Obra causa bate-boca no plenário
Djalma Araújo e Clécio Alves trocam acusações. Caso pode parar no Conselho de Ética da Casa.
A tensão entre o vereador Djalma Araújo (PT) e o presidente da Câmara de Goiânia, Clécio Alves (PMDB), deu o tom à curta sessão da Casa na manhã de ontem. As obras de expansão do grupo Hypermarcas, na Região Norte da capital, motivaram a discussão em plenário. O bate-boca foi parar na corregedoria e pode virar processo no Conselho de Ética, caso os vereadores entendam que houve quebra do decoro parlamentar.
Clécio, que presidia a sessão, dirigiu-se à tribuna para defender a empresa e os benefícios que a obra vai trazer para a cidade, como o desenvolvimento industrial e a geração de mais empregos, depois que Djalma entrou com requerimento pedindo a realização de audiência pública sobre projeto. O petista, que mora na região, é a favor da interrupção imediata do projeto. “O Plano Diretor não permite que construa naquela região, pois é um centro industrial muito grande, que vai gerar impactos imensos e não há estudos sobre essas consequências.”
Mas o peemedebista rebateu o colega e citou outra obra na região, também de grande impacto e que enfrenta contestações na Justiça.
“E o shopping Das Águas está certo? Estão construindo em cima de um córrego”, disse Clécio, citando a construção do Shopping Passeio das Águas, na Avenida Perimetral Norte. “Ele deveria tirar licença da Câmara e advogar para a empresa. Está agindo fora da lei, defendendo interesses obscuros”, acusou Djalma, que ainda disse que o colega seria um “vendido”. Para evitar que a tensão aumentasse ainda mais, a sessão foi encerrada e a discussão suspensa até a próxima semana. Nos bastidores, partidários de Djalma acusam Clécio de defender interesses particulares e econômicos sem se importar com o Plano Diretor. Os que ficam ao lado do presidente dizem que o petista não mede palavras ao acusar quem discorda de suas posições.
Paulinho Graus (PDT), que é vice-presidente e corregedor da Casa, pediu cópias das filmagens e da taquigrafia para apurar se foram feitas acusações indevidas, imputações de crimes, e se a forma como os vereadores se ofenderam é autorizada pelo regimento. Ainda não há prazo para a sindicância.
Expansão mobiliza região
A expansão da empresa Hypermarcas, que está em andamento desde o primeiro semestre de 2011, é realizada em um terreno de 60 mil metros quadrados e é contestada até mesmo no Ministério Público por não apresentar todas as licenças necessárias e afrontar o Plano Diretor para a Região Norte da capital.
O terreno situa-se nas imediações do Campus Samambaia, da Universidade Federal de Goiás (UFG). De acordo com relatório apresentado na Câmara pela Associação de Moradores Verdivale, a conclusão do empreendimento trará consequências “irreparáveis aos moradores”.
Ainda segundo o texto, outro agravante seria a proximidade com as instituições de ensino como o Colégio de Aplicação da UFG e a própria universidade, que estão situados a menos de 200 metros da construção. No início da semana a obra foi embargada pela Secretaria de Fiscalização da Prefeitura de Goiânia. A empresa tem dez dias úteis para responder a ação, caso contrário o local poderá ser lacrado.
Fonte: Jornal O Popular