CMTC pretende construir 60 estações de aluguel de bicicletas e oferecer alternativa para transporte no centro da cidade
A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) abriu licitação para o serviço de aluguel de bicicletas em Goiânia. A vencedora do certame ficará responsável pela construção de 60 estações pela cidade, com 10 bicicletas em cada. Os usuários poderão retirar os veículos em uma estação e devolver na mesma ou em outra, num modelo semelhante ao utilizado no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Campinas, além de Londres, Amsterdã, Paris e Barcelona, na Europa.
A ganhadora da licitação ficará responsável pela prestação de serviços técnicos de implantação, operação, manutenção e gerenciamento do sistema integrado de bicicleta pública por um prazo de cinco anos, que podem ser prorrogados por até igual período, se houver interesse da administração pública. A partir da data de assinatura do contrato e emissão da ordem de serviço, a empresa vencedora terá prazo de 30 dias corridos para instalar e ativar dez estações incluídas na primeira etapa do projeto.
A escolha da localização das estações ocorreu em função do transporte por meio das bicicletas não ser apropriado para grandes deslocamentos, segundo a CMTC. Por essa razão, elas serão instaladas primeiramente na região central para atenderem pessoas que desejam se locomover em pequenas distâncias.
“O usuário poderá descer do ônibus no Centro e resolver seus problemas de bicicleta, circulando entre as praças Universitária e do Avião, ou da Tamandaré para a do Trabalhador, por exemplo”, explica o presidente da CMTC, José Carlos Xavier, o Grafite. A intenção do órgão municipal é reduzir a circulação de veículos automotores na região central da cidade, a mais complicada em relação aos congestionamentos.
Grafite argumenta sobre a necessidade da “quebra de paradigma” referente aos meios de transporte. “Estamos saindo de um modelo que há décadas pensa em resolver o problema do automóvel. Agora, queremos favorecer o modo sustentável de locomoção valorizando o transporte não motorizado”, afirma. Também pesa em favor das bicicletas o fato de serem não poluentes, ocuparem menos espaço nas vias e possibilitarem atividades físicas.
Utilização
As bicicletas ficarão travadas nas estações. A retirada será por meio de um código fornecido pela central de atendimento, que poderá ser acessada por celular, call center, aplicativos de smartphones e por totens de autoatendimento que ficarão instalados em cada estação. O usuário digitará o código no suporte da bicicleta para destravá-la.
Os ciclistas que aderirem ao compartilhamento público de bicicletas terão duas opções de uso: poderão ser mensalistas ou pagar pela utilização eventual dos veículos. Em ambos o usuário poderá ficar com a bicicleta no máximo 1 hora. Ao fim dos 60 minutos a bicicleta terá de ser devolvida na mesma ou em outra estação, a fim de garantir o compartilhamento dos veículos. Antes de usar o serviço, será necessário fazer um cadastro na administradora do sistema, pois a bicicleta ficará sob a guarda do usuário, que será responsável pelo veículo e responderá por aquele bem.
Pela central de atendimento os usuários poderão consultar em tempo real se há bicicletas na estação que deseja. Está previsto no projeto que haverão estações nas principais praças, em todos os terminais do transporte coletivo e nas proximidades de shoppings, parques e centros culturais da capital.
Publicidade
A empresa que vencer a licitação poderá explorar publicidade padronizada nas estações, bicicletas e nos demais serviços relacionados ao sistema, como pontos de vendas e totens de autoatendimento. De acordo com a CMTC, esta será a principal fonte de receitas da futura operadora do serviço. No Rio de Janeiro, São Paulo e Londres o serviço é patrocinado por bancos.
A escolha será com base nos melhores preço e técnica, conforme a lei licitações. O limite de valor estimado para a contratação é de R$ 8 milhões. Entre as obrigações da vencedora do certame está a divulgação do funcionamento do serviço de locação de bicicletas.
Licitação cita abertura de ciclorrotas na cidade
A licitação para concessão do serviço de aluguel de bicicletas não trata da construção de ciclovias. O edital menciona a abertura de ciclorrotas, que são roteiros sugeridos para o usuário se deslocar. Na capital, existe somente uma ciclovia: a recém-inaugurada na Avenida Universitária que liga a Praça Cívica à Praça da Bíblia e ainda não conquistou o ciclista goianiense.
As ciclorrotas serão sinalizadas por placas e passarão por ruas menos movimentadas. As “vias cicláveis” terão elementos de moderação de tráfego, além das sinalizações vertical e horizontal. “As necessidades das pessoas nem sempre coincide com o trajeto das ciclovias. Cada um faz sua própria rota”, diz o presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), José Carlos Xavier, o Grafite.
O sistema é idêntico ao utilizado nas demais cidades brasileiras e europeias que adotaram o serviço. Londres, Amsterdã, Paris e Barcelona são bem servidas de ciclovias, mas o ciclistas pode trafegar em vias que não tem faixa exclusiva para bicicletas.
Durante a campanha na qual foi reeleito, o prefeito Paulo Garcia (PT) prometeu a construção de 100 quilômetros de ciclovias, que garantem mais segurança aos ciclistas. A proteção ao usuário de bicicletas será uma das tarefas mais difíceis a serem superadas para a novidade pegar em Goiânia, cidade com um dos maiores índices de motorização do país: um carro para cada dois habitantes. “A conscientização e a sensibilização dos motoristas é um grande desafio”, analisa o chefe de gabinete da CMTC, Domingos Sávio Afonso.
Para o advogado Eduardo da Costa Silva, do grupo Pedal Goiano, a única preocupação diz respeito à segurança do ciclista. “Temos que garantir que o usuário poderá ir e vir são e salvo numa cidade com mais de um milhão de veículos. A prefeitura tem de correr com a implantação das ciclovias”, afirma.
Eduardo cobra mais campanhas de conscientização: “As bicicletas são meios de transporte e constam no Código de Trânsito Brasileiro, mas não vemos campanhas publicitárias sobre elas”, alega. O advogado ainda lembra que, nas cidades onde o sistema de aluguel deu certo, as estações ficam ao lado de ciclovias e possuem mapas com as ciclorrotas próximas.
Fonte: O Popular