Coletivos precisam ser pontuais, diz especialista

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Pa­ra o téc­ni­co Ar­lin­do Fer­nan­des, es­tu­di­o­so em de­sen­vol­vi­men­to sus­ten­tá­vel das ci­da­des, a pri­o­ri­da­de do tran­spor­te pú­bli­co é a re­gu­la­ri­da­de. “Is­so é es­sen­cial, sem re­gu­la­ri­da­de o usu­á­rio não sa­be se o ôni­bus já pas­sou ou ain­da vai pas­sar.” Ele acre­di­ta que es­se pon­to ne­ga­ti­vo faz di­mi­nu­ir a con­fi­a­bi­li­da­de da po­pu­la­ção com re­la­ção aos ôni­bus. De­fen­de tam­bém que a re­de de tran­spor­te pú­bli­co não é só ser­vi­ço co­mo tam­bém es­tru­tu­ra. “Os in­ves­ti­men­tos no tran­spor­te co­le­ti­vo de­vem ser fei­tos pa­ra aten­der de­man­das ca­da vez mais cres­cen­tes.”

Ar­lin­do apre­sen­tou on­tem o pro­je­to “Ne­ces­si­da­de e De­sa­fi­os da Mo­bi­li­da­de Ur­ba­na na Re­gi­ão Me­tro­po­li­ta­na de Go­i­â­nia”. O es­tu­do, que apre­sen­ta da­dos com ba­se em es­ta­tís­ti­cas da Re­de Me­tro­po­li­ta­na de Tran­spor­te Co­le­ti­vo (RMTC) e Com­pa­nhia Me­tro­po­li­ta­na de Tran­spor­te Co­le­ti­vo (CMTC), foi di­vul­ga­do no au­di­tó­rio da As­so­cia­ção das Em­pre­sas do Mer­ca­do Imo­bi­liá­rio de Go­i­ás (Ade­mi), no 5° Fó­rum de Mo­bi­li­da­de Ur­ba­na da Re­gi­ão Me­tro­po­li­ta­na de Go­i­â­nia. Es­ti­ve­ram pre­sen­tes ao even­to o pre­fei­to Pau­lo Gar­cia e ou­tras au­to­ri­da­des do tran­spor­te. Na oca­si­ão tam­bém foi dis­cu­ti­do os pro­je­tos re­fe­ren­tes aos Ei­xos Nor­te-Sul, Les­te-Oes­te e os cor­re­do­res ar­te­ria­is, que pa­ra eles de­vem au­xi­li­ar na mo­bi­li­da­de do trân­si­to de Go­i­â­nia. Os ei­xos vão pro­por­ci­o­nar mais ve­lo­ci­da­de do tran­spor­te e be­ne­fi­ci­ar os usu­á­rios.

Re­cur­sos

É o ca­so da mo­ra­do­ra de Se­na­dor Ca­ne­do Már­cia Ra­mos Sou­sa, 44 anos, que re­vol­ta­da com as con­di­ções do tran­spor­te pú­bli­co de Go­i­â­nia dis­pa­rou que “só an­da de ôni­bus por­que não te­nho di­nhei­ro pa­ra com­prar um ve­í­cu­lo.” Ela pre­ci­sa es­tar na ca­pi­tal às 7 ho­ras, por is­so acor­da às 4 ho­ras da ma­nhã. “Nun­ca tem um ho­rá­rio fi­xo pa­ra pe­gar o ôni­bus, mas pos­so afir­mar que não é me­nos de 20 mi­nu­tos.” Ela re­cla­ma que a si­tu­a­ção sem­pre foi a mes­ma e já per­deu as es­pe­ran­ças de me­lho­ri­as. A es­tu­dan­te Re­na­ta Ave­lar de Sou­sa, 14, dis­se que pa­ga pe­lo tran­spor­te pú­bli­co por não ter al­ter­na­ti­va. “É mais fá­cil e ba­ra­to.” Re­na­ta re­cla­ma prin­ci­pal­men­te do ex­ces­so de pas­sa­gei­ros e do nú­me­ro de ôni­bus pa­ra ca­da li­nha.

Fonte: O Hoje

É preciso ampliar uso coletivo', diz presidente da CMTC

Presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), o engenheiro civil José Carlos Xavier Grafite avalia que o principal indicativo da pesquisa sobre mobilidade urbana realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) é para a ampliação do uso do transporte coletivo e dos meios não motorizados (a pé e bicicleta) nos deslocamentos. Grafite reconhece que as políticas públicas na maioria das cidades são voltadas para o transporte individual, como a construção de viadutos, mas diz que isso tem de mudar.

Por que o motorista do carro tem uma percepção maior dos congestionamentos do que os demais?

Vejo que a moto é colocada hoje como um veículo com melhor desenvoltura, com uso em larga escala para frente e para transporte de passageiros. Mas a observação é que toda a desenvoltura da moto em relação a outros veículos é com infrações de trânsito. Se ela obedecesse as mesmas regras dos demais, não seria competitiva. Chama a atenção a baixa percepção dos usuários do transporte coletivo sobre congestionamentos, porque os ônibus não têm espaço próprio e têm perdido a velocidade. Em Goiânia, nos 105 quilômetros de vias arteriais, a velocidade cai até a 15 quilômetros por hora em horários de pico, baixíssima.

O que falta para melhorar?

É preciso haver mais espaço para os ônibus, porque eles transportam mais pessoas.

O que o senhor diz sobre os índices de satisfação?

Toda política pública desenvolvida hoje nas grandes cidades é voltada para o transporte individual: viadutos, túneis, tudo é feito para o automóvel. É natural que esse usuário sinta-se mais contemplado. Outro aspecto é que as pessoas que não andam de ônibus têm uma visão mais crítica do transporte coletivo do que os usuários. Apesar dos problemas, mais de 40% consideram o transporte público razoável.

O que é preciso fazer para melhorar a segurança, outro item avaliado?

Nossos sistemas precisam de melhor iluminação, nas vias e nas paradas de ônibus. Felizmente, ao contrário de outras capitais, em Goiânia não são frequentes os assaltos a ônibus do transporte coletivo. Percebe-se também que o automóvel é o casulo, em que a pessoa tem a sensação de que vai se livrar do perigo.

A pesquisa também mostra que 60% usam o transporte coletivo para se deslocarem.

O Rio de Janeiro é a cidade com maior participação de usuários nessa modalidade. Em Goiânia, cerca de 50% dos deslocamentos são feitos no transporte público. É preciso aumentar a participação do transporte público e de meios não motorizados.

Como fazer isso?

Criando corredores, dando tratamento especial ao transporte coletivo, requalificando linhas como a Anhanguera.

Fonte: O Popular