Goiás é 4º do País em moradores solitários

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Mariza Santana

O goiano é considerado amigável e acolhedor, mas as famílias numerosas estão em extinção. Mais que isso, o Estado é o quarto do País em quantidade de moradores solitários, atrás apenas de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IB­GE), do total de 1,886 milhão de domicílios goianos, 13,2% são ocupados por apenas um morador. Esse percentual é superior à média nacional, que é de 12,18%.

Para a psicóloga Ana Paula Ferreira de Souza Ramos, a opção de muitas pessoas de morarem sozinhas reflete a busca de liberdade e independência financeira e emocional. Essa atitude é comum entre jovens de 19 a 22 anos, que saem da casa dos pais para viver com a sonhada independência, mas também é compartilhada com aqueles que terminaram o casamento e iniciaram um novo capítulo em suas vidas, ou por executivos de outros Estados que precisam alugar um imóvel menor na capital até poder instalar o resto da família.

O fato é que esse alto percentual de solitários vivendo sozinhos tem chamado a atenção, pois, como têm renda expressiva, se tornaram um nicho atraente de negócios. O presidente da Associação das Empresas de Incorporação do Estado de Goiás (Ademi-GO), Ilézio Inácio Ferreira, admite que hoje esse é um dos segmentos do mercado imobiliário com maior velocidade de vendas. A maior procura é por imóveis, principalmente apartamentos, de um quarto, de alto padrão, voltados para quem tem um estilo de vida prático e valoriza a prestação de serviços.

A maior procura em Goi­ânia e Aparecida de Goiânia, por parte deste público chamado solitários, é de apartamentos com área de 40 a 70 metros quadrados em empreendimentos que oferecem prestação de serviços do tipo per-pay-use, além de contar com área coletiva com espaços para escritório, eventos sociais e recreação. O preço do metro quadrado desses apartamentos gira hoje entre R$ 4 mil e R$ 4,5 mil.

Supermercados
Os supermercadistas também já perceberam a força desse mercado composto por moradores solitários. Segundo o presidente da Associação Goiana dos Supermercados (Agos), Henrique Xavier, no caso dos hortifrutis é possível comprar pequenas quantidades. As indústrias também atentaram para esse tipo de consumidor, ao fabricar, por exemplo, a lata pequena de extrato de tomate. “Esse cliente é prático”, afirma. Xavier conta que o arroz em embalagem de um quilo vende pouco, mas a caixa de feijão cozido tem boa saída. Os pacotinhos de arroz pré-prontos, por outro lado, são muito procurados.

O presidente da Agos, no entanto, observa que a pizza, assim com a lasanha, é produzida apenas para duas porções. No caso de pratos prontos e congelados, o presidente da Agos afirma que as marcas mais caseiras oferecem mais opções para os clientes solitários, o que não ocorre com as grandes indústrias alimentícias, que ainda precisam investir mais nessa faixa de mercado consumidor.

O vendedor Roberto Carlos Camargos mora sozinho há um ano e meio, desde que se separou da mulher. Ele alugou um apartamento e cuida dele sozinho. “Eu lavo e passo minhas roupas e limpo a casa. O apartamento é meu canto, um espaço só meu”, conta. Embora seja um bom cozinheiro, Roberto dificilmente faz comida em casa. Ele prefere comer em restaurantes por quilo. O vendedor está gostando da nova vida de solitário, principalmente nos aspectos da independência e liberdade.­

Fonte: Jornal o Hoje