Desmatamento tem queda de quase 50%
Entre os que mais desmataram, Goiás ficou em sexto lugar. Com 2.338 quilômetros quadrados de árvores no chão, o Maranhão é o que mais devastou entre os Estados que estão no bioma. Porém, até 2002, Goiás – que possui 329.595 quilômetros quadrados de Cerrado – registrava os maiores números de desmatamento, com 203.760 quilômetros quadrados de áreas desmatadas. A vegetação nativa em solo goiano não chega a 50%.
De 2002 a 2008, foram 9.898 quilômetros quadrados de desmatamento em Goiás, correspondendo a 3% do total. Entre os municípios que mais colocaram árvores no chão está Crixás, no norte, com 491,26 km quadrados entre 2002 e 2008. Entre os responsáveis por um terço do desmatamento no bioma também entraram na lista Nova Crixás (373 quilômetros quadrados) e Caiapônia (455 quilômetros quadrados).
Pasto
Segundo maior bioma da América do Sul – com aproximadamente dois milhões de quilômetros quadrados, 24% do território brasileiro –, chama atenção dos especialistas pela rápida conversão da vegetação natural em áreas agropastoris. Segundo estudo realizado sobre a detecção de desmatamentos no bioma pelo Instituto de Estudos Sócio-Ambientas (Iesa) da Universidade Federal de Goiás (UFG), dos 800 mil quilômetros quadrados desmatados, 540 mil são de pastagens e 215 mil de agricultura – o que representa quase cinco vezes a área do bioma Pantanal.
É bom lembrar, inclusive, que Goiás tem um dos maiores rebanhos bovinos do País – sem falar na expansão da cana-de-açúcar no sudoeste do Estado.
OcupaÇão
“A ocupação mais intensa já passou. Agora há uma intensificação do uso do solo das áreas já convertidas. A expansão continua, mas em ritmo menor do que há duas, três décadas”, explica o professor do Iesa Manuel Eduardo Ferreira, que também atua no Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento Vda UFG. Ele destaca que o período de maior desmatamento ocorreu a partir de 1970, que em pouco mais de três décadas converteu cerca de 40% da área do bioma em áreas de pastagens, agricultura e urbanização.
Entre as consequências do desmatamento listadas pelo estudo de detecção de desmatamentos feito pelo Iesa, que tem entre os autores Manuel Ferreira, estão uso inadequado da terra, que tende a fragmentar áreas de vegetação natural; redução da biodiversidade; rebaixamento do lençol freático; assoreamento dos cursos d’água, que pode desencadear processos erosivos e comprometer o próprio ciclo hidrológico e prejuízos econômicos e sociais.
Segundo Manuel Ferreira, passou a ser mais difícil e até ruim para o produtor fazer a derrubada em áreas remanescentes de cerrado. “Existe uma fiscalização mais atuante e uma pressão maior da sociedade. A tendência então é incorporar mais tecnologia na produção.” Entre as características das áreas que foram mais ocupadas está o fato de serem as mais férteis, planas e próximas de recursos d’água. “Também são as mais caras, mas que já foram negociadas. Agora é a segunda fase de ocupação, que é mais lenta.”
As áreas que conservam remanescente de cerrado em Goiás estão localizadas mais ao nordeste do Estado. “Se ocorrer o avanço nesses locais será para pastagem ou para extrativismo de carvão vegetal.” Outro problema recorrente nessa região são as queimadas, como destacou Manuel Ferreira. Já expansão do desmatamento em Goiás está localizada principalmente na divisa com Minas Gerais e Bahia, como demonstrou o levantamento do Ibama. “No oeste da Bahia, a ocupação é para o agronegócio com grandes propriedades. No sudoeste de Minas Gerais, já são carvoarias e propriedades menores para agricultura.”
Fonte: Jornal o Hoje