Governo acha que esporte é só futebol e que futebol é só o do cartolas e enterra dinheiro no que não deve

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Investir em esporte é uma das melhores decisões de um governante. Com isso, ele cumpre o surrado, mas verdadeiro, clichê de que esporte é saúde. Combate as drogas, melhora o comportamento, auxilia no aprendizado da criança, ajuda a formar o jovem, aprimora o cidadão. Essas conquistas esbarram na dificuldade do administrador público de identificar o foco da gestão dos recursos. Em geral, político acha que esporte é só futebol e que futebol é só o praticado nos clubes profissionais. A confusão desrespeita níveis, vai da prefeitura à Presidência da República. A mais recente reunião de tropeços foi cometida pelo governador Marconi Perillo.

Na sexta-feira, 8 de março, Marconi oficializou a volta da troca de notas fiscais por entradas nos jogos do Campeonato Goiano de futebol profissional. Como besteira pouca é bobagem, o governador ampliou os equívocos anunciando a reconstrução do Estádio Olímpico com recursos do Tesouro estadual.

A permuta de ingressos vai consumir 15 milhões de reais, sendo 12 milhões e 500 mil diretamente com os ingressos, mais a publicidade do desvio.

O estádio pertence a um complexo batizado de Centro de Excelência, que de excelente tem apenas a sucessão de trapalhadas.

Os dois casos são antigos, atravessaram mandatos de governantes antagônicos. De novidade apenas a constatação de que os políticos não aprendem. A burrice está disponível na prateleira. A sabedoria se esconde no cérebro. O problema é que a jeguice dos governantes quem banca é o povo.

As obras no Centro de Excelência são tão nebulosas que ninguém determina quanto dinheiro público já absorveu nem quanto será necessário para terminá-lo. O escorregão do governador é tamanho que promete fazer com dinheiro estadual um elefante branco prometido com verbas federais apenas porque houve trapaça na licitação. Ou seja, corruptos foram pegos fraudando a concorrência e, em vez de os bandidos pagarem pelo crime, o povo goiano vai pagar pela obra.

Marconi Perillo está duplamente enganado.

Primeiro, o Estado de Goiás não pode torrar o suado imposto dos contribuintes enchendo cofre de cartola. É muito obscura a prestação de contas das diretorias dos clubes: eles recebem dinheiro de meio mundo, devem para a outra metade do planeta e ninguém sabe o que foi feito com o dinheiro.

Segundo, Goiânia não precisa de mais um estádio para a prática de futebol profissional. Todos os clubes têm centros de treinamento e praças de jogos dos campeonatos. O Estádio Serra Dourada é um ralo grande o bastante, engole milhões de reais do ICMS. O Olímpico pertence à história da Capital, não precisava ter sido demolido, mas já foi, não tem volta. Se vão mesmo aplicar verba pública no Centro de Excelência, que seja na formação de atletas, nos laboratórios, nas pistas. O futebol profissional é o que menos precisa de atenção. Além de desnecessário, um estádio é tudo de que o centro de Goiânia precisa para travar de vez o trânsito.

Ainda está em tempo de o governador desistir das duas tolices. Até porque quem paga pelas asnices é a população. E ela está longe das arquibancadas, trabalhando para lotar o bolso dos sacripantas.

Fonte: Portal 730