Romaria de pacientes em Goiânia

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Lyniker Passos

A maioria dos pacientes atendidos nos hospitais públicos de Goiânia é proveniente de municípios do interior de Goiás e até mesmo de outros Estados. A situação complica os problemas de saúde na capital, onde a população enfrenta diariamente falta de vagas para internação em leitos normais e Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Conseguir consulta nos hospitais municipais ou estaduais também não é tarefa fácil. Tudo porque a atual estrutura foi feita para atender a demanda apenas de goianienses.

De acordo com dados repassados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) – órgão responsável pelo controle de transferências de pacientes, tanto para hospitais municipais quanto estaduais – 98% dos municípios goianos realizam transferência para Goiânia. Além da população do interior, doentes de outros Estados também são recebidos na capital.

Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Recife, Pernambuco, Maranhão, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. São 18 unidades federativas do País que realizam a transferência por não ter estrutura e profissionais da área da saúde capacitados para atender a demanda.

De janeiro a julho deste ano, 732 pessoas de diferentes regiões do País receberam atendimento médico em Goiás. Com esses tratamentos que variam entre consultas, exames e cirurgias, o Estado e o município gastaram R$ 2,289 milhões. Boa parte desse dinheiro é referente a programas nacionais, mas outra é do governo local que, não é ressarcido por meio do programa de pactuação.

Na teoria existe o acordo financeiro com os outros Estados. Mas na maioria das vezes Goiás é a federação que fica no prejuízo. A saúde consome 23% da receita municipal, sendo que o recomendado é 15%. Mais do que problema financeiro, as constantes transferências também prejudicam a questão de vagas de leitos hospitalares.

Universalização
O secretário municipal de Saúde, Elias Rassi, garante que 55% dos atendimentos são voltados para pacientes que não são de Goiânia. Ele avalia que “financeiramente a situação é negativa.” Porém, defende o atendimento geral. “Não temos a política de recusar pacientes. Seguimos o conceito de universalização e a integralidade de um serviço”, disse, referindo-se ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O secretário ainda defende que o problema está na falta de recursos da saúde pública e da indústria inflacionária da área, que apresenta custos crescentes de insumos médicos. “O problema não está nos pacientes que necessitam com urgência de tratamento adequado.”

Elias explica que, em geral, as pessoas de outros Estados são submetidas a cirurgias cardiológicas e neurológicas. São pacientes graves que esperaram muito para chegar até o tratamento necessário. Ele ainda justifica que existe oferta de serviço menor, principalmente na região Norte. “Goiânia de certa maneira é o centro do Brasil. Foi criada devido a sua localidade, não só pela saúde, como também pela economia.”

Para Rassi, a capital é a cidade do Brasil que mais possui diversidade no atendimento de pacientes de outros Estados. “São de origens mais diversas, engloba prin­cipalmente Tocantins, Piauí e Maranhão. Alguns Estados mantêm até transporte organizado, com linhas regulares de ônibus a cada três dias para Goiânia.”

Fonte: Jornal O Hoje