Saneamento - Aparecida entre as piores do País
Com cerca de 55% da população atendida, Aparecida de Goiânia está entre as quatro piores cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes no índice de abastecimento de água. Figura ainda, num ranking de 81 municípios, como entre as 15 piores no atendimento de esgoto (17% da população é atendida) e entre as 20 piores no índice geral de saneamento.
Os dados fazem parte do Ranking Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) organizado pelo Instituto Trata Brasil com base em levantamento do Ministério das Cidades, baseado em 2009. Além de Aparecida, também fazem parte do ranking Goiânia (16ª posição geral) e Anápolis (43º) ( ver detalhes no quadro ).
O presidente executivo do instituto, Édison Carlos, explica que a situação do País como um todo é ruim. "Foi uma tremenda falta de visão do governo federal e dos gestores municipais ter deixado o saneamento chegar a esta situação calamitosa, com mais da metade da população sem acesso a coleta de esgotos e só 38% do esgoto coletado ser tratado. Os impactos desta falta de prioridade são as doenças que assolam a população. São números constrangedores para um país que está entre as dez maiores potencias econômicas do mundo".
A situação de Aparecida de Goiânia chama a atenção porque ao longo dos últimos anos ela não apresentou uma evolução significativa nem no abastecimento de água nem no atendimento de esgoto. Nos rankings anteriores, desde 2005 ela sempre oscila entre 16% e 17% da população atendida por esgoto e com um pouco acima da metade da população abastecida por água tratada. "A situação é preocupante e é uma questão histórica", argumenta o prefeito da cidade, Maguito Vilela (PMDB), também ex-governador.
O presidente da companhia de Saneamento de Goiás (Saneago), Nilson Freire, admite que a situação da segunda maior cidade do Estado (mais de 450 mil habitantes) é ruim. Ele volta no tempo e lembra que a cidade cresceu sem planejamento e, portanto, acumulou um déficit histórico.
Moradores sofrem com má-qualidade da água
O problema de Aparecida de Goiânia não é nem o fato de que metade da população não é atendida por água tratada. Tem ainda o fato de que a água que chega aos moradores não ser de boa qualidade. E, nesta época do ano, fica pior ainda.
"Aqui falta água demais. E quando chega vem suja e com o gosto ruim. A gente tem de pedir no vizinho que ainda não fechou a cisterna", reclama o aposentado Joaquim Belo de Souza, de 68 anos, morador do Jardim Tiradentes.
A cidade tem pouca produção própria (apenas 300 litros por segundo dos 1,2 mil necessários saem de fontes próprias) e depende da água de Goiânia. A Saneago estima que a situação vai melhorar com o início das atividades do sistema João Leite, no ano que vem.
No País todo, seriam necessários investimentos na ordem de R$ 270 bilhões até 2030 para levar água e esgotos a todos os brasileiros, segundo cálculos do próprio Ministério das Cidades.
Fonte: Almiro Marcos, O Popular