Dois terços do lixo são restos de obras

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Volume de resíduos de construção civil e reformas é quase o dobro do lixo doméstico em Goiânia. Cerca de 60 mil toneladas são recolhidas por mês na capital, enquanto de lixo urbano doméstico são 32 mil toneladas. Com crescimento da construção civil, a quantidade real pode ser ainda maior, já que são coletados somente os resíduos abandonados em logradouros públicos. A destinação incorreta tem gerado sérias consequências para o meio ambiente, como o assoreamento de córregos e poluição do lençol freático.

No Centro-Oeste, foram produzidas 11.525 toneladas por dia de entulho em 2010, o que representa 0,9 kg por habitante. Em um ano, a produção desse resíduo aumentou em 4,8% na região e 8,7% a mais que em 2009 no País, segundo o panorama divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. A cada metro quadrado de obras são gerados, em média, 150 kg de resíduos.

Para construir uma casa de 250 metros quadrados, dez caçambas de resíduos são gerados. Nem todo resíduo da construção chega ao aterro sanitário, de acordo com a diretora de gestão ambiental da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Celma Alves dos Anjos. “Estimativa pelos dados do setor de construção civil é de três a quatro toneladas de entulho por dia em Goiânia”. Mas, segundo informou, o monitoramento da deposição correta desses resíduos não consegue acompanhar a quantidade crescente de obras.

Coleta
De acordo com resolução de 2004 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a responsabilidade pela coleta e destinação final desse tipo de resíduo é do gerador. Por isso, até dois metros cúbicos são recolhidos pela prefeitura, referente a pequenas obras. Acima dessa quantidade, é preciso a contratação de caçambas e empresas para fazer a coleta.

“O problema é que o pequeno gerador coloca acima da quantidade e põe aos poucos, fracionando a quantidade”, explica Celma Alves. A maioria desses resíduos é depositada clandestinamente e têm obstruído córregos e drenagens, o que contribui para enchentes e para a proliferação de mosquitos e outros vetores. Em Goiânia, em 2010, foram contabilizados 60 pontos de destinação irregular .

Na última semana, a Amma identificou três locais novos que são utilizados pela população para descartar esses resíduos. A prática é considerada crime ambiental. Em áreas particulares os proprietários são notificados ou autuados, em locais públicos o entulho é removido, prática que, se evitada, deixaria de gerar custos para os cofres públicos – gasto chega a R$ 500 mil por mês.

Destinação
Para evitar que resíduos fiquem espalhados, segundo o diretor de coleta da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Ailson Alves da Costa, a Comurg lançará ecopontos, ainda sem data divulgada.

Como informou Ailson Alves, essas áreas serão espalhadas em várias regiões da capital. Os ecopontos serão instalados em terrenos eleitos pelos moradores como local de descarte de entulho, por utilizarem irregularmente. O primeiro será no Setor Norte Ferroviário.

Depois de coletado, o entulho vai para áreas de descarga, licenciadas para receber esse material. Parte dele é utilizado para recuperar áreas degradadas. O entulho tem papel de conter erosões e fazer uma recuperação ambiental nesses locais. (Katherine Alexandria, estagiária da UFG)

Fonte: Jornal o Hoje