Executivo avaliará impactos de VLT
Prefeitura apresenta amanhã relatório que inclui questões ambientais, econômicas e de trânsito.
Impactos econômicos, ambientais e de trânsito gerados pela construção do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) em Goiânia serão apresentados amanhã para representantes do Poder Executivo. O relatório foi elaborado por um grupo de estudo multidisciplinar da Prefeitura que inclui as Agências do Meio Ambiente (Amma); Trânsito, Transportes e Mobilidade (AMT); Planejamento (Seplan); Desenvolvimento Econômico (Sedem), além da Procuradoria-Geral do Município e da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC). Entre os assuntos analisados, o impacto do trânsito e o comércio que sofrerão com desvios.
De acordo com o presidente do grupo e também da CMTC, José Carlos Xavier, o projeto de autoria do secretário da Região Metropolitana, Silvio Sousa, não contém, por exemplo, impactos relacionados aos cruzamentos que serão fechados ou à drenagem que deve ser realizada na Avenida Anhanguera. “É preciso se preocupar com os cruzamentos que serão fechados, o trânsito que será interrompido. Isso, tanto durante a execução da obra quanto depois. Relatórios técnicos da AMT apresentaram preocupações e as soluções devem ser incorporadas ao projeto”, completou.
Em audiência pública, no dia 13 de dezembro, Mário Lúcio Sobrosa, que representou a Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomercio), mostrou exemplos de outros países que tiveram problemas com a implantação do VLT, como a cidade de Houston, nos Estados Unidos (EUA). Ele afirmou que foi lá, pessoalmente, conhecer os sistemas e percebeu que os trens se envolviam frequentemente em acidentes.
Segundo José Carlos, vários são os pontos que devem ser analisados, como o impacto no comércio, mas, apesar da importância de cada um deles, não há nada que impeça a implantação. “Quando o assunto é acidente, por exemplo, é preciso perceber que eles acontecem de qualquer forma. Os ônibus do Eixo Anhanguera, por exemplo, se envolvem em acidentes. Acredito que os problemas futuros devem ser pensados para que sejam minimizados. Nada impede, entretanto, a implantação do VLT”, completou.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento da Região Metropolitana, Sílvio Sousa, os questionamentos são naturais e a Prefeitura tem agido de forma parceira para análises necessárias. “Apesar de o VLT estar inserido na capital, faz parte também do Sistema Metropolitano de Transportes, então está a cargo do Estado. O que buscamos é reunir estudos em torno do tema e dúvidas são normais. Alguns dados ainda não temos porque fazem parte do projeto de licitação, que será aberto em duas semanas”, afirmou.
Sobre os impactos no trânsito, o secretário explicou que a tecnologia implantada permite que cada trecho de 200 metros seja executado por completo em 15 dias. Dessa forma, os trechos vão sendo liberados e, apesar de a obra total demorar cerca de dois anos, o prejuízo ao trânsito e ao comércio será pequeno.
Projeto será desenvolvido por meio de parceria
Com custo estimado em R$ 1,3 bilhão, o VLT será construído por meio de uma parceria público-privada (PPP). O governo do Estado, federal – com recursos do PAC da Mobilidade – e a iniciativa privada arcarão com o custo total. Os trilhos ocuparão o trecho que atualmente é ocupado pelo Eixo Anhanguera e serão implantados ciclovias e calçadões. Com dois trens de 30 composições cada, o transporte deverá alcançar uma média de 23,5 km/hora.
As 19 estações atuais serão substituídas por outras 12, sendo que algumas serão reformadas e outras serão construídas, como uma subterrânea na BR-153. O trajeto permanecerá idêntico, com ligação dos terminais Padre Pelágio e do Novo Mundo. O tempo de viagem, entretanto, será reduzido de 72 para 36 minutos em um percurso de 13,6 quilômetros.
O sistema terá controle inteligente de semáforos, permitindo que o VLT tenha o próprio controle de paradas. Com isso, haverá diminuição de tempo por quilômetro rodado entre uma estação e outra, com intervalo entre os trens de três minutos.
Transporte é prometido para 2014
De acordo com o secretário, Goiânia deve ter o primeiro VLT do Brasil, apesar de a licitação do Rio de Janeiro (Porto Maravilha), ter sido assinada em 7 de dezembro. Segundo Sílvio, o edital está sendo finalizado e o processo será aberto em duas semanas. “Pretendemos começar a construção em meados de fevereiro ou até o começo de março de 2013. Em abril de 2014 teremos os primeiros testes de rodagem e em dezembro de 2014 estará entregue à população”, garantiu.
Valor
Durante a audiência, o professor Marcos Rothem, mestre em transportes do IFG, se manifestou contra a implantação do veículo leve sobre trilhos. Na ocasião, ele afirmou que o projeto é muito caro e que, caso o valor da passagem não aumente, o Estado não conseguirá fazer a manutenção, que é mais cara que a dos atuais ônibus.
Ainda assim, o secretário Sílvio Sousa garante que o valor será reajustado apenas ao atual valor do transporte coletivo em geral. “O que temos hoje no Eixo Anhanguera é uma tarifa social. Isso significa dizer que o Estado arca com 50% do valor e a população paga apenas o restante. Com o VLT, a população pagará o valor integral. Ainda assim o cidadão terá benefícios porque o valor a ser pago pela qualidade do serviço deveria ser, em média, 5 reais, mas nós cobraremos apenas 2,70 reais, valor que subirá proporcional a toda a rede”, finalizou.
Fonte: Jornal O Hoje
2 comentários
Write comentáriosta na hora,,,,,,,,,
ReplyA alta taxa de acidentes em Houston realmente é fato, mas encontra-se em declínio. Explica-se boa parte dos acidentes pela restrição para conversões à esquerda, pois o VLT circula à esquerda da via. Nos EUA a conversão à esquerda em vias de duas mãos é francamente utilizada e regulamentada... um hábito que causa conflito com o VLT, mas que não existe em Goiânia. Também é estranho que nunca se mencione o VLT de Cuiabá-Várzea Grande, que já se encontra em construção. Será porque levantaram-se suspeitas de irregularidades no processo que já interromperam as obras duas vezes? O VLT matogrossense, se continuar tudo como está, será o primeiro do Brasil construído nos moldes dos mais modernos VLT europeus, de piso baixo e tração elétrica.
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