Primeiro dia de pista interditada

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A calmaria tomou o saguão do Aeroporto Santa Genoveva a partir das 21h15 de ontem quando todos os voos foram interrompidos.

O saguão do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, comumente apinhado de pessoas, entre passageiros, funcionários e acompanhantes, esteve vazio ao fim da noite de ontem. A ausência de pessoas marcou o início da preparação para obras, que tem o objetivo de reestruturar a pista de pousos e decolagens. A suspensão diária das operações aéreas na pista está prevista, em contrato, para ocorrer em 120 dias. Contudo, a assessoria da Empresa Brasileira de Infraestrutura Portuária (Infraero), administradora do aeroporto desde 1974, informou que o objetivo é reduzir o tempo de paralisação para 90 dias, no período compreendido entre 21h10 e 7h10, iniciado ontem.

Às 21h15, o voo 9150, da Azul Linhas Aéreas Brasileiras SA, partiu em direção a Palmas-TO, decretando o fechamento das atividades. No saguão, apenas funcionários e um grupo de cariocas que aguardava a van que lhes buscaria, além de uma garotinha que brincava com o pai, com todo o espaço vazio para diversão. O clima aparentemente calmo contrasta com as críticas de quem, havia pouco, chegava a Goiânia.

O gestor em segurança Renan Nunes Mendes, de 29 anos, declarou ao HOJE que por pouco não perdeu o voo que lhe trouxe de Uberlândia-MG, que foi antecipado de última hora. Conforme suas palavras, “a empresa não avisou da alteração, meu voo estava marcado para decolar às 21 horas e chegaria aqui às 23h30”. Ele também não sabia que no retorno à cidade mineira teria problemas com a passagem, uma vez que esperava embarcar, na data da volta, às 6h50.
No outro extremo do aeroporto, já nos minutos que se aproximavam para o fechamento da pista, o consultor de campo Alan Fontes, de 26 anos, estava prestes a partir para São Paulo. Ele afirmou que não foi afetado pela alteração, entretanto confessou que, por se deslocar a Goiânia uma vez a cada dois meses, para manter a rotina do trabalho, prefere justamente os voos compreendidos no período de suspensão das atividades na pista. Assim “os custos de diária tornam a viagem onerosa”, restringindo as visitas à capital goiana.

O impacto da obra, segundo Darlene Araújo, superintendente do Procon de Goiás, deve afetar cerca de 46.489 passageiros, devido às remarcações e reembolsos de passagens. Conforme dados da Infraero, dez voos regulares, de partida – sete cancelamentos e três readequações no horário –, e outros dez voos de chegada também sofreram impacto em decorrência das pista em obras.

Os taxistas que ocupam a faixa que dá acesso à entrada do aeroporto formam outro grupo atingido pelas alterações. Taxista há sete anos no Santa Genoveva, Jacqueline Bertolucci informa que cerca de 30% do serviço prestado pelo grupo será afetado pela paralisação noturna. Contudo, apesar das ressalvas sobre os transtornos da obra, ela considerou que a realização é necessária. Jacqueline aponta para o problema estrutural de acomodação do aeroporto. “O prazo de reforma da pista deveria ser aproveitado para promover alterações essenciais em toda a estrutura, desde as vias de acesso até a pista de pousos e decolagens.” A crítica da taxista também é dirigida para problemas de comunicação entre os grupos que utilizam e que operam o aeroporto, segundo ela, os taxistas não foram consultados sobre impactos da obra.

O guichê da Infraero destinado à informação esteve vazio desde antes do fechamento das pistas, contudo, mensagens de aviso sonoro situavam os presentes sobre a interdição por 120 dias. Atendentes das companhias também não sabiam informar sobre cancelamentos e realocação de vôos.

Gastos
Estão previstos gastos de R$ 9,7 milhões para a troca de toda a cobertura asfáltica da pista, que abrange 2,5 mil metros de comprimento e 45 metros de largura.

O planejamento inclui também a aplicação de ranhuras, conhecidas como grooving, nas cabeceiras da pista, com o objetivo de aumentar a segurança nas operações aéreas. De ontem ao dia 6 próximo, serão realizadas apenas estudos topográficos da estrutura para promover a obra.

Fonte: Jornal O Hoje