Falta garagem em Goiânia

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Galtiery Rodrigues

É muito carro para pouca garagem. E a dificuldade comumente enfrentada nas ruas de Goiânia atinge até os prédios residenciais. Tanto que há cerca de cinco anos a vaga em um edifício correspondia a no máximo R$ 15 mil. Hoje, conforme corretores e especialistas do ramo imobiliário, o valor pode ultrapassar R$ 25 mil, equivalendo a até 10% do preço do imóvel. No período, o número de veículos na capital cresceu 36,5%. Já são mais de 1 milhão transitando nas ruas da cidade e, diante do consequente aumento da demanda dos moradores em ter uma vaga a mais, a oferta de garagens se tornou o elemento diferencial dos prédios. Chegou-se ao ponto de o número suficiente delas ser decisivo na hora de efetivar a compra ou o aluguel.

Não é difícil encontrar famílias de classe média com até três automóveis. Numa época em que a maioria dos prédios oferece no máximo duas garagens por apartamento, corresponder a toda a demanda existente tem se tornado cada vez mais difícil, mesmo que as construtoras se esforcem para atender a clientela. A saída para muitos moradores tem sido deixar os carros nas ruas ou competir pelo aluguel de vagas – entre 50 reais e 120 reais – em outros edifícios e estacionamentos particulares. Com isso, as vias próximas aos prédios ficam abarrotadas e em qualquer hora do dia é complicado encontrar uma brecha para estacionar o carro.

No Centro, onde fica parte significativa dos residenciais mais antigos, encontra-se até aqueles que, de tão velhos, foram construídos sem garagens. “Para a maioria dos compradores, de 85% a 90%, se não tiver no mínimo uma garagem, o apartamento já não interessa”, estima o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci/GO), Oscar Hugo Monteiro Guimarães. Alguns prédios da região têm mais de 40 anos e foram feitos quando não era necessário sequer ofertar vagas aos moradores, pois o número de automóveis era reduzido e Goiânia estava longe de chegar ao que se confere hoje. Imagine, então, a algazarra que não é agora a competição diária por espaço entre residentes, trabalhadores, estudantes e demais pessoas que trafegam pelo local.

Problemática
Tal disputa, no entanto, não se restringe aos limites da região central. Bairros densamente ocupados por prédios, casas e comércios, como Bueno, Campinas, Marista e Jardim Goiás, também possuem ruas que sofrem do mesmo sintoma. Há 25 anos no ramo imobiliário e hoje diretor da BL Imóveis, Marco Túlio Borges Pereira contextualiza a problemática com o argumento de que há cinco, seis anos ter um carro não era necessidade tão latente. “No Bueno mesmo, setor de pouco mais de 20 anos, pessoas que tinham um carro hoje têm três. São famílias que vivem no bairro desde o início e os filhos foram crescendo e a demanda por carros também”, diz.

No caso do Jardim Goiás, na região sul, bairro que passou por intenso processo de verticalização nos últimos anos, os impactos ocasionados são nítidos. Parte expressiva dos grandes empreendimentos lançados recentemente está no bairro. E, mesmo sendo novos, os edifícios também não conseguem oferecer número de vagas suficiente. Um dos prédios, que nem foi lançado ainda, teve de se adaptar. São 23 andares, com quatro apartamentos por andar e duas garagens para cada, o que está longe de suprir a necessidade. Futuros moradores reclamaram e a construtora decidiu realizar sorteio para ofertar mais 13 vagas. Para adquiri-las, os proprietários terão de desembolsar, caso sejam sorteados, R$ 20 mil.

Fonte: Jornal o Hoje