Patrimônio histórico, praça cívica está tomada por carros
Mesmo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em seu dossiê de tombamento histórico da capital, define a praça como herança da cultura goiana. Até por isso, guardar carros ali divide opiniões. Comerciantes e flanelinhas apóiam a ideia. Assim como parte de quem trabalha no Centro Administrativo Pedro Ludovico Teixeira ou imediações. Gente que afirma precisar do espaço de convivência dos goianos para guardar o carro.
Para outros, munidos de consciência histórica, ver o cartão postal e a área de segurança do Estado tomada por veículos, além de feio, é inseguro. “Quem chega de outra cidade ou Estado para visitar o centro administrativo se impressiona ao ver o centro do Estado e as esculturas margeadas por veículos e flanelinhas”, revela um motorista da Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), lotado há 15 anos no prédio em meio à praça, mas que preferiu não se identificar.
Como se não bastasse ver a história perder espaço para o comodismo, o motorista ainda associa a praça a um enorme banheiro. “Quando estou esperando na praça, tenho que subir no banco e sentar no encosto. Porque o lugar que deveria servir de descanso é usado como banheiro pelos flanelinhas, que tomaram a praça.” Como o local conta com pelo menos uma dezena deles e não tem banheiro, ele denuncia que as necessidades são feitas em qualquer lugar.
Necessidade
O coronel Reno Julius Mesquita, sub-chefe do gabinete militar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, relembra ter participado, em sua juventude, de diversas comemorações e até shows de música popular na praça. Hoje, lamenta ter visto a demanda por espaço transformar a praça em estacionamento. “Quem trabalha nas secretárias ou na região precisa de um local para deixar o carro. Infelizmente, não há outro lugar público para isso a não ser na praça.”
Ele declara ainda que, mesmo sendo usada como estacionamento, todos os monumentos foram preservados e sem perder espaço. “Tudo está de mesmo jeito e em mesmo lugar que estava na fundação”, garante o coronel. Ainda segundo ele, não há restrição nenhuma quanto o uso do local para estacionamento. “A maior parte dos eventos acontecem nos finais de semana ou feriados. Mesmo que um outro aconteça em horário comercial, podemos simplesmente restringir o estacionamento naquela data.”
Mesquita ainda revela ter visto projetos para a revitalização da Praça Cívica. Um deles, inclusive, com um estacionamento subterrâneo e que deixaria a praça livre. Mas que, por enquanto, nada foi definido – até porque o governo do Estado passa, no momento, por grandes dificuldades econômicas.
Fonte: O Hoje