Ilhas de calor em Goiânia crescem 66 vezes
O estudo foi feito no ano passado como parte da tese de mestrado em Geografia do geógrafo Diego Tarley Ferreira Nascimento, orientado pelo doutor em Geografia Ivanilton José de Oliveira. A intenção era avaliar a evolução da ocorrência das ilhas de calor no município de Goiânia num recorte de tempo. Para a análise, foram utilizadas imagens de satélite de três datas específicas dos anos de 1986 (23 de maio), 1996 (2 de maio), 2006 (30 de maio) e 2010 (23 de março), às 13 horas. O satélite (Landsat 5) indicou a temperatura do solo.
De acordo com o pesquisador, a ideia de utilizar o sensoriamento remoto para aferir a temperatura e não as estações meteorológicas ocorre porque a quantidade de estações é insuficiente. "Elas não conseguem indicar, por exemplo, uma variação de temperatura dentro de uma área como o município de Goiânia. Por isso usamos o sensoriamento para indicar a temperatura da superfície que, afinal de contas, acaba sendo correspondente à temperatura do ar", argumenta o geógrafo.
Sobe!
A pesquisa indicou que, ao longo dos últimas duas décadas, a área de ocorrência de temperaturas máximas na cidade vem aumentando, conforme a mancha urbana tem se espalhado. Enquanto em 1986 as áreas com temperaturas acima dos 26,1 graus (consideradas altas para o período do ano) ocupavam apenas 4,2 quilômetros quadrados (km2) no município (0,6%), em 2010, passaram para 279,8 km2 (37,8%).
Enquanto não há diferença no registro das menores temperaturas dentro no município num mesmo horário (19º C) entre 1986 e 2010, as temperaturas mais altas não pararam de subir. Em 1986, a máxima chegava a 29º C e em 2010 chegou a 36º C. Isso quer dizer que a diferença entre a mínima e a máxima aumentou 7 graus em 25 anos dentro de Goiânia. "Verificamos que o município, como um todo, está aquecendo. As áreas com temperaturas mais elevadas estão se ampliando cada vez mais. O pior é que não há nenhum indicativo de que possa ocorrer uma reversão nesse quadro", argumenta o geógrafo Diego Tarley.
De acordo com os mapas (veja na página 7) , as áreas com registro de temperaturas mais altas estão relacionadas com os pontos onde a cidade está mais adensada, como bairros de Campinas, Centro, Santa Genoveva, Jardim Nova Esperança, Cidade Jardim, Novo Horizonte, Jardim América e Setor Bueno. Já os pontos com registros mais baixos são os mais periféricos, onde ainda não houve a expansão da área construída.
Fonte: O Popular