Licitação impede vinda de lixo

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Lyniker Passos

O local onde será depositado os rejeitos radioativos provenientes da usina de Angra 3 – que iniciará seu funcionamento no ano 2018 – poderá ser escolhido por meio de licitação pública. A notícia divulgada pelo Conselho Nacional de Energia Nuclear (Cnen) exclui, inicialmente, a possibilidade de o lixo ser transferido para a cidade de Abadia de Goiás, local onde está depositado os dejetos do acidente do césio 137, que aconteceu há 23 anos em Goiânia.

Os municípios interessados em receber o lixo radiológico poderão se candidatar para receber as medidas compensatórias que serão ofertadas em edital. O coordenador do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-GO), ligado à Cnen, Leonardo Bastos, disse que provavelmente a decisão será feita por meio de licitação pública. Ele acredita que o processo licitatório contribuirá para a transparência da escolha do local que abrigará o depósito definitivo.

A administração pública e algumas organizações sociais de Goiás já declararam contra o recebimento do lixo da usina nuclear do Rio de Janeiro. Fato que, segundo Leonardo, inviabiliza a possibilidade da cidade goiana abrigar os resíduos. O estudo final que decidirá se de fato haverá licitação ainda está em fase de conclusão por parte dos técnicos da Cnen e será divulgado em 2012. Leonardo explica que houve algumas mudanças internas no órgão que possivelmente atrasaram as análises.

O secretário da Indústria, Comércio e Meio Ambiente de Abadia de Goiás, Divino Alves dos Santos, disse que o município trabalha ao máximo para impedir a ampliação do depósito do césio 137, que está no Parque Estadual Telma Ortegal, em Abadia. “Se depender da prefeitura, a cidade não recebe o lixo radiológico. Mas tudo é possível, ainda não podemos garantir nada.”

A notícia da possibilidade de Abadia de Goiás receber o lixo atômico foi divulgada em Goiás em primeira mão pelo O HOJE. Diante disso, em junho, a Câmara dos Deputados, em Brasília, realizou audiência pública com autoridades responsáveis pela energia nuclear do Brasil, para debaterem a possibilidade da transferência dos resíduos. Na ocasião, ficou decidido que a população local seria consultada antes da decisão.

Além disso, foi cogitada a possibilidade da criação de uma comissão reguladora que fiscalizaria o Cnen e auxiliaria na definição da cidade que receberá o depósito definitivo. Devido à oposição dos representantes políticos de Goiás e Rio de Janeiro, também foi levantada a hipótese de nenhum município se interessar pelo lixo. Caso isso aconteça o destino será decidido pela Cnen. Na ocasião, o presidente do órgão, Odair Dias Gonçalves, disse que o lixo nuclear poderia ser transferido para qualquer lugar do Brasil.

Fonte: Jornal o Hoje