Frota de veículos cresce 4 vezes mais que a população
A quantidade de automóveis registrados em Goiânia em 2012 cresceu quatro vezes mais que a população. A proporção de habitantes por veículo está cada vez mais próxima de um para um. Foram mais 61.312 automóveis licenciados na capital. Considerando a população, isso equivale a dizer que cada 1,22 goianiense tem um veículo à sua disposição (veja quadro). Em 2011, essa proporção era de 1,27 habitante por carro.
Os números deixam Goiânia entre as cidades brasileiras com maior número proporcional de veículos. Nos últimos anos, a capital vem ocupando a segunda posição no País – os dados nacionais relativos a 2012 ainda não foram fechados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Diante de uma frota crescente, sem medidas que acompanhem essa evolução, as dificuldades de trânsito aumentam e especialistas são unânimes: a principal solução é priorizar o transporte coletivo.
O conceito de cidade sustentável - mote da campanha que reelegeu o prefeito Paulo Garcia (PT) - envolve a implantação dos corredores preferenciais para ônibus T-7 e T-9 e do Bus Rapid Transit (BRT) no Norte-Sul. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no Eixo Anhanguera, capitaneado pelo Estado, engloba as ações de priorização do transporte coletivo.
O incentivo ao uso do ônibus é a principal medida para diminuir os problemas do trânsito. Mas não é a única. Estudiosos do tema citam outras ações, como rodízio de automóveis, cobrança de pedágio e preço mais alto para estacionar em locais saturados, como o Setor Central e Campinas. Carona e bicicleta surgem como alternativas ao uso do carro.
O aumento da frota e dos pontos de estrangulamento são tendência crescente e evidente. Os números indicam que a situação vai continuar e se agravar. “Temos de fazer uma política de médio e longo prazo de incentivo ao transporte público”, diz o superintendente de Desenvolvimento Urbano e Trânsito da Secretaria de Estado das Cidades, Antenor Pinheiro.
“É preciso desenvolver política de migração do uso do transporte individual para o coletivo mas, para isso, é preciso garantir a velocidade dos ônibus”, diz Pinheiro. Dados da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC) - consórcio das empresas que operam o sistema na capital - indicam que a média de velocidade às 18 horas na Praça Cívica é 6,4 quilômetros por hora (km/h). Por ali passará, quando pronto, o BRT. A média ideal de velocidade é estimada entre 18 km/h e 22 km/h.
“É preciso dificultar o trânsito de carros”
O superintendente de Desenvolvimento Urbano e Trânsito da Secretaria de Estado das Cidades, Antenor Pinheiro, afirma que uma das soluções para o trânsito é dificultar o tráfego de automóveis. “O gestor moderno é aquele que, ao mesmo tempo em que facilita o transporte público, dificulta o trânsito de automóveis.” Para ele, “as pessoas precisam começar a perceber que é mais fácil andar de ônibus do que de carro”.
Especialistas dizem que o cidadão só estará disposto a trocar o carro pelo transporte público quando ele perceber que é mais vantajoso. “Falar para a população usar transporte só funciona quando ela percebe que isso é melhor: não tem estacionamento, carro tem custo menor, é mais rápido”, lista o diretor técnico do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), Horácio Melo.
Os estudiosos dizem que a construção de viadutos e abertura de vias não são solução para o trânsito. “O modelo de automóveis fracassou em qualquer lugar do mundo. São Paulo é exemplo disso: tem diversos viadutos e quilômetros de congestionamento em cima e embaixo deles”, afirma Horácio Melo.
Pinheiro diz que atualmente “a infraestrutura ainda está muito aquém do desejado”. Ainda assim, “não adianta fazer viaduto, abrir via, cortar calçada, porque isso é estimular o uso do transporte individual e a solução é o transporte público”, diz.
Professor universitário doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo, Benjamin Jorge Rodrigues dos Santos afirma que hoje gasta-se pelo menos duas vezes mais tempo para se fazer um trajeto de ônibus do que de carro. Ele acredita que a solução para Goiânia é a construção do metrô. “A demanda de Goiânia já é para metrô de superfície ou subterrâneo. Veículo Leve sobre Tilhos (VLT) também tem limitação”, diz.
O estudioso sugere a elaboração de um plano diretor integrado de trânsito e transporte. O que tem hoje não é integrado: “Fala-se muito atualmente em mobilidade urbana, mas defendo um plano integrado de trânsito e transporte para os próximos 15 anos.”
Fonte: O Popular