Abandonaram Goiânia, menos na cobrança dos impostos
A cidade virou um pandemônio e o fato é que parece um lugar abandonado.
Atendendo ao lobby da especulação imobiliária, abandonaram o traçado do arquiteto Atílio Correia Lima, que desenhou a nova Capital.
Abandonaram projetos como o Cura, no Setor Sul.
Abandonaram os rios, os córregos, os ribeirões, os riachos, as nascentes.
Abandonaram 1 milhão e 300 mil pessoas que agora vivem à mercê da poluição sonora e visual.
Abandonaram 500 mil usuários do transporte coletivo, que levam vida de gado em currais.
Abandonaram 800 mil motoristas num trânsito caótico que, quando não mata rápido com acidente, mata devagar com estresse.
Só não abandonam a cobrança de impostos: os da prefeitura venceram esta semana, os do Estado vencem todo mês, os do governo federal a gente paga a cada compra.
Se Goiânia não estivesse abandonada, não haveria máquina tirando areia em plena avenida T-7.
Se Goiânia não estivesse abandonada, não haveria centenas de painéis irregulares impedindo o horizonte.
Se Goiânia não estivesse abandonada, não haveria cracolândia ao lado dos palácios dos gestores públicos.
Se Goiânia não estivesse abandonada, não haveria tanta criança sem creche, tanto adulto sem esperança de uma vida melhor.
Goiânia foi abandonada pelo Ministério Público, cuja promotoria de urbanismo acha natural erguer um shopping imenso ao lado do córrego Caveirinha.
Goiânia foi abandonada pelo Poder Judiciário, que construiu seus prédios dentro de nascentes do Córrego dos Buritis e mantém abertas fábricas poluidoras como a da antiga Arisco.
Goiânia foi abandonada pelos poderes Executivo e Legislativo nas três esferas, pois seus integrantes aceitam que tudo continue como está.
E como está é o abandono, o completo abandono.
Fonte: Porta 730
Foto: João Carlos
1 comentários:
Write comentáriosImpressionado com a verdade nua e crua!
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