Com o aumento da passagem, custo de vida fica 1% mais caro

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O custo de vida das famílias das classes C e D de Goiânia deve ficar mais caro em até 1% por conta do reajuste da passagem de transporte coletivo para R$ 2,50. A previsão é da Superintendência de Estatísticas, Pesquisa e Informações Socioeconômicas, responsável pelo cálculo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - o índice de inflação que afere a variação de preços entre famílias que ganham de um a cinco salários mínimos.

O transporte é um dos itens que mais contribuem para a pressão inflacionária entre as famílias de baixa renda. Isso porque seus integrantes são, justamente, os que mais dependem do transporte coletivo. Para as famílias de maior poder aquisitivo, porém, a inflação é maior quando há aumento de combustíveis, que compõem o custo do transporte individual ou unitário.

O gerente de Indicadores Econômicos e Sociais da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan), Marcelo Eurico de Sousa, afirma que o transporte pode corresponder, sozinho, a 17% da composição total da inflação em maio. Normalmente, sua parcela é de 15% do índice global. "Na prática, caso a inflação chegue a 1% neste mês, 17% é de responsabilidade do transporte", diz.

"O índice inflacionário de maio será composto pela altas do combustíveis e do vestuários, com a chegada do inverno, mais essa alteração da tarifa de transporte. Isso tudo vai pesar no bolso do goianiense neste mês. Por isso, podemos esperar um índice próximo de 1%", antecipa Marcelo.

A alta da tarifa de ônibus, somadas aos sucessivos reajustes do combustível, podem dar a Goiânia um recorde inflacionário em 2011. A capital fechou o primeiro quadrimestre com acumulado de 2,78%. Caso se confirme a inflação de 1% em maio, em apenas cinco meses o acumulado já será de 3,78% - 75% do índice registrado em todo o ano de 2010.

Acumulado

Do último aumento da tarifa de transporte coletivo, em abril de 2009, até hoje, a inflação acumulada em Goiânia é de 14,20%, conforme dados do IPC. "Alegar aumento de 11% pela inflação procede", confirma Marcelo. Mas pelo preço do diesel, a tarifa deveria cair pelo menos 2%.

O preço médio do combustível sofreu retração de 2009 para cá. O litro custava há dois anos R$ 2,04. Em 2010, sofreu a primeira queda e chegou a custar R$ 1,93. "Nesse ano, o diesel recuperou preço e passou a ser vendido, em média, a R$ 2,00. Se compararmos com 2009, a queda é de 2%", destaca.

Fonte: O Popular


Especialista aponta gargalos no sistema de transporte coletivo

Um ex-integrante da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) ouvido pela reportagem afirmou que, enquanto não há corredores exclusivos, o principal gargalo do transporte coletivo de Goiânia está na operação do sistema. O Centro de Controle Operacional (CCO) monitora via computador, GPS e rádio os ônibus da frota desde 2009. O objetivo é cumprir as rotas com precisão e permitir ao usuário planejar sua agenda.

Mas, segundo o engenheiro, que pediu sigilo da identidade, existe a prática, por parte dos operadores, de esperar que ônibus fiquem lotados para cumprir rotas e reduzir custos para as empresas. Ele disse que a fiscalização da CMTC é "fantasiosa" quanto ao cumprimento de planilhas e que a CDTC sempre delibera sobre renovação de concessões e aumento de tarifas, mas jamais sobre as operações.

"Os fiscais não autuam, não há multas por atrasos. Há redução da frota com o argumento de reduzir custos e baixar as tarifas. Mas isso só reduz custos para eles mesmos. Porque, para o usuário, isso significa atrasos constantes e superlotação", revelou.

Ele disse que terminais onde havia nove ônibus que atendiam três bairros passaram a operar com seis veículos. Para ajustar as planilhas, os operadores atrasam saídas, quando justamente há mais usuários à espera, o que gera superlotação. A prática é conhecida como "planilhão". "Nosso sistema de monitoramento é de primeiro mundo, só que as planilhas não são cumpridas. Deveriam colocar mais ônibus para reduzir intervalos de espera", denuncia.

O diretor de Fiscalização da CMTC, Eduardo Cruvinel, admite a prática mas diz tratar-se de uma medida para reduzir custos para o usuário. "Isso não beneficia as empresas, porque ao invés de usar dez carros (ônibus), usam oito, e isso faz cair o cálculo tarifário. É uma medida em defesa do usuário", garantiu.

Eduardo disse que a prática é adotada desde os anos 90, que as planilhas são cumpridas rigorosamente e, apesar da economia da frota, a medida não gera excesso de passageiros. "Superlotação sempre vai existir, por causa da grande de demanda. O importante é a viagem programada ser feita", disse.

CMTC, CDTC e Setransp aferem os constantes atrasos e a superlotação ao trânsito de Goiânia, sempre congestionado, e à falta dos corredores exclusivos para os ônibus. "Corredor exclusivo já existe no Eixo Anhanguera e ainda assim há atrasos. Faltam ônibus", rebate o ex-integrante da CDTC.

Fonte: O Popular