Praça Cívica : Saem os carros, ficam as pessoas
A revitalização da Praça Cívica deverá ser entregue em julho de 2013 e está centrada em transformar o local, atualmente usado com estacionamento e lavajato, em área de convívio. A praça vai ganhar uma escadaria em desnível no local que atualmente serve de parada para centenas de veículos. Esta é, na opinião do autor do projeto de revitalização, arquiteto Luiz Fernando Teixeira, a principal alteração e visa dar “dignidade” aos três prédios que compõem a área: o Palácio das Esmeraldas, e os edifícios laterais, que abrigam a Procuradoria Geral do Estado (PGE) e órgãos ligados à Secretaria de Estado da Cultura (Secult). A licitação para a obra deve ser aberta neste mês.
A praça será fechada para carros e, por enquanto, não há alternativa para estacionamento (leia reportagem nesta página). A via de asfalto que corta a área, ligando a Avenida Universitária à Rua Dona Gercina Borges Teixeira, será substituída por uma ciclovia. A pista para bicicletas deverá continuar no Corredor T-7, projeto da Prefeitura com início das obras previsto para fevereiro. As alterações ao projeto original, desenhado por Attilio Corrêa Lima e implantado em 1933, param por aí; os veículos de autoridades ainda poderão circular, de forma restrita, em volta dos palácios Pedro Ludovico Teixeira e das Esmeraldas.
“A praça tem os monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e, como ela faz parte deste contexto urbano, o Iphan acha por bem manter o projeto original”, afirma Teixeira. O instituto fez outras sugestões, que garantiram a disposição dos bancos conforme planejado por Attilio. A área que circunda o Monumento às Três Raças terá piso drenante, classificado pelo arquiteto como “sustentável”, e será rebaixada, com acesso por meio das escadarias. O local não terá árvores.
“Como originalmente o Attilio fez sem árvores, o Iphan quer manter desta forma, sem tirar as perspectivas. Isso é uma exigência do Iphan”, afirma o arquiteto do Teixeira e Almeida Arquitetura e Consultorias Ltda, escritório que assina o projeto. A proposta para a praça se resume em sete tópicos: “manter o desenho original; tornar um lugar para pessoas; enriquecer o existente; trabalhar a paisagem; utilizar a iluminação como elemento de atração; encontrar um lugar para a escultura do fundador da cidade e reutilizar o máximo de material.
Estacionamento
O estacionamento para veículos no centro de Goiânia continua a ser um problema. Em 2011, quando começaram a falar em revitalização da Praça Cívica, governos estadual e municipal cogitaram a possibilidade de construir um sob a área que hoje é ocupada pelos carros. A ideia não vingou. O secretário de Estado interino das Cidades, Sílvio Sousa, cita o risco ao patrimônio histórico, o alto custo e os distúrbios como motivos para a desistência. Ele diz ainda que estacionamento é atribuição do município.
O presidente da Agência Municipal de Trânsito (AMT), Senivaldo Ramos, afirma que a praça é ocupada com carros “de pessoas que trabalham no governo”. Ele diz que, para solucionar o problema, “basta o governo do Estado investir em outro modelo de transporte” que evite o uso do carro. A concessão de áreas para estacionamento privados também chegou a ser discutida, mas não há, atualmente, um projeto definido.
Especialistas em urbanismo e mobilidade concordam que a obrigação do poder público é prover a mobilidade urbana, por meio do transporte coletivo. Presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo e ex-secretário nacional de Transportes e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades (2003-2007), José Carlos Xavier, o Grafite, afirma que “é incompatível passar a mensagem de que o Poder Público tem que prover estacionamento”. Ele diz que “estacionamento para automóvel particular é opção privada e cada um que arque com isso”.
O vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO), Érico Rosa, concorda com o caráter privado do estacionamento. Afirma, no entanto, que cabe ao Poder Público planejar a cidade e solucionar problemas. “Quando você tira carros da Praça Cívica, para onde eles vão? Qual é a solução? O bom planejamento urbano também deve trazer a solução. Uma ideia seria o subsolo. Se não vai criar, que se faça incentivo à construção de edifícios garagem.”
Estátua
A escultura que retrata Pedro Ludovico Teixeira sobre um cavalo fica onde está, por enquanto. O secretário interino de Estado das Cidades, Sílvio Sousa, diz que o assunto será discutido com a população e com a família do homenageado. “Tem outras duas opções que serão discutidas com a família e com a população: uma seria ele ficar em um bulevar em frente à Prefeitura; a outra opção, que é o projeto original, é instalá-lo no Parque da Serrinha, que será criado.”
Fonte: O Popular
1 comentários:
Write comentáriosEstava lendo e admirando todo o projeto, integrando pessoas em uma área publica...até ler:
Reply"O local não terá árvores."
e pra embasar a loucura:
“Como originalmente o Attilio fez sem árvores, o Iphan quer manter desta forma, sem tirar as perspectivas. Isso é uma exigência do Iphan"
Aí leio a contradição:
"(...) tornar um lugar para pessoas (...) "
Agora, sinceramente...como querem a circulação e a manutenção de pessoas no local? Em uma cidade de clima tropical, quente com sol forte em muitos dias do ano? Querem transformar Goiânia no que? Depois dessa eu desisto.