Indústria goiana é a que mais cresce

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No setor, Estado apresenta alta de 13,7% em relação a novembro, seguido por Pernambuco (7,6%).

Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que Goiás liderou o crescimento industrial do País em dezembro de 2012, com avanço de 13,7% em relação ao mês anterior. O Estado ficou à frente de Pernambuco (7,6%), Bahia (4,7%), Pará (4%), Região Nordeste (2,7%), São Paulo (0,6%) e Santa Catarina (0,4%). O bom resultado goiano, também segundo o IBGE, ocorreu no acumulado de 2012, quando Goiás ficou em segundo lugar, com crescimento de 3,8%. O primeiro lugar ficou para a Bahia, com crescimento de 4,2%. No País, em geral, o setor ficou estável (0%).

Em outros sete dos 14 locais pesquisados, houve queda na área industrial em dezembro. São eles: Paraná (-3,5%), Rio Grande do Sul (-2%), Espírito Santo (-1,9%), Rio de Janeiro (-1,3%), Ceará (-1,1%), Minas Gerais (-1,0%) e Amazonas (-0,5%) tiveram recuo na produção. Houve queda também no acumulado de 2012 em nove dos 14 locais pesquisados. Em São Paulo, maior parque industrial do País, a queda chegou a 3,9%. Outros destaques negativos no ano passado foram Amazonas (-7,0%), Espírito Santo (-6,3%), Rio de Janeiro (-5,6%), Paraná (-4,8%) e Rio Grande do Sul (-4,6%).

Ainda de acordo com o IBGE, a principal contribuição positiva sobre o total da indústria de Goiás foi observada no setor de produtos químicos (44,3%), influenciado principalmente pela expansão na fabricação de medicamentos. Outro setor importante foi o de minerais não metálicos (8,7%), impulsionado especialmente pelo avanço na fabricação de cimentos “Portland”.

Por outro lado, as influências negativas mais relevantes sobre a média da indústria foram registradas por alimentos e bebidas (-5,3%) e indústrias extrativas (3,8%), pressionadas, em grande parte, pela menor produção de óleo de soja refinado e em bruto, tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja, refrigerantes, leite em pó e extrato de tomate, na primeira atividade, e de amianto, na segunda.

No Estado, durante 2012, verificou-se maior produção em quatro dos cinco setores investigados, com destaque para o crescimento de 17,7% da atividade de produtos químicos, por causa especialmente da maior fabricação de medicamentos. Vale citar ainda os resultados positivos vindos de minerais não metálicos (7,1%), metalurgia básica (4,9%) e indústrias extrativas (0,1%).

Nesses ramos sobressaíram, respectivamente, a maior produção dos itens cimentos “Portland”; ferronióbio e ferroníquel; e pedras britadas. A única influência negativa sobre a média global foi verificada no setor de alimentos e bebidas (-3,3%), pressionado em grande parte pelos recuos na fabricação de leite em pó, milho doce preparado, farinhas e “pellets” da extração do óleo de soja, maionese, leite esterilizado, refrigerantes e óleo de soja refinado.

Produção de veículos é recorde em janeiro
Além das vendas recordes, apontadas semana passada pela Fenabrave, a produção em janeiro no País, de 279,3 mil unidades de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, também foi o melhor desempenho do setor para o período na história. “Algumas montadoras não fizeram férias coletivas e estamos bastante otimistas, começamos o ano bem”, afirmou ontem Cledorvino Belini, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), ao comentar os dados do período divulgados mais cedo.

A Anfavea confirmou ainda o recorde histórico de vendas em janeiro de 2013 para o mês, com 331,5 mil unidades comercializadas, média diária de 13.509 unidades, ante 11.485 unidades negociadas diariamente um ano antes. “Seguimos otimistas, com economia projetada, crescimento previsto para o Produto Interno Bruto e tenho todas as condições de números de crescimento”, disse Belini.

O executivo avaliou que neste mês haverá “uma quebra natural” nas vendas, por causa do carnaval, e ainda na produção, “com o início das férias de algumas montadoras que não deram no começo deste ano”. Para Belini, em março o setor deve ter uma recuperação pelo fato de o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) voltar a subir.

O estoque total do setor cresceu entre dezembro e janeiro, de 24 dias para 29 dias, com alta de quatro para seis dias de estoques nas indústrias, e de 20 para 23 dias nas concessionárias.

Máquinas agrícolas
As 5.859 máquinas agrícolas vendidas no mercado interno em janeiro de 2013 são novo recorde mensal para o setor desde a década de 1970, quando o comércio era fomentado por aquisições governamentais em grandes volumes, segundo o diretor da área na Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Milton Rego.

“Janeiro reflete o bom momento do setor iniciado em setembro de 2012, com a política do PSI (Programa de Sustentação do Investimento) e pelo excelente momento do agronegócio brasileiro que vive”, disse. “Se compararmos os últimos 12 meses ante os 12 meses anteriores, crescemos entre 7% e 8%”, completou.

Além do crédito e dos recursos financeiros, Rego citou os bons preços dos produtos agrícolas, principalmente do milho e da soja, a capitalização dos produtores e o clima favorável à colheita recorde, em 2012/2013, como outros fatores para o bom momento do setor no Brasil. “No entanto, as exportações de máquinas seguem com desempenho ruim, com uma queda de um nível anual de 30 mil unidades anuais, há cinco anos, para 17 mil unidades atualmente”, reclamou.

Para o executivo, a redução nas exportações ocorre, como no setor automotivo, “pela perda de competitividade da indústria brasileira”.

CNI duvida de recuperação forte este ano
A indústria brasileira não gostou de 2012 e ainda tem dúvidas sobre as possibilidades concretas de ter uma recuperação forte em 2013. Apesar de ter registrado um aumento de 2,4% no faturamento, a produção industrial caiu no ano passado, assim como o número de horas trabalhadas.

“O ano não foi bom. Apesar de termos tido indícios de recuperação em alguns momentos de 2012, essa recuperação não veio na frequência e nem na intensidade necessária”, avaliou o gerente executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.

De acordo com levantamento feito pela entidade, divulgado nesta quarta-feira, a taxa de uso das máquinas instaladas nas fábricas amargou um recuo em dezembro, para 80,9%, depois de três meses de leve recuperação. Na média de 2012, o uso da capacidade de produção do setor ficou abaixo do ano anterior. O número de horas trabalhadas no ano passado também foi inferior ao de 2011.

O indicador com melhor resultado, conforme a pesquisa da CNI, foi o de faturamento. Ainda assim, o avanço de 2,4% registrado em 2012 ficou muito abaixo do apurado em 2010 (9,9%) e 2011 (5,9%). “A expansão foi menos intensa”, salientaram os técnicos da CNI no documento.

O faturamento cresceu em 12 dos 19 setores pesquisados. O maior aumento foi registrado na indústria de papel e celulose, que apurou um aumento de 28,2% na comparação com 2011. A maior queda, de 14,5%, ocorreu no setor de outros equipamentos de transporte, que reúne fabricantes de carrocerias, aviões, navios e reboques.

Para Castelo Branco, 2012 deve ser considerado um ano de ajuste, inclusive dos estoques. “A indústria vendeu o que já tinha produzido”, explicou. “As famílias continuaram consumindo com intensidade, mas esse consumo não foi direcionado para indústria local porque a concorrência com importados continua muito alta”, acrescentou.

Por isso, o economista da CNI acredita que a recente valorização do real frente ao dólar aumentou o nível de preocupação dos industriais. “As últimas semanas mostraram dificuldades do câmbio em se sustentar nesse patamar de R$ 2,10. Com isso, o câmbio passou a ser uma incerteza para este ano.”

O economista admitiu que a CNI ainda não consegue identificar com clareza uma tendência dos indicadores que aponte para uma recuperação mais forte, até porque o cenário internacional deve continuar problemático ao longo deste ano. “Ainda não temos resultados consistentes que apontem esse caminho. Há uma expectativa, mas ainda não há um ambiente claro de recuperação.”

Fonte: Jornal O  Hoje