Paralisação noturna do aeroporto em xeque
Redução em pista, planejada para durar 120 dias a partir de março, é motivo de críticas
O Conselho Municipal de Turismo (Comtur) solicitou à Câmara dos Vereadores de Goiânia audiência pública para discutir a paralisação noturna do Aeroporto Internacional Santa Genoveva. A sessão ocorreu na manhã de ontem (14), no auditório da Casa, e teve a participação de representantes da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), órgãos da classe, representantes das secretarias municipais envolvidas na paralisação do aeroporto de Goiânia e de empresas aéreas. A paralisação foi divulgada em primeira mão pela reportagem de O HOJE, veiculada no último dia 29 de novembro.
A audiência foi intermediada pelo vereador Simeyzon Silveira (PSC), presidente da Comissão de Esporte e Lazer da Câmara Municipal de Goiânia. A sessão foi aberta com a apresentação do projeto de reforma, proposto pela Infraero. André Emanuel Scian Meneghin, gerente de Engenharia da Superintendência Regional do Centro-Oeste, do órgão, deu detalhes técnicos que envolvem a operação de reestruturação da pista de pousos e decolagens do aeroporto.
Segundo André Meneghin, devem ser gastos 300 dias para implantação do canteiro de obras e mobilização dos trabalhadores na empreitada. A previsão é de 120 dias para a conclusão da obra. Para isso, a única pista do aeroporto deve ser fechada durante uma janela de 10 horas, compreendidas entre 21h10 e 7h10, diariamente, a partir de março. Foi calculada a construção de 100 metros de pista a cada janela diária. A via tem comprimento de 2,5 mil metros. A previsão de gastos deve flutuar em torno de R$11,5 milhões.
Ronaldo Jenkins de Lemos, representante do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), questionou a duração das obras uma vez que, com a velocidade de 100 metros diários, seriam gastos apenas 25 dias para realização total da obra. André Meneghin, único representante técnico presente na audiência, rebateu o questionamento justificando que a obra envolve diversas etapas exigidas para garantir a segurança dos pousos e decolagens, que se estende além do procedimento de recapeamento.
Ainda de acordo com Meneghin, os 120 dias levam em conta os índices pluviométricos da estação das obras e a realização de ranhuras na pista, para aumentar a segurança, seguindo os novos parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
“Chegamos ao fundo do poço”, agravou o discurso Newton Emerson Pereira, presidente do Goiânia Convention & Visitors Bureau (GCVB). Segundo ele, o aeroporto de Goiânia é a porta de entrada e saída do Estado. Assim, Newton cobrou celeridade nas obras e as comparou a outras, realizadas em aeroportos brasileiros, que tiveram janelas de paralisação das atividades que não excederam o período de seis horas diárias, e que foram concluídos em tempos menores ao proposto pelo projeto de Goiânia.
André Meneghin, novamente com o parecer técnico, esclareceu que o projeto é específico para Goiânia, e atende às novas resoluções da Anac, que devem entrar em vigor a partir do início do próximo ano. O presidente do Sindicato dos Engenheiros de Goiás (Senge-GO), Gerson Tertuliano, pediu a palavra, aberta ao público presente, e criticou a ausência de críticas técnicas, que possam confrontar, com embasamento, a proposta da Infraero.
Sandro Roberto, gerente da TAM Linhas Aéreas, resumiu o discurso das conpanhias que operam no Santa Genoveva. Segundo ele, a companhia por ele representada será menos afetada que as concorrentes Trip, Gol e Azul, contudo é necessário que toda a classe esteja atenta às modificações, e que participe do processo, discutindo e criticando. Sandro esclareceu que são oferecidos a Goiânia 285 mil assentos, destes, 185 mil serão afetados pela paralisação, compreendendo quase 65% dos passageiros.
Ao fim da audiência pública foi acordado que será elaborado um documento, demonstrando a preocupação que envolve a obra do aeroporto e a paralisação diária dos voos noturnos, a fim de negociar possíveis maneiras de realizar a obra na pista com o mínimo de transtornos, e, se possível, reduzindo o prazo da paralisação.
Fonte: Jornal O Hoje