Prós e contras do corredor preferencial da T-63 são debatidos em audiência

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Devido às mudanças, comerciantes e lojistas preveem prejuízos e cogitam retirar seus estabelecimentos da via
Fernando Leite/Jornal Opção
Mônica Carvalho
Colaborou Ketllyn Fernandes
As vantagens e desvantagens da implatação do corredor preferencial para ônibus na T-63 foi tema de audiência pública na Câmara de Vereadores na manhã desta sexta-feira (22/3). A intervenção tem como objetivo melhorar o fluxo do trânsito da Avenida Campos Sales, no Parque Anhanguera, até a Avenida Xavier de Almeida, no Terminal Isidória, conforme o Plano Diretor atual. Entretanto, comerciantes e lojistas preveem prejuízos devido à poibição de estacionar ao logo da via. É cogitada por eles a possibilidade de retirada dos estabelecimentos da avenida, sendo que na próxima semana eles pretendem realizar um protesto contra a obra. A sessão foi presidida pela vereadora e presidente da Comissão de Habitação, Urbanismo e Ordenamento Urbano da Casa, Tatiana Lemos (PC do B).
O coordenador de Corredores Preferenciais e Bicicletas Públicas, Domingos Sávio Afonso, ressaltou a importância da intervenção para a população pontuando a necessidade de que sejam colocados, "acima de tudo", os interesses da população goianiense como um todo, não os das classes "A" e "B". " A prioridade é priorizar o transporte coletivo e corredores”, destacou. Em seguida foi exibido um vídeo institucional da intervenção na T-63 e nas demais vias principais da capital como, as avenidas Independência e 24 de Outubro, T-9, T-7; que pelo Plano Diretor 171/2007, tem como prioridades a “viabilização ao descolamento do coletivo."
Diante da exposição do coordenador, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista, José Palmas Ribeiro, disse, referindo-se aos prejuízos causados pelas intervenções nas principais avenidas da capital: “Qual é a próxima avenida? Para onde vamos levar as nossas lojas?” Segundo ele, na capital, há certa insegurança por parte dos empresários. “Enquanto há vários empreendedores, que pretendem abrir novas lojas, e consequentemente, novos postos de emprego, outros estão tendo de fechar porque investiu o que tinha e tiveram prejuízo. Não estou me referindo à meia dúzia de empresários privilegiados, e sim ao setor que contribui com a cidade, que gera emprego e contribui para o desenvolvimento.”
Segundo a secretária da SMT, Patrícia Pereira Veras, a tendência mundial é priorizar o transporte público. Ela reconheceu a importância da discussão acerca da implantação do corredor e disse que a administração municipal está aberta ao diálogo, bem como para possíveis modificações, "caso as mesmas sejam possíveis", ressaltou. "O propósito do projeto é melhorar a velocidade do transporte coletivo”, reiterou, afinando seu discurso ao do coordenador de Corredores Preferenciais e Bicicletas Pública. “Em breve o trânsito de Goiânia estará como o de São Paulo, Rio de Janeiro e das demais cidades que têm engarrafamentos quilométricos. Não vai adiantar ter carro se não vamos poder usá-lo”, disse,referindo-se às críticas sobre a qualidade do transporte coletivo metropolitano.
“Da mesma forma que o Município nos exige impacto de trânsito, vizinhança, ambiental, licença e imposto, quando se abre um comércio, ele deveria respeitar o setor empresarial”, rebateu o presidente da Fecomercio, José Evaristo. José Evaristo também criticou a intervenção da Avenida Anhanguera, frisando que os comerciantes também são a favor da melhoria do transporte coletivo.

O vereador Antônio Uchôa (PSL) criticou a intervenção e sugeriu que seja feita uma emenda no Plano Diretor para “impedir a implantação da indústria da multa em Goiânia e o desastre da implantação desses corredores”.  Segundo ele, a finalidade deste projeto não é a de melhorar o fluxo do transporte público, mas sim arrecadar. "Cadê a educação para o trânsito?” Dando sequência aos pontos abordados por Uchôa, a vereadora Dr. Cristina Lopes (PSDB) criticou o fato de não ter ocorrido uma audiência pública antes das obras. “As pessoas têm de ser ouvidas e respeitadas. Não sou contra as melhorias, sou contra a não se ouvir a população”.
A mesa de discussão foi composta pelo presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Ubirajara Alves Abud; o secretário de Estado Desenvolvimento metropolitano, Silvio Silva Souza; o coordenador de corredores preferenciais e bicicletas públicas, Domingos Sávio Afonso; a presidente da Secretaria Municipal de Transporte (SMT), Patrícia Pereira Veras, Diretora técnica da CMTC, Aurea Pitaliga; o presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), José Evaristo;  presidente do Sindicato do Comércio Varejista, José Palmas Ribeiro;  e a promotora Alessandra Aparecida de Melo Silva, do Centro de Apoio dos Consumidores.  Estavam presentes os vereadores Thiago Albernaz (PSDB), Paulo da Farmácia (PSDC), Dra. Cristina Lopes (PSDB), Zander (PSL), Antônio Uchôa (PSL) e Divino Rodrigues (PSDC).

O corredor

As obras foram lançadas pelo prefeito Paulo Garcia (PT) no dia 5 deste mês. A via, de 6 km de extensão, terá faixa preferencial para ônibus, sinalização de trânsito vertical e horizontal, fiscalização eletrônica, novos abrigos para embarque e desembarque, ciclofaixa com sinalização horizontal – que funcionará de segunda a sábado e, aos domingos, será permitindo o uso apenas para o ciclista na faixa preferencial.  Seis linhas com 86 ônibus alimentam o corredor por onde passam diariamente cerca de 80 mil usuários.
A previsão é de que a Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMT) conclua até o final deste mês a sinalização deste corredor. Após a liberação para uso, a fiscalização de trânsito será feita, inicialmente, de forma presencial até que os equipamentos eletrônicos para o corredor sejam instalados.
Fonte: Jornal Opção