Goiânia, às vésperas do apagão
Goiânia, a partir do dia 17 de janeiro, pode ficar sem monitoramento, caso a Secretaria da Segurança Pública e Justiça (SSPJ) não pague à empresa responsável pelos equipamentos e serviços. Para evitar o apagão, a Novácia quer receber R$ 448 mil. Este valor quitará uma parcela da dívida, correspondente aos nove primeiros meses de trabalho. O débito total é de R$ 1,118 milhão, resultantes de 22 meses de inadimplência.
O problema se arrasta desde abril de 2011, quando a então administração da SSPJ firmou um contrato emergencial com a Novácia – Tecnologia da Informação, com o encerramento do contrato com a Sapiens, a firma vencedora da licitação de 2006.
Nove meses depois, em janeiro de 2012, o contrato não havia sido firmado, nenhum pagamento realizado e os funcionários do empreendimento receberam a ordem para retirar os equipamentos. À época, o então comandante do policiamento militar em Goiânia, coronel Sérgio Katayama, de acordo com o proprietário da Novácia, Silvio Antônio Castro, teria se comprometido a intervir junto ao governador.
Transcorrido quase um ano, em dezembro passado, no dia 27, o responsável pelos serviços garante ter sido recebido pelo novo titular da SSPJ, Joaquim Mesquita, que pediu trinta dias para organizar a situação. Inclusive com indicativo para legalização do serviço.
“Ele (o secretário) me garantiu que até o próximo dia 27 me dirá, por escrito, quando receberei os outros 60% do que me devem e quando será a próxima licitação”, conta Silvio Antônio.
Pânico
Atualmente, a capital é assistida por 37 videocâmeras digitais, instaladas ao longo das avenidas Bernardo Sayão, na Fama; 24 de Outubro, em Campinas; e Goiás, no Centro. Os 2,4 mil lojistas na Bernardo Sayão, onde existem 18 videocâmeras, estão em pânico, pois temem que o blecaute desencadeie uma onda de criminalidade.
O representante dos comerciantes da Bernardo Sayão, Carlos Allan de Morais, garante que a associação que preside está disposta a participar financeiramente do processo de manutenção dos serviços. Precisa, entretanto, que seja convidado e que apresentem à entidade uma proposta financeira razoável.
Silvio Antônio, também, explica que não adianta a secretaria simplesmente arranjar outra empresa para executar o serviço e, assim, mais uma vez protelar a liquidação dos débitos. Além do software e pessoal de manutenção e apoio, a Novácia, também, é a proprietária dos equipamentos, como postes, câmeras, placas, fios, servidores, telas, computadores e demais aparelhos e mobiliário da Central de Monitoramento.
“Para retirar os dispositivos serão necessários 30 dias de trabalho duro. A empresa que nos substituir terá que fazer o trabalho do zero”, advertiu o gestor da Novácia.
Tecnologia
O sistema de videomonitoramento começou a ser instalado em Goiânia em 2000, com a central de monitoramento funcionando no 3º Distrito Policial. Na época, a escolha do espaço se deveu ao grande fluxo de pessoas e trânsito, além da disposição da Associação dos Lojistas da Fama participar com 10% das despesas. O sistema utilizado era o analógico.
O tempo passou e as demandas aumentaram. Em 2006, o governador estadual decidiu ampliar a área de monitoramento. Realizou-se uma licitação. O sistema passou a ser digital e a central de monitoramento foi instalada na sede do Comando do Policiamento da Capital, próximo ao Parque Mutirama.
A recém-empossada secretária de Defesa Social da Prefeitura de Goiânia, Adriana Accorsi, aposta na solução deste impasse financeiro, para em seguida sugerir um trabalho de parceria entre a segurança pública e a prefeitura de Goiânia.
“O uso da tecnologia, hoje, é uma das melhores alternativas, para buscar mais segurança para a sociedade. Muitas vezes uma alternativa muito melhor do que mais armamentos, mais viaturas e mais força bruta. Temos que investir no trabalho de inteligência. Eu acredito que a grande contribuição que o município pode fornecer à segurança é nessa questão do monitoramento, que não seria voltado apenas para os crimes contra o patrimônio, mas, também, para ilícitos contra a vida e a sociedade. O município passaria a gerir a central de monitoramento, e, então, ficaria responsável por acionar as forças de segurança e de resgate quando necessário. A central é uma prioridade do prefeito Paulo Garcia, com o objetivo de harmonizar as relações sociais em Goiânia”, afirma Adriana Accorsi.
Ofício da Novácia à SSPJ cobrando débito do novo secretário:
Fonte: Portal 730