Produção que sai do solo

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Produtos do setor só ficam atrás do complexo soja e da carne em termos de exportação; atividades da mineração renderam mais de R$ 55 milhões de ICMS em 2010
Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção
Geólogo Tasso Mendonça, chefe do Gabinete
de Gestão Mineral, da SIC: "Setor de mineração
começa a ganhar força de novo"

Cezar Santos

Em Goiás, o mapa da mina para o desenvolvimento está, sem trocadilho, nas minas. Para se ter uma ideia, os minérios ocupam a 3ª posição no ranking das exportações goianas nos primeiros seis meses deste ano, conforme divulgação da Secretaria da Indústria e Comércio (SIC).

Provando a importância do setor de mineração para a economia goiana, no balanço das exportações no acumulado de janeiro a maio deste ano, dado a público pela SIC no início deste mês, os produtos minerais tiveram destaque. As exportações goianas atingiram no período o montante de US$ 2,39 bilhões, total 52,4% superior ao verificado no mesmo período do ano passado. Nos cinco primeiros meses de 2010, as vendas externas goianas representavam 2,2% do total nacional e hoje respondem por 2,5%.

O saldo comercial de janeiro a maio de 2011 foi de US$ 300 milhões, o que o governo goiano considerado um bom resultado, já que em igual período do ano passado o saldo era negativo de US$ 16,7 milhões. A SIC estima que o acumulado das exportações no primeiro semestre deste ano deve chegar a US$ 2,85 bilhões, com aumento de 52% sobre o resultado dos seis primeiros meses de 2010.

Para esse bom resultado se confirmar, o peso dos produtos minerais será importante. Os números iniciais comprovam, já que nos primeiros seis meses de 2011 Goiás exportou 530 tipos de mercadorias. Os destaques continuam sendo o complexo soja, as carnes e os minérios. Ao todo, 135 países foram destinos dos produtos exportados pelo Estado. A China é o maior parceiro comercial de Goiás.

Produtos

O cruzamento desses dados com outros, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), confirma a importância dos minérios para nossa economia. Água mineral, amianto, areia, brita, calcário agrícola, fosfato, insumo para cerâmica branca, nióbio, níquel, ouro e titânio são as 11 maiores riquezas minerais extraídas do solo goiano. Mais 20 produtos de menor importância são explorados no Estado. Essas informações constam no relatório “Desempenho do Setor Mineral”, realizado pelo DNPM no ano passado (ano base 2009), com o objetivo de destacar a importância da mineração na economia do Estado de Goiás e do Distrito Federal.

Em termos de impostos, as atividades ligadas ao setor de mineração renderam ao Estado no ano passado R$ 55,1 milhões de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), ou seja, 0,67% do total de R$ 8,17 bilhões. Pode parecer pouco em termos porcentuais, mas é importante lembrar que a maioria dos produtos minerais é para exportação, portanto, isenta de ICMS. Mas a importância desses produtos para a economia do Estado é muito grande. Mesmo porque exportação significa dinheiro que vem para o Estado, movimentando toda a cadeia produtiva.

O Gabinete de Gestão da Mineração, da SIC, é o responsável pelas ações relativas ao setor mineral goiano, principalmente no que diz respeito ao Fundo de Fomento à Mineração (Funmineral). O chefe do Gabinete é o geólogo Tasso Mendonça. Tasso lembra que o setor foi desarticulado no governo passado, mas que começa a ser reorganizado em termos de estrutura administrativa pelo governador Marconi Perillo, o que dará fôlego novo no fomento à atividade. Nestes dias, por sinal, o geólogo está passando ao governador levantamentos e sugestões para a reestruturação do setor de fomento à mineração no Estado.

Gigante do ouro vai investir R$ 600 milhões até 2013

Investimentos da ordem de R$ 600 milhões até 2013 e geração de mil empregos diretos e 3 mil indiretos. O anúncio foi feito pelo presidente e principal executivo de operação da mineradora canadense Yamana Gold, Ludovico Costa, no dia 22, em solenidade no Palácio das Esmeraldas, para assinatura de dois protocolos de intenção do governo do Estado com a empresa multinacional.

O primeiro protocolo define os investimentos da Yamana Gold nos projetos de Pilar de Goiás, estimado em R$ 320 milhões; Suruca, em Alto Horizonte, de R$ 129 milhões; Caiamar, em Crixás, e Guarinos, de R$ 80 milhões; e CIL, uma expansão das atividades da Mineração Maracá, em Alto Horizonte, de R$ 71 milhões. Todos os projetos, com exceção do CIL, são de exploração de ouro. O segundo protocolo, contrapartida do governo estadual, prevê a construção de anéis rodoviários em Campinorte e Alto Horizonte.

De acordo com o presidente da Yamana, Ludovico Costa, os novos projetos deverão transformar a companhia na maior produtora de ouro do Estado. “Isso deve ocorrer quando a produção das novas minas for somada à da Mineração Maracá, em Alto Horizonte”, afirmou. Ele lembrou que as vendas de concentrado de cobre da Mineração Maracá já fazem da Yamana uma das maiores empresas exportadoras de Goiás e de Alto Horizonte o maior município goiano exportador.
Costa lembrou que, ainda em Alto Horizonte, a companhia vai investir no novo projeto CIL e dessa forma aumentar a produção de concentrado de cobre com ouro contido. Hoje a Yamana já é responsável por 39% dos empregos formais do município. Com os novos projetos anunciados, o executivo afirmou que a mineradora sela a parceria vital que tem com Goiás e com sua política de desenvolvimento. “Recentemente o secretário de Indústria e Comércio, Alexandre Baldy, anunciou a um grupo de empresários que Goiás pretende dobrar sua produção mineral nos próximos quatro anos. Com esses projetos, estaremos contribuindo para esse objetivo”, destacou.

A construção do projeto de Pilar de Goiás, uma mina subterrânea, começou neste mês, com início da produção previsto para janeiro de 2013. A implantação dos demais projetos (Caiamar, Suruca e CIL) depende da aprovação do conselho de administração da Yamana e dos órgãos regulatórios do setor.

Como não poderia deixar de ser, o prefeito de Pilar de Goiás, Joaquim Santana Ramos Batista, comemorou o projeto, dizendo ser “a redenção do município, que tem um histórico aurífero da época dos bandeirantes, e de toda a região”. Ele disse que existe uma grande expectativa na população pilarense e espera contar com o apoio da mineradora para resolver os gargalos de infraestrutura e de demanda social. (CS)

Estado é o 3º maior produtor mineral do Brasil

Goiás é importante produtor mineral, destacando-se entre os três Estados de maior importância nacional neste setor. As jazidas de níquel laterítico, amianto crisotila, cobre, rochas fosfatadas, vermiculita e ouro estão inseridos dentre aqueles considerados de porte mundial. Há, também, importantes jazimentos de cobre, bauxita, nióbio, calcários, areia e rochas utilizadas como brita. Merece destaque ainda a dimensão atualmente alcançada pelas indústrias de água mineral e de entretenimento e turismo, responsável pela exploração de águas termais.

As informações a seguir foram tiradas do “Diagnóstico da Gestão da Mineração e das Ações de Fomento do Funmineral”, elaborado pelo Gabinete de Gestão da Mineração, da Secretaria da Indústria e Comércio (SIC).
O valor da produção mineral em Goiás no ano de 2009 foi de R$ 3,947 bilhões. Sete municípios responderam por 93,3% do total, assim distribuído: Alto Horizonte (33,2%), Niquelândia (20,7%), Catalão (12,5%), Minaçu (9,4%), Barro Alto (8,4%), Americano do Brasil (6,0%), Ouvidor (3,1%). Os restantes 6,7% estão distribuídos entre 14 municípios.
A arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), recurso que por lei tem 65% de seu valor destinado ao município arrecadador, somou R$ 37 milhões em 2009. Desse total, 88,3% tiveram origem nos municípios de Alto Horizonte (39,3%), Minaçu (16,4%), Catalão (7,8%), Crixás (7,6%), Ouvidor (5,9%), Barro Alto (5,7%) e Niquelândia (5,6%). O restante da arrecadação está distribuído por outros 108 municípios.

Uma série de substâncias minerais produzidas no Estado apresenta vocação natural para contribuir com uma maior agregação de valor à produção realizada, como resultado de uma possível e necessária verticalização, com consequente adensamento das cadeias produtivas, como será demonstrado a seguir.

Cobre

No Brasil, os maiores depósitos situam-se na Região do Complexo Carajás, no Pará, com cerca de 1,25 bilhão de toneladas. Em Goiás, as reservas totalizam 370 milhões de toneladas e estão situadas nos municípios de Alto Horizonte, Niquelândia, Americano do Brasil, Bom Jardim de Goiás e Mara Rosa.

As maiores reservas de minérios de cobre do mundo estão no Chile (35%), Peru (12%), Estados Unidos (7%) e China (6,3%). As reservas brasileiras somam cerca de 2,3 bilhões de toneladas, correspondendo a perto de 1,7% do total mundial.

A indústria do cobre em Goiás registrou receitas de R$ 950,66 milhões em 2009, sendo a Mineração Maracá responsável por 96,3% do total.

No município de Alto Horizonte, no oeste do Estado, a Mineração Maracá, do Grupo Yamana Gold, concluiu em 2006 a implantação de um empreendimento para a produção de ouro e sulfato de cobre. Atualmente a usina passa por expansão, iniciada em 2010 (texto anterior). A capacidade instalada é de 70 mil toneladas por ano de cobre contido em concentrados. A Mineração Manacá é concessionária de cerca de 83% das atuais reservas goianas de cobre.
O sulfato de cobre produzido é em parte transportado para uma planta metalúrgica situada na Bahia, onde é obtido o cobre metálico. Outra parte é exportada utilizando o porto de Vitória, no Espírito Santo.

A Votorantim Metais produz, em sua unidade de Niquelândia, o carbonato de cobre, como subproduto da produção de níquel. O produto é enviado para uma planta industrial situada em São Miguel Paulista (SP), para a obtenção do metal.
Em Americano do Brasil, a Prometálica, desde 2006, produz um concentrado com sulfetos de cobre, níquel e cobalto, enviado para Fortaleza de Minas, em Minas Gerais, para ser processado.

Níquel

Em 2008, o Brasil ocupava a sétima posição dentre os países detentores das maiores reservas e Goiás registrava 37,8% das reservas brasileiras medidas. Os altos preços do metal vigentes até meados de 2008 motivaram investimentos em pesquisas, principalmente, em depósitos conhecidos há décadas nos Estados do Piauí, Pará e em Goiás, nas regiões de Montes Claros e Iporá, bem como o início da implantação do projeto para maior aproveitamento das jazidas de Barro Alto e instalações de plantas para produção de ferro-níquel naquele município e em Niquelândia.
Em 2009, a venda de 30.190 toneladas de níquel produzidas em Goiás gerou receitas de R$ 1,157 bilhão. O mercado externo absorveu 39,86% da produção de ferroníquel, destinada aos Países Baixos (16,0%), ao Japão (11,6%), à Coréia do Sul (8,0%) e à Argentina (2%).

O Grupo Votorantim foi o primeiro a se instalar na região de Niquelândia. A partir de minério oxidado, produz carbonato de níquel, que é enviado para a planta do grupo em São Miguel Paulista, em São Paulo, para obtenção do níquel metálico.

Ainda em Niquelândia, a Anglo American produz liga de ferro-níquel a partir de minério proveniente de suas jazidas situadas em Niquelândia e Barro Alto. A empresa investe na implantação de uma planta de ferroníquel no município de Barro Alto. O projeto, com capacidade de produzir 36 mil toneladas por ano de níquel contido na liga, teve seu cronograma de implantação redefinido depois da crise mundial, iniciando a fase de testes em janeiro de 2011, com inauguração prevista para este ano.

Em Americano do Brasil, a Prometálica produz e envia para uma planta em Fortaleza de Minas (MG), concentrado onde o níquel é coproduto.

A Mineradora INV Ltda, uma joint-venture formada pela International Nickel Ventures e a Canada Inc, ambas subsidiárias da Teck Cominco, de origem canadense, executou um plano de exploração de jazidas de níquel laterítico nas cidades de Santa Fé de Goiás, Diorama, Jaupaci e Iporá, localizadas no oeste goiano.

Calcário

A receita obtida a partir da comercialização da produção do calcário em 2009 no Estado foi de R$ 82 milhões, segundo o DNPM, com vendas de 2,814 milhões de toneladas. As reservas atuais de calcário no Estado alcançam cerca de 7 bilhões de toneladas. Desse total, 77,4% serão destinados à produção de cimento e 20,5% serão utilizados na agricultura. O restante será destinado à fabricação de ração animal ou à produção de cal.

Hoje a produção de calcário encontra-se consolidada em Goiás. As plantas produtoras do pó estão distribuídas em 21 municípios. Uma fábrica de cimento está implantada em Cezarina e existem projetos de instalação de outra na região de Formosa e para a reativação da antiga planta situada em Cocalzinho, próxima à cidade de Corumbá de Goiás.
A indústria de calcário tem produção verticalizada em Goiás, com produtos finais obtidos para diferentes aplicações. O que se contempla é que os corredores ferroviários criados a partir da implantação da Norte-Sul oferecerão uma opção maior na distribuição desses produtos.

Por outro lado, viabilizarão o aproveitamento dos jazimentos existentes nas regiões sob sua influência, seja com a necessária construção de fábricas de cimento, ou na produção de calcário agrícola para suprir novas fronteiras conquistadas ou, ainda para a produção de cal para consumo no parque industrial a ser criado em Campinorte.
A produção de carbonato de cálcio precipitado se apresenta, também, como alternativa para a utilização do calcário na obtenção de produtos com maior valor agregado.

Fosfato

As reservas brasileiras somavam em 2008, cerca de 337 milhões de toneladas, o que representa menos de 1% do total mundial. Dessas reservas, 67% estão situadas no território de Minas Gerais, 13,8% em Goiás e 6,1% em São Paulo.
O Brasil é o sexto maior produtor mundial, com 4% do total. No País, Minas Gerais se destaca como maior produtor, seguido por Goiás. A indústria do fosfato em Goiás produz na região de Catalão/Ouvidor, além do concentrado fosfático, o ácido sulfúrico e o ácido fosfórico, principais insumos na fabricação de fertilizantes fosfatados.

As reservas de Campos Belos já fazem parte do total computado no Estado. Existem perspectivas de razoável aumento nas reservas goianas de rocha fosfatada a curto ou médio prazo como resultado das pesquisas dessas ocorrências de natureza sedimentar.

A Fosfértil e a Copebrás possuem na região de Catalão/Ouvidor alguns dos empreendimentos mais importantes da mineração goiana. Além dos procedimentos industriais voltados para a lavra e beneficiamento da rocha fosfática, complexos industriais produzem ácidos sulfúrico (H2SO4) e fosfórico (H3PO4), principais insumos na fabricação de fertilizantes fosfatados.

O ácido sulfúrico é produzido utilizando enxofre importado. Este ácido é utilizado na fabricação de superfosfato simples e do ácido fosfórico, que por sua vez é um produto intermediário para a fabricação do fosfato monoamônico (MAP), fosfato diamônico (DAP) e superfosfato triplo (SSP).

Os fertilizantes de origem sedimentar que estão sendo quantificados no norte de Goiás deverão no curto prazo, oferecer novas oportunidades para implantação de novos projetos de mineração de importância, com consequente desenvolvimento deimportante parque industrial.

A produção das minas de rochas fosfatadas de origem ígnea de Goiás já sofre um processo de verticalização industrial em plantas pertencentes às empresas situadas nas proximidades das jazidas. Uma parte do concentrado, entretanto, ainda é enviada para plantas situadas em Minas Gerais e São Paulo. Por isso, deve-se buscar o gradual aumento da agregação de valores no aproveitamento da rocha fosfática dentro dos limites do Estado, mais precisamente, no Polo Industrial de Catalão.

A descoberta de rocha fosfática no norte do Estado e as perspectivas reais da existência de depósitos importantes na região deverão criar no curto prazo, condições para retomar as discussões em torno da necessidade de verticalização de sua produção no Estado. A região que está sendo alvo da prospecção é próxima de Campinorte, que mais uma vez, dotada dos instrumentos necessários, poderá se constituir novo polo industrial onde ocorreria a verticalização desejada, integrando um polo de fertilizantes, aproveitando as rochas fosfatadas e, o uso do Gás Natural para produção de ureia e amônia, com a extensão do Gasoduto até Campinorte.

Bauxita

As reservas brasileiras, próximas a 3,5 bilhões de toneladas, situam o País em 3º lugar em relação aos depósitos mundiais. Em Goiás, os estudos e medições de jazimentos de bauxita de Santa Rita do Novo Destino e Barro Alto resultaram na mais importante descoberta da pesquisa mineral das últimas décadas no Estado. As reservas atuais de bauxita nos municípios de Barro Alto e Santa Rita do Novo Destino somam ao redor de 224 milhões de toneladas.
A bauxita de Barro Alto/Santa Rita do Novo Destino tem como uma de suas características a excelente qualidade, o que lhe confere condições privilegiadas para atender a vários segmentos da indústria, além do uso metalúrgico, envolvendo a produção de refratários, abrasivos e outros.

A bauxita de Barro Alto e Santa Rita do Novo Destino apresenta qualidade excepcional, o que a credencia para uso industrial e metalúrgico, e pode ser destinada a uma centena de usos industriais, principalmente para fabricação de abrasivos, refratários e produtos químicos (sulfato de alumínio, dentre outros).

Amianto crisotila

Amianto ou asbesto é um nome genérico usado para designar seis tipos de minerais que têm como característica comum a forma fibrosa. O denominado amianto crisotila é caracterizado por possuir fibras curvas, flexíveis e sedosas.
As aplicações mais comuns para as fibras de amianto crisotila são os produtos de fibrocimento como telhas, caixas d'água, chapas planas e tubos. Estes produtos respondem por cerca de 92 % do consumo mundial.

Toda a produção de amianto crisotila no Brasil tem como origem o município de Minaçu, em Goiás, da qual 58,20% são exportados para Índia (22,78%), Indonésia (9,98%), México (3,89%), Tailândia (3,54%) e Emirados Árabes (3,02%).
Em 2009, foram vendidas 301.411 toneladas de fibras nos mercados interno e externo, gerando receitas de R$ 333 milhões.

Goiás detém 100% das reservas nacionais de amianto crisotila. Considerando-se apenas as reservas da mina a céu aberto de Cana Brava, no Município de Minaçu, nos atuais patamares de produção, sua vida útil permitirá a produção até 2057.

A Sama S.A. é responsável por cerca de 10% de toda a fibra de amianta crisotila comercializada no mundo. Sua mina no município de Minaçu começou a ser operada em 1968 e é a única em atividade no País.

O maior problema da indústria de amianto de Goiás é o crescente cerceamento da comercialização por meio da criação de leis que impedem o consumo, tanto no Brasil como no exterior. Uma série de doenças graves atribuídas à inalação de fibras e de poeira de amianto durante a lavra e beneficiamento do minério além de em algumas utilizações do minério, fez diminuir o uso deste mineral em algumas finalidades.

Entretanto, a variedade produzida em Goiás, a crisotila (ou asbesto branco), é reconhecidamente menos nociva, de acordo com várias pesquisas científicas. Face às pressões para banimento do seu uso na cadeia produtiva de forma definitiva, os desafios para manter a exploração de amianto em Goiás são grandes.

Desta forma o produtor é obrigado, permanentemente, a agir para garantir que os trabalhadores na mina e no beneficiamento do minério utilizem equipamentos de segurança e, sejam monitorados para evitar o desenvolvimento de doenças ocupacionais, bem como garantir a não contaminação do meio ambiente, além de patrocinar e difundir pesquisas sobre os vários usos do amianto, para comprovar que não trazem os propalados riscos para a saúde.
Os resultados dos procedimentos adotados têm sido suficientes para impedir uma queda nos valores da produção desta substância mineral, que nos últimos cinco anos apresentou resultados com pequenas variações para mais ou para menos.

Praticamente nenhuma parcela do concentrado produzido na Mina de Canabrava, em Minaçu, está sendo enviada para as regiões que serão influenciadas pela Ferrovia Norte-Sul e, pelos corredores ferroviários que serão criados a partir dela.

Manganês

O Brasil é o segundo maior produtor de minério de manganês, com uma produção aproximada de 2,4 milhões de toneladas de concentrado em 2008, ou 18% da produção mundial. Em Goiás foram produzidas 129,6 toneladas, das quais 99,4% no município de Cavalcante.

Não são conhecidos importantes empreendimentos voltados à produção de manganês no Estado. Os preços altos do concentrado no mercado, associado à existência de depósitos de pequeno porte, são convidativos para a prática de lavra imediata e danosa, muitas vezes clandestina.

Os trabalhos de prospecção que estão sendo realizados por diversas empresas na região compreendendo Cavalcante, Colinas e Niquelândia têm resultado em informações, ainda não oficiais, de descobertas interessantes que poderão modificar a situação atual.

As prospecções de manganês realizadas na região norte do Estado deverão ser responsáveis por significativo aumento das reservas goianas. A estas deverão ser acrescidas aquelas provenientes de áreas em pesquisa no Estado de Mato Grosso, que terão sua produção escoada pela Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, com passagem obrigatória por Campinorte.

Assim, a verticalização do minério de manganês poderia se dar com a implantação de uma usina siderúrgica na região. Outra vertente seria a caracterização mineralógica e tecnológica dos minérios visando sua utilização na obtenção de produtos de maior valor agregado, como sulfato de manganês, dióxido de manganês e outros. Esta seria uma das melhores formas de viabilizar a exploração caso as reservas a serem quantificadas sejam de pequeno porte.

Argilas

A produção de argilas em Goiás é direcionada à indústria de refratários, cerâmicas estruturais, cerâmicas brancas em geral e cerâmica de revestimento, num processo natural de verticalização da utilização do produto mineral. Os jazimentos estão geralmente situados em regiões próximas dos empreendimentos industriais que utilizam o bem mineral.

A argila vermelha, destinada, principalmente, à fabricação de tijolos e telhas, tem produção atomizada em dezenas de municípios embora os registros oficiais considerem apenas 14, com destaque para Palmeiras, Jataí e Cabeceiras.
O valor da produção das argilas em Goiás atingiu R$ 2,37 milhões, segundo o DNPM. As argilas vermelhas foram responsáveis por 47% do total da receita. As argilas utilizadas no fabrico de cimento e as usadas na produção de cerâmica branca responderam, respectivamente, por 33,3% e 19,7% do total da receita.

O Estado tem sido extremamente tímido no mercado das argilas, que é amplo e diversificado. Somente uma fábrica de cerâmica de revestimento abastece pequena parte do mercado e mesmo no segmento de telha vermelha, que é produto de industrialização simples, o abastecimento é assegurado, em grande parte, pela importação do produto de Minas Gerais.

Pesquisas recentes, com resultados, ainda, extra-oficias, confirmam a existência de importantes jazidas de argilas cerâmicas na região de Formosa e de caulim no município de Porangatu, região onde o Grupo Cecrisa lavra um depósito do mineral.

Certamente as argilas e os produtos advindos de seu aproveitamento terão participação importante neste novo quadro logístico e econômico que se implanta no Estado, através das ferrovias projetadas e em construção.

O Funmineral, através do Gabinete de Gestão da Mineração, tem investido no desenvolvimento do setor de argilas, inclusive em laboratórios e em capacitação tecnológica. Deve-se, portanto, dar atenção, em particular quanto a cerâmicas estruturais, às dificuldades geradas pela regulamentação ambiental e pela informalidade. Outras substâncias importantes no contexto da mineração em Goiás são o nióbio (3,7% das reservas nacionais) e a vermiculita (71% da produção total brasileira).

Fonte: Jornal Opção