Aos 2 anos, citybus dá prejuízo

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O citybus, transporte feito em micro-ônibus com ar-condicionado voltado para um público de melhor poder aquisitivo, completou dois anos de criação em Goiânia no mês passado e ainda dá prejuízo. Segundo o Consórcio Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), mensalmente 145 mil pessoas são transportadas nos 65 veículos da frota, distribuídos por 10 linhas, mas, para dar lucro, esse número deveria chegar a 200 mil usuários por mês. Para reverter essa situação, o sistema deve passar por ajustes nos próximos dias.

O POPULAR apurou que a tendência é de redução no preço da passagem do citybus, para um valor intermediário entre o que é cobrado hoje e a tarifa dos ônibus do transporte coletivo. A tarifa do citybus não foi afetada pelo aumento de 11% na do transporte convencional. Para pagamento em dinheiro, ela continua custando 3 reais, mas apenas para pagamento em moedas. Há outras opções, como o bilhete de um dia e o sitpass (veja quadro nesta página) .

O Consórcio RMTC não revela os valores do prejuízo com o serviço - apenas adianta que eles são "muito altos" -, mas deixa clara sua intenção de que ele continue existindo. "Esse serviço traz qualidade para a cidade e já tem seu público, por isso defendemos que ele precisa ser viabilizado", afirmou ao POPULAR o diretor do Consórcio RMTC, Leomar Avelino. Ele acredita que a questão da tarifa do citybus será definida até o fim desta semana.

Nos horários de pico, garante Avelino, a maioria das linhas circula com os veículos lotados ou perto da lotação. "A grande deficiência é das 8 às 16 horas", explica. Segundo ele, há cerca de seis meses o número médio de passageiros do citybus se mantém estável. Para que o serviço se pague, diz, seria necessário acrescentar 2 mil usuários por dia. Considerando que cada micro-ônibus realiza 15 viagens, precisaria angariar três novos usuários por viagem em cada linha. Parece pouco, mas não é.

Avelino reconhece que o serviço foi criado para atender ao público das classes A e B que, indicavam as pesquisas realizadas à época, se disporia a deixar o carro em casa para usar um transporte com itens de qualidade como ar-condicionado, não transportar passageiros em pé, ter acesso a internet sem fio e contar com linhas convidativas. Ocorre que o público do citybus é basicamente formado pela classe C e estudantes.

Adequação
A primeira adequação foi feita em julho de 2009, três meses depois da criação do serviço, quando as operadoras perceberam que ninguém iria deixar o carro em casa para usar o transporte público. "As linhas iniciais eram para as classes A e B, por isso fizemos as primeiras mudanças. Agora, deveremos fazer outras, não vamos jogar a toalha", assegura Avelino.

A diretora técnica da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Áurea Pitaluga, também defende que seja feita uma reavaliação do serviço. "Ele ainda não é viável economicamente, mas também não impacta no serviço convencional e já tem seus próprios usuários", justifica.

A doméstica Lucimar Virgínia de Oliveira diz que só não usa mais o citybus por causa do preço. "Demora um pouco a passar, mas é bem mais confortável", diz. Para ela, o fato de só pagar tarifa promocional em moedas é um problema. "Deveriam aceitar cédulas". O estudante Marco Antônio Alves dos Santos, de 18 anos, diz que usa o citybus para ir ao shopping. "O serviço é bom, embora demore um pouco a passar". Já o representante comercial Manoel Aires Neto conta que deixou de usar. "No início, achei que daria certo, mas não mudou nada".

Fonte: O Popular