O que virá depois de um ano de percalços?

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Marina Dutra

O ano de 2011 pode ser definido como o período em que o governador Marconi Perillo (PSDB) mais enfrentou percalços em sua vida pública, após ter assumido pela terceira vez o comando do Estado. Faltando apenas dois meses para completar um ano de exercício do poder, o tucano ainda enfrenta dificuldades e vê reduzido o tempo para o compromisso de campanha: fazer “o melhor governo da vida dos goianos”.

É claro que ainda faltam três anos de governo para que Marconi consiga cumprir o compromisso e colocar Goiás em melhor posição no ranking dos Estados economicamente mais expressivos. Seu capital político ainda resiste, tendo em vista ter sido ele, nos dois primeiros governos, a elevar o PIB goiano de 17 bilhões para 51 bilhões. Porém, as duras medidas tomadas por ele em dez meses de gestão, em razão das contas herdadas pelo governo anterior, ainda têm ecoado de maneira negativa no julgamento de parte dos goianos. Basta fazer um retrospecto das principais ações realizadas pelo governo estadual em 2011, como argumento de colocar “a casa em ordem”.

Logo no terceiro mês de governo, Marconi causou a revolta e indignação dos donos de veículos em Goiás, por causa da redução dos subsídios dos combustíveis, fator que causou aumento dos preços na bomba, embora seu propósito tenha sido justificado: reforçar o caixa em R$ 8 milhões mensais e conseguir recuperar a malha viária estadual.

No serviço público, o governador enfrentou a resistência dos funcionários do Vapt Vupt que protestaram contra a decisão do governo de ampliar para 8 horas a jornada de trabalho dos servidores; a ira dos concursados aprovados que não eram nomeados; a exoneração de funcionários públicos que sempre apoiaram o tucano, para abrigar no lugar os indicados pela cota individual dos deputados da base aliada; além da indignação e do protesto dos servidores estaduais quanto ao reajuste salarial, neste ano fixado em apenas 1,6%.

Na saúde, a limitação da quantidade de consultas e o reajuste dos valores para os usuários do Ipasgo, o alto número de profissionais que pediram descredenciamento do instituto e o déficit mensal de cerca de R$ 4 milhões, só serviu também para desgastar a imagem do governo. Na educação, Marconi ainda enfrenta os protestos de professores, que reivindicam o pagamento do piso nacional. Com o Judiciário, o tucano travou uma longa batalha com o Tribunal de Justiça para conseguir parte dos recursos do Fundo Especial de Reaparelhamento e Modernização do Sistema de Justiça do Estado de Goiás (Fundesp).

Na segurança pública, a paralisação dos policiais civis das cidades do Entorno – região que registra os maiores índices de violência do Estado – por reposição salarial e a superlotação de cadeias e presídios, colocam também em evidência os obstáculos que o governo precisa ultrapassar.
Porém, todos estes percalços ainda não chegam à complexidade do problema quando o assunto é a crise financeira da Celg. Em julho, ao divulgar o balanços de 180 dias, Marconi não hesitou em destacar que o maior desafio do governo era ainda a recuperação da Celg, que acumula R$ 7 bilhões de dívidas. Após três meses, o desafio continua sendo o mesmo. Apesar das inúmeras reuniões e audiências com ministros e outros integrantes do governo federal em Brasília, a questão Celg ainda é um delicado tema em pauta.

O governador tem consciência de que tomou medidas impopulares durante o ano, mas, como ele mesmo reafirmou esta semana, foram ações “absolutamente necessárias para o equilíbrio fiscal e financeiro do governo estadual”.

Fonte: Jornal o Hoje