25 mil vagas de empregos sobram em Goiânia
Levantamento realizado pelo POPULAR nas principais agências de emprego, órgãos do governo e escolas de capacitação de Goiás mostra que a falta de profissionais com média qualificação já incomoda o mercado goiano. Estão sobrando cerca de 25 mil vagas, à espera de profissionais como balconistas, pedreiros, vendedor e técnicos de automação industrial.
O processo é novo. O que se conhecia até então era a escassez de profissionais com mão de obra qualificada, como engenheiros, especialistas em sistema de informação, médicos. O apagão, porém, extrapolou as fronteiras e para atingir setores antes poupados pelo problema.
Segundo especialistas, o fenômeno é reflexo da expansão da economia nos últimos anos. A diretora da unidade de Recursos Humanos do Grupo Empreza, Maria Rita Moraes, diz que as médias e pequenas empresas estão buscando cada vez mais dinamizar à sua gestão empresarial. "Isso requer mais profissionais de um mercado que não consegue atender a demanda", enfatiza.
Por outro lado, o crescimento da economia é apontado como fator decisivo para a necessidade crescente de profissionais de média qualificação. O economista Carlos da Silveira afirma que as empresas, num momento de boom econômico, procuram expandir suas atividades, como forma de investimento. "Afinal, há crédito e confiança. E toda expansão passa pelo recursos humanos", afirma.
A empresária Neida Graça Batista, proprietária da panificadora Super Pão, no Setor Bueno, faz coro aos outros empresários brasileiros na reclamação da falta desse tipo de mão de obra. "Não se consegue trabalhador qualificado para nenhum cargo", lamenta. Segunda ela, a ocupação de balconista virou "bico" para as pessoas. "Ninguém quer seguir carreira e aqueles que atuam na área não têm compromisso com o emprego nem com a empresa", lamenta.
Neida Graça conta que tem sempre de treinar as pessoas para trabalharem como balconista, auxiliar de panificação e em outras áreas. "Isso demanda tempo, custos financeiros e até riscos de perda de produtos", relata. Atualmente, a panificadora tem quatro vagas em aberto, das quais três para balconistas e uma para ajudante de padeiro. "Não consigo encontrar trabalhadores", reclama.
Os balconistas, por sua vez, já começam a fazer a mesma leitura. A iniciante Nayara Francielly, de 18 anos, diz que não teve dificuldade em conseguir o primeiro emprego. "Eu tinha medo de não conseguir um emprego por ser inexperiente. Mas parecem que todos estão precisando. Então, a a empresa resolveu me oferecer um curso de treinamento e me contratar com um salário maior do que eu imaginava", conta a balconista recém-contratada.
De babás a pedreiros
O superintendente estadual do Trabalho, Leonardo José Arantes, diz que o Serviço Nacional de Emprego(Sine) tem hoje 5.069 vagas oferecidas aos trabalhadores em qualquer uma das 44 unidades de atendimento espalhadas pelo Estado. Alguns se arrastam por semanas, mas não conseguem êxito no preenchimento. São vagas desde babás a pedreiros, sem "grandes exigências".
Entre os principais problemas detectados para que os candidatos preencham as vagas estão o descontentamento com o salário oferecido pelo empregador e os endereços incompatíveis entre a residência do trabalhador e o local de emprego. "A relação parece começar a sofrer alterações com as novas. Uma possível explicação seria a oferta", diz Leonardo Arantes.
Apenas no primeiro semestre desse ano, segundo dados divulgados na terça-feira pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram gerados 75,6 mil postos de trabalho.
O superintendente do Sine ressalta, porém, que a rotatividade de vagas no órgão é bastante considerável, sendo que apenas nesse mês de julho entraram no sistema 6.997 novas vagas e 1.885 foram ocupadas, sendo que desde o começo deste ano, até a presente data, foram 23.428 colocações no mercado de trabalho.
Fonte: Jornal O Popular