Concursos são anulados e têm novo cronograma
Governo decidiu pelo cancelamento de 7 provas e manteve UEG como realizadora dos novos certames.
O governo de Goiás decidiu ontem pela anulação das provas realizadas pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). A medida incluiu os concursos para: agente, delegado e escrivão da Polícia Civil; soldado, oficiais e cadetes da Polícia Militar; pesquisador do Instituto Mauro Borges e cargos técnicos e administrativos da Secretaria de Ciência e Tecnologia. O novo cronograma já foi divulgado e a UEG vai permanecer como realizadora do concurso. A decisão não foi bem recebida pelos concurseiros.
Em entrevista coletiva na tarde de ontem, o secretário de Gestão e Planejamento, Giuseppe Vecci; o secretário-chefe da Controladoria Geral do Estado, José Carlos Siqueira; o procurador-geral do Estado, Alexandre Tocantins; o reitor da Universidade Estadual de Goiás, Haroldo Reimer, e o chefe do Gabinete do governador, João Furtado, fizeram questão de ressaltar que não há fraude, apenas indícios de irregularidades.
“Não acreditamos em fraude e não vinculamos a irregularidade a uma falha da UEG. A Polícia Civil está investigando, o Ministério Público está investigando e a própria imprensa pode investigar. Há indícios de falhas suficientes para que o governo mantenha a anulação das provas, mas nossa confiança na universidade continua inabalável”, afirmou João Furtado.
O reitor da UEG, Haroldo Reimer, defendeu a instituição dizendo que a UEG já realizou, em sua história, 132 concursos com mais de um milhão de candidatos e nunca houve suspeitas de fraude. “Convocaremos uma nova banca que poderá contar com algum apoio externo à universidade, mas é preciso ressaltar que nossa comissão é formada por doutores, mestres, membros do Ministério Público, juízes e desembargadores. A UEG tem um padrão de segurança. Não houve fraude, houve uma falha singular no embaralhamento das questões”, justificou.
Vecci afirmou que o governo se preocupou com a segurança jurídica do processo e que, ainda que não haja certeza de uma fraude, a anulação é necessária. Isso porque, caso seja comprovada irregularidade os concursos podem ser anulados em fase mais avançada.
Reclamações
Na manhã de ontem, manifestantes do concurso de soldado da Polícia Militar protestaram na Praça Cívica durante solenidade de entrega de nova frota de veículos à Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater). De lá, se deslocaram para a entrada do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, onde permaneceram até o fim da tarde, quando saiu a decisão do governador.
Com a chuva e também com insatisfação, muitos concurseiros foram embora. Os líderes do movimento permaneceram e mostraram tristeza com a notícia. Hoje, eles se reunirão na entrada da Assembleia Legislativa para buscar apoio dos deputados na reversão da decisão apontada pelo Estado. O argumento é de que, se não foi provada uma fraude, a anulação não pode ocorrer.
“Antes de tomar a decisão, o chefe de gabinete, João Furtado, disse que, se não houvesse nenhuma prova de irregularidade, o concurso seria mantido. Não podemos ser penalizados, fomos aprovados”, argumentou o candidato a soldado da PM Danys Silva, de 29 anos. Gabriel Ribeiro de Oliveira também não ficou satisfeito, mas estava mais conformado. “Nosso sentimento é de insatisfação, desgosto, mas era um risco que corríamos. Se houvesse suspeita de compra de gabarito, também seríamos a favor do cancelamento, mas, sem provas, é complicado. Até que se prove o contrário, eu acredito na UEG”, finalizou.
Investigação
A suposta irregularidade diz respeito ao fato de as respostas das provas serem baseadas em duas sequências de letras alternadas. O Grupo de Repressão a Estelionato e Fraude (Gref) da Delegacia Estadual de Investigação Criminal (Deic) continua investigando o caso, assim como o Ministério Público Estadual (MP-GO), que pediu a retirada da UEG da realização das provas. Responsável pelo caso, o promotor do Centro de Apoio Operacional (CAO) do Patrimônio Público, Fernando Krebs, disse que ainda não sabe qual medida será tomada. Ele afirmou, na noite de ontem, que irá se reunir com outros promotores e, assim que uma nova decisão for tomada, emitirá parecer.
Fonte: Jornal O Hoje