Municípios da Região Metropolitana se mantêm pobres

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Apenas quatro cidades do Entorno estão entre os 25 municípios com maior PIB no Estado.

Dos 19 municípios circunvizinhos e que fazem parte da Região Metropolitana de Goiânia apenas 4 - Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Trindade e Inhumas - estão no ranking dos 25 com o maior Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás. Isso significa que a proximidade com a maior cidade do Estado não representa, necessariamente, para esses municípios mais agregação de riquezas.

Ao contrário, a maioria dos municípios próximos de capitais, principalmente nos países menos desenvolvidos, se tornam cidades-dormitório. Segundo o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), economista Jefferson Vieira, o que segura a população numa cidade é o emprego.

Ele observa que muitos municípios goianos, como Senador Canedo e Aparecida de Goiânia, registram crescimento econômico, ano após ano, com a instalação de indústrias e ampliação do comércio e de prestação de serviços. Mas, por outro lado, a população está aumentando num ritmo mais acelerado, até pela proximidade de Goiânia.

Aparecida de Goiânia, por exemplo, na última década teve sua população aumentada em mais de 100 mil pessoas. Goianira praticamente dobrou o número de moradores. Os moradores dessas cidades e de outras que ficam na vizinhança desfrutam de melhor qualidade de vida e menor custo de vida.

Contam, ainda, com certas facilidades para se deslocarem para trabalhar na capital, voltando à noite para suas casas. Afinal de contas, a maior parte desses municípios (principalmente os mais próximos) estão integrados à Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC), sendo o serviço integrado e a passagem, única. No entanto, o serviço não vem sendo considerado satisfatório pela população, já que a ampliação da rede não correspondeu ao aumento da demanda. Nos últimos meses, têm ocorrido manifestações em algumas cidades cobrando melhoria no atendimento do transporte coletivo.

Um quarto
A gerente de Contas Regionais e Indicadores da Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado (Segplan), Dinamar Maria Ferreira Marques, responsável pela elaboração do PIB goiano, cita que apenas Goiânia gera quase 26%, ou R$ 19,46 bilhões, do Produto Interno Bruto, que foi de R$ 75,274 bilhões em 2008, o último dado oficial.

"Onde tem emprego, tem renda. Tem melhor prestação de serviços nas áreas do comércio, de saúde, de educação, de lazer e maior concentração de indústrias. Isso atrai mais pessoas para trabalhar, embora nem sempre para morar", cita Dinamar Marques.

Base
De acordo com dados da Segplan-GO, Aparecida de Goiânia é a cidade que tem a segunda maior população do Estado, com 455.657 moradores, e gera o 3º maior PIB: R$ 3,873 bilhões. Sua riqueza é baseada em serviços/comércio (76,8%) e na indústria (23%). Os pontos fortes da atividade econômica são as indústrias de alimentação e bebidas, farmacêutica, gráfica e editoração, metalurgia e artefatos de cimento. Serviços e comércio estão calcados na atividade de serviços de limpeza, na distribuição de mercadorias, na administração de imóveis e no comércio.

Senador Canedo tem sua economia baseada no polo de distribuição de combustíveis, mas vem se destacando o segmento industrial nas áreas de alimentação e cosméticos. O município tem um PIB da ordem de R$ 2,304 bilhões e uma das renda per capita mais alta do Estado, de R$ 30.599,00, mais do que o dobro da média estadual, de R$ 12.879,00. "A população do município é pequena, de 84.443, para uma renda somada grande, em função da distribuição de combustíveis", esclarece a gerente de Contas da Segplan-GO.

A economia de Trindade também tem crescido acima da média estadual. O PIB municipal chegou a R$ 644,772 milhões em 2008. O turismo religioso, somado à indústria de confecção, de artigos religiosos, às indústrias de bebidas (Coca-Cola e Imperial) e ao comércio de produtos em geral tem garantido empregos e renda à população, embora não em número suficiente para evitar que muitas pessoas trabalhem na capital.

Goianira, Teresópolis de Goiás, Nova Veneza, Aragoiânia e Guapó não contam com uma estrutura econômica forte no comércio, na indústria nem na agropecuária. Por isso, seus moradores buscam empregos em Goiânia. Esses municípios, segundo o economista Jefferson Vieira, se tornaram cidades-dormitório, com poucas atividades econômicas.

Já Bela Vista, Hidrolândia, Guapó e Inhumas apresentam "vida econômica" própria. Bela Vista abriga uma grande bacia leiteira e o maior laticínio do Estado. Em função da abundância de água, Hidrolândia está se tornando num grande polo de chácaras onde a população de melhor renda da capital vai desfrutar de lazer nos fins de semana.

Fonte: Jornal O Popular