quilômetros de estradas recebam investimentos de cerca de R$ 539 milhões do Fundo de Transportes. O início das obras está previsto para o próximo mês, após o período chuvoso.

Em entrevista no último dia 13, o governador garantiu que até o final de sua gestão o cronograma de reconstrução de toda a malha será concluído. Ele justificou o problema de falta de manutenção de algumas GOs, ao dizer que o programa de manutenção e conserva permanente foi licitado apenas no final do ano passado.

O tucano alertou que os problemas persistirão por alguns dias, mas assegurou que ao final deste ano o Estado terá estradas num nível de excelência e outras um nível muito bom de trafegabilidade.

Pavimentação urbana

Já quanto à pavimentação urbana, cidades como Acreúna, cuja massa asfáltica praticamente desapareceu em algumas vias, terá a oportunidade de recuperar suas ruas com recursos federais. O Estado contratará R$ 400 milhões para pagamento em 20 anos a uma taxa de 6% ao ano e carência de 4 a 6 anos. A verba faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), para Pavimentação e Qualificação de Vias Urbanas.

O secretário de Estado das Cidades, João Balestra, avisa, no entanto, que os prefeitos têm até o próximo dia 5 para o cadastramento das cartas-consultas e a apresentação dos projetos básicos de pavimentação asfáltica no Ministério das Cidades, sob pena de perder os recursos.

Ele explica que, mesmo com o recurso à disposição, se o município não elaborar um bom projeto básico, terá dificuldade de conseguir a liberação da verba. “É um dinheiro a fundo perdido que o governo do Estado está captando”, explicou.

No mínimo 60% dos recursos deverão ser aplicados em pavimentação e, o restante, no sistema de drenagem de águas pluviais, redes de abastecimento de água e coleta de esgoto, passeios com acessibilidade, sistemas cicloviários, medidas de moderação de tráfego, sinalização viária e elementos que comprovem a acessibilidade universal.

Fonte: Jornal O Hoje