No palco, uma nova Goiânia

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Da cidade sertaneja à Capital produtora de cultura intensa e crescente
Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção
Centro Cultural da UFG abriga mostra de Marcantonio Vilaça

Márcia Abreu

Foi pensando no desenvolvimento do Estado que Pedro Ludovico Teixeira transferiu a Capital, da antiga Vila Boa (hoje cidade de Goiás) para Goiânia, em 1933. À época, constatou-se que a posição geográfica não contribuía com o progresso da cidade. O cenário cultural, sobretudo, reclamava muito. Somou-se a sensibilidade de Ludovico à batalha diária das pessoas ligadas à arte em geral. O resultado é uma nova Goiânia, recheada de programas culturais.

Um dos trechos do hino original de Goiás, alterado em 2001 pelo escritor e poeta goiano José Mendonça Teles, diz assim: “A cortina se abre nos olhos, outro tempo agora nos traz. É Goiânia, sonho e esperança. É Brasília pulsando em Goiás.” A estrofe da composição relata bem o que a Capital vive hoje: um período intenso e ascendente de cultura diversa.

Para a felicidade dos goianienses sedentos por cultura e também da economia local — que ganha com a plateia que vem de outros Estados assistir programações regionais —, Goiânia deixou de ser a famosa cidade sertaneja para se transformar numa metrópole cultural, com programação rica e variada, que vai desde as tradicionais folias e congadas às respeitáveis apresentações de teatro, música, dança e artes plásticas. Mais do que isso: é produtora de cultura e possui plateia fiel aos diferentes gêneros de suas artes.

“Goiânia tem hoje uma oferta de produção cultural muito rica. Sua programação é intensa, há um movimento crescente. Quem vem de outro Estado à Capital, por exemplo, poderá apreciar bons programas culturais, será bem recepcionado”, afirma o diretor de Ação Cultural da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel), Décio Coutinho. Segundo ele, a Capital é respeitada e referência no cenário nacional.

De certa forma quem chamou a atenção do país para Goiás foi o Festival de Vídeo e Cinema Ambiental (Fica). Mas Goiânia vai além da visibilidade que o Fica lhe dá. “É produtora de cultura e não só retransmissora. Tem programação que vai desde as congadas, culturas que têm origem no campo e que move milhares de pessoas nos bairros periféricos de Goiânia e Aparecida de Goiânia, o que muitos não sabem, ao teatro, à música. Há ainda uma conexão da moda com a cultura através do design que vem ocupando espaço na cidade”, diz Coutinho.

Som pesado

No cenário de música goiana, bem longe das rimas de canções sertanejas, bate o som pesado, autêntico e de bom conteúdo das bandas de rock independente. A Capital tem mais grupos desse gênero do que se imagina. Considerada a cidade do rock, Goiânia possui produtoras de música independente e bandas que ultrapassam as fronteiras de Goiás. A maior revista cultural do Brasil, a “Bravo!”, já anexou dois festivais de música goianos, o Bananada e o Goiânia Noise (ambos da Monstro Discos) na lista dos cinco mais influentes do País. Constatou que o Vaca Amarela, festival goiano da Fósforo Cultural, é o terceiro mais promissor do ranking nacional.
Leonardo Razuk é um dos sócios da Monstro. A produtora lança artistas e produz shows em todo o País, tem no currículo mais de 150 discos produzidos. De acordo com ele, Goiânia virou referência de rock no Brasil, embora atenda a todos os estilos de música. “Se a pessoa quer música sertaneja, pop, samba, ela vai encontrar. Mas se buscar rock vai ter uma programação rica, com boas casas e bandas de qualidade. Os melhores festivais de rock no Brasil são realizados aqui. Goiânia é hoje palco fundamental para qualquer artista do gênero. Por isso, eles tocam na cidade e pessoas de fora vêm assistir.”
Razuk cita a banda goiana Black Drawing Chalks como uma das melhores do Brasil. Ele conta que o grupo já tocou nos principais festivais de rock do país, como o SWU; se apresentou no Canadá e na Argentina, concorreu a prêmios na MTV e teve uma música eleita a melhor do ano em 2010 pela revista “Rolling Stone”, uma das mais importantes publicações do gênero no mundo. O produtor também citou outras bandas de destaque, entre elas, a Macaco Bong, que cantou com Gilberto Gil no Goiânia Noise no ano passado, e teve o disco “Artista Igual Pedreiro” premiado.
O Goiânia Noise tem 17 anos e se realiza sempre em novembro. Em 2010, teve mais de 40 shows. Já o Bananada surgiu há três anos, de um projeto que visava um contraponto à pecuária, evento que ocorre em maio, mesmo mês do festival. Segundo Razuk, estes programas duram de três a cinco dias e são apoiados pela Lei de Incentivo municipal e estadual, além de contar com a iniciativa privada.

“Estes festivais movimentam hotel, restaurante, locadora de som, de carro, seguradoras, são grande levantadores de turismo para o Estado. Goiânia Noise, que acontece no Martim Cererê, reuniu no ano passado 10 mil pessoas, aproximadamente 20% do público era de fora: Inhumas, Anápolis, Brasília, Palmas, Uberlândia, Cuiabá, Campinas, São Paulo, Governador Valadares, Minas Gerais, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, com pessoas de todas as idades.” A Petrobrás patrocina há quatro anos os festivais da Monstro.

Cenário rico

Naya de Sousa é quem cuida das ações institucionais da Fósforo Cultural. Ela avalia que o cenário goiano de rock é muito rico se comparado ao de outras cidades brasileiras. Segundo Naya, o turista que chegar a Goiânia e curtir música independente estará bem servido porque existem casas na Capital que só trabalham com esse estilo de música. “Tem o Metrópolis que funciona de quinta a sábado; o Bolshoi Pub que abre de quarta a domingo, além de shows esporádicos que acontecem nos centros culturais e até mesmo nos estúdios de ensaio. Sempre ouço das bandas que trazemos de outros Estados e também de produtores o quão farto é o cenário de rock goiano.”

A Fósforo Cultural realiza festivais anualmente. A produtora também trabalha com eventos em casas de show parceiras, presta assessoria de produção musical, distribuição de CDs e merchans e agendamento de shows em Goiânia e fora da cidade. Parte do trabalho é feito com o apoio do Circuito Fora do Eixo, uma rede de produtores culturais da qual a Fósforo Cultural faz parte. Os festivais da produtora são o Vaca Amarela, realizado há dez anos, e que contempla desde a música regional ao metal e hardcore; o Grito Rock, que acontece no período do carnaval e é articulado pelo Circuito Fora do Eixo e foi apresentado este ano em 130 cidades, nove em países da América Latina; e o Release Alternativo, que agrega novos conceitos e tendências musicais. É voltado para novas bandas do cenário goiano e brasileiro e acontece em outubro e novembro.

“O Vaca é diferente dos outros festivais porque vem agregando outras linguagens artísticas dentro da cultura urbana, como o live painting, moda alternativa, além do Fósforo Consciente, projeto socioambiental que atinge seu ápice anual nas ações do Vaca Amarela. O Vaca sempre acontece em setembro e este ano será entre os dias 6 e 11”, conta Naya.

Cresce o público de teatro

O teatro goiano vem cada vez mais atraindo público. Há alguns anos, era comum ouvir de atores e atrizes goianos que só artista da Rede Globo lotava teatro na Capital. Hoje não, a realidade mudou, segundo um diretor de teatro. Tanto que, para atender a demanda, a cidade ganhou nos últimos dois anos três teatros: Madre Esperança Garrido (do Colégio Santo Agostinho), Teatro do Sesi e o teatro do Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (UFG).

As novas casas somam-se a outros seis teatros da Capital: Teatro Rio Vermelho, que é o maior, com capacidade para 2 mil pessoas, sete camarins e oito cabines para tradução simultânea; Teatro Goiânia, que abriga 814 pessoas, é tradicional e famoso por sua arquitetura art déco, atualmente está passando por reforma; Martim Cererê, com dois teatros, o Yguá e o Piguá, além de teatro ao ar livre; teatro da Escola Técnica Federal (Cefet-GO); teatro do Cine Goiânia Ouro, inaugurado em junho de 2006 e o teatro da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).

O teatro Madre Esperança Garrido foi inaugurado em agosto de 2009, tem capacidade para 785 pessoas. Com estrutura moderna, tem acesso especial para portadores de necessidades especiais e visuais; camarim feminino e masculino, palco com 10m x 15m de dimensões e estacionamento interno. A Casa esteve lotada nos últimos três meses todos os dias da semana.

“A plateia é recebida logo no rol de entrada por um pianista que toca músicas eruditas. A estrutura só perde para a do Teatro Rio Vermelho. Estamos com o teatro lotado até o final de junho. O mais interessante é que há um público fiel que não se distancia dos eventos. Quando a peça é adulta vem com o companheiro e quando é infantil traz os filhos. Aquele cenário de anos atrás de que teatro lotado em Goiânia era sinal de artista global, já não existe mais”, declara o diretor do Teatro Madre Esperança Garrido, Eduardo de Sousa.

Inaugurado em outubro de 2010, o Teatro do Sesi se encontra num complexo de 2.670 metros quadrados, com clube, lanchonetes e restaurantes, espaço destinado a 800 pessoas. Já o teatro comporta 600 espectadores; tem oito camarins, dois próprios para aquecimento antes das apresentações e ensaios rápidos, seis salas para a promoção de oficinas e cursos, café, e estacionamento com 300 vagas. Abriga exposição de artes, música, dança e circo.

O teatro do Centro Cultural da UFG foi inaugurado em dezembro do ano passado com o lançamento do livro do cantor Zeca Baleiro. Terá sua primeira peça de teatro no dia 12 de abril quando o ator Eduardo Moscovis apresentará um monólogo chamado “O Livro”. O palco está sendo preparado. O teatro comporta cerca de 200 pessoas. O antigo Teatro Inacabado, hoje Teatro Otavinho Arantes, fica na Avenida Anhanguera, em frente ao Lago das Rosas, e é um ícone da cultura goiana. Foi construído em 1959 por Otavinho Arantes, um dos pioneiros das artes cênicas em Goiás. (Márcia Abreu)

Museus e a arquitetura art déco

A jovem Goiânia, nos ares de seus 77 anos, também não deixa a desejar no que diz respeito a museus. Em meio a arquitetura art déco da cidade, projetada pelo arquiteto carioca Atílio Correia Lima, e aos parques da Capital que, se não substituem o prazer das praias (que Goiânia não tem), proporcionam momentos de distração e refresco, se encontram os museus.

O Museu Pedro Ludovico Teixeira, nome do fundador de Goiânia e governador do Estado por várias vezes, fica na Rua 26, no setor Sul. Lá é possível conhecer a história do construtor de Goiânia. O espaço é aberto de terça a sexta-feira em horário comercial, e sábados, domingos e feriados das 9 às 16 horas.

O Museu de Arte Contemporânea da Capital abriga acervo dos maiores nomes das artes plásticas goianas, como Siron Franco, Maria Gilhermina, DJ Oliveira, Isa Costa, Antônio Poteiro e Gomes de Souza. Localiza-se no centro da cidade. Ainda na área de artes plásticas, há o Museu de Artes de Goiânia, o primeiro público de artes plásticas do Centro-Oeste. Fica no Bosque dos Buritis, no Setor Oeste, e é aberto nos mesmos horários que o Museu Pedro Ludovico.

Goiânia também abriga um museu criado na década de 1930 pelo então presidente da República, Getúlio Vargas. O Zoroastro Artiaga expõe documentos históricos, utensílios e objetos antigos relacionados aos índios do Brasil Central. Fica na Praça Cívica, no Centro.

O Memorial do Cerrado é de propriedade da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e fica no Câmpus 2 da Universidade. Trata-se de um espaço ideal para quem quer saber como eram as cidades históricas goianas dos séculos 17 e 18. Tudo é acompanhado na Vila Cenográfica Santa Luzia. O acervo possui fósseis e plantas. A visita é cobrada. Estudantes pagam meia entrada. O Memorial é aberto de terça a sábado em horário comercial.

Já o Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (UFG) possui 4.300 peças de coleções etnográficas e mais de 140 mil do acervo arqueológico. Só atende escolas e de terça a sexta. Há também o Museu de Ornitologia, que possui um dos maiores acervos de aves empalhadas do mundo, com mais de 120 mil peças de diversos grupos. Tem diversos tipos de animais, em especial do Cerrado. Fica em Campinas e abre em horário comercial de segunda a domingo.

Por último, existe o Museu de Esculturas ao Ar Livre, localizado na Praça Universitária, no Setor Universitário. Comporta 26 esculturas e 2 painéis. Idealizado pela marchand Maria Célia Câmara, foi criado em 2000 com o apoio da Associação dos Escultores de Goiás (Aego). (M. A.)

Do popular ao som das cordas percutidas do piano

A diversidade musical de Goiânia vai desde as famosas melodias românticas e modas de viola com os goianos Bruno e Marrone, Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano e Amado Batista, ao chamado sertanejo universitário, gênero em que figura Jorge e Mateus. Mas não se resume a isto. A Capital tem apresentações de samba de raiz, chorinho, música popular brasileira, bandas de axé e músicas eruditas de vários níveis, desde o acadêmico ao internacional. São apresentações que contemplam formações variadas, como solos de instrumento ou canto, conjuntos de câmara, coros, e orquestras, apresentando obras virtuosísticas, líricas, românticas e acadêmicas de diversos estilos.

Segundo o professor de regência e piano da Universidade Federal de Goiás (UFG), maestro da Orquestra Acadêmica Jean Douliez da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC/UFG), Carlos Henrique Costa, Goiânia oferece apresentações constantes de música erudita, lírica e também de concertos. O que falta, segundo ele, é divulgação. Costa explica que as Séries de Concertos e temporadas das Orquestras ficam restritas aos esforços de artistas visionários da Capital que desejam divulgar o estilo de música que proporciona momentos de reflexão.

Algumas das séries de concertos estabelecidas em Goiânia são Concertos na Cidade, realizada pela UFG em parceria com o Sesc Cidadania e coordenada pela pianista Ana Flávia Frazão; Concertos Goiânia Ouro junto à Secretaria de Cultura de Goiânia, ambas as séries apresentando música de câmara com convidados internacionais e nacionais, a entrada é franca; Série projeto Quinta Tem Música no Sesc Cidadania, com periodicidade mensal, sempre às quintas-feiras, às 20h30 (é realizada pela Sociedade Goiana de Música em parceria com o Sesc/GO); “Medicina em Concerto”, programa cultural da Faculdade de Medicina da UFG, acontece sempre nas últimas terças-feiras do mês, às 20h30, no Teatro Asklepiós.

“As temporadas das orquestras de Goiânia acontecem em vários teatros, entre eles, o Teatro Goiânia, a Escola Basileu França no Teatro Jaime Câmera, o Teatro Belkiss Mendonça de Carneiro, da UFG, Teatro do Sesc e do Martim Cererê. E no que diz respeito às orquestras, há a Orquestra de Câmara Goyazes, sediada no Centro Cultural Martim Cererê, a Orquestra Sinfônica de Goiânia no Edifício Parthenon Center, Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás no Basileu França e Orquestra Acadêmica Jean Douliez da UFG. Estas orquestras se apresentam inúmeras vezes durante suas temporadas”, relata o maestro. (M. A.)

Artes plásticas: contínua ascensão

O interesse pelas artes plásticas em Goiânia surgiu junto com a transferência da Capital, de Vila Boa para Goiânia, oficialmente em 1942. À época, um grupo apreciador de arte em geral, comandado por José Amaral Neddermeyer, criou a primeira escola de artes de Goiás, a Sociedade Pró-Arte. Depois disso, Goiânia despontaria nas artes plásticas, primeiro com Siron Franco, que percorreu o mundo, expondo e ganhando prêmios (foi considerado o melhor pintor do Brasil no ano de 1974), depois por artistas como Maria Guilhermina, Isa Costa, Antônio Poteiro e outros nomes da nova geração.

Além das galerias de arte que a cidade abriga, entre elas, a Potrich e a Época Decorações, Goiânia tem um novo espaço para eventos deste gênero, que é o Centro Cultural da UFG, inaugurado em dezembro do ano passado. O Centro possui um acervo com mais de 200 obras de artistas goianos nas categorias desenho, pintura, gravura, objeto, escultura, instalação, fotografia e videoarte. Receberá exposições não só de artistas locais como de nacionais.

O galerista Marcantonio Vilaça está com exposição na galeria. De acordo com o artista plástico, professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG (FAV) e diretor do Centro, Carlos Sena, a mostra reafirma a intenção da Casa de promover o diálogo com a arte brasileira, atualizar a local, formar público para a produção de arte contemporânea e democratizar o acesso aos bens culturais por meio tanto da exposição quanto do programa de ação educativa.

“Além disto, as ações do Prêmio CNI Sesi Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas são importantes em contextos fora do eixo Rio-São Paulo, como Goiânia, pois inserem parâmetros de qualidade técnica que ajudam a aprimorar o trabalho dos profissionais locais e a sofisticar o olhar do público”, diz.

Sena recebeu a reportagem do Jornal Opção no Centro Cultural. Depois de conceder entrevista levou-a para conhecer as instalações do prédio. Falou sobre o evento chamado Banquete de Livros, que acontecerá na Casa entre os dias 12 e 14 deste mês. Trata-se de uma “sopa” de cultura: apresentação de teatro, com peça do ator Eduardo Moscovis; de música, com Zeca Baleiro; de literatura, com os escritores Roger Mello (recebedor de oito prêmios Jabuti), Odilon Moraes (prêmio Jabuti em 2009), Marçal Aquino, contista, roteirista e romancista; Fernando Bonassi, cineastra brasileiro; Agnaldo Farias, curador de bienais; Alberto Martins, escultor; Flávio Carneiro, crítico literário; e o poeta Francisco Bosco.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site da Editora da UFG: editora.ufg.br. O crítico Paulo Herkenhoff esteve em Goiânia na semana que se passou analisando portifólios de artista goianos, trabalho feito no Centro Cultural. “Ele se disse impressionado com a quantidade de bons artistas que Goiás tem”, relatou Sena. (M. A.)

Fonte: Jornal Opção