Obra na pista do aeroporto vai suspender 40% dos voos
Restauração prevista para 2013 entre os meses de março e junho deixará pista interditada das 21h10 às 7h10, diariamente.
Mais uma polêmica paira sobre as obras do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia. Desta vez, a discussão travada entre empresas aéreas, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e Infraero é sobre a manutenção da pista, que está prevista, até então, para acontecer entre o início de março e junho do ano que vem. A obra implicará em interdição do aeroporto, durante parte do dia, inviabilizando decolagens e aterrissagens. O horário anunciado previamente para isso foi das 21h10 às 7h10, o que vai acarretar cancelamento de pelo menos 40% dos voos e consequente aumento do preço da passagem nos demais.
Tanto empresas aéreas, como Associação Brasileira de Agências de Viagens de Goiás (Abav) e Goiânia Convention e Visitors Bureau expressaram discordância em relação ao horário sugerido e, ao mesmo tempo, preocupação com o impacto que pode ser gerado. A sugestão foi para tentar minimizar as consequências ao máximo, realizando a interdição da pista entre meia-noite e 6 horas, assim como já foi feito em situações semelhantes em outros aeroportos do Brasil. Porém, a alegação dada foi de que, se diminuir o período de interdição diária, a obra pode demorar o dobro do tempo previsto.
Um relatório oficial foi solicitado à Infraero para servir de base às decisões a serem tomadas pelas empresas, mas até o momento nada foi encaminhado. Em nota, a assessoria de comunicação da Infraero argumenta que a pista vai sim passar por obra de recuperação asfáltica, mas que o serviço está em fase de planejamento, sem nada decidido e que não foi licitado. No entanto, a presidente da ABAV, Tereza Melo, diz já ter sido procurada pela empresa TAM, que está há mais de dois meses tentando argumentar a importância da troca do horário de interdição. Com maiores detalhes obtidos na negociação com ANAC e Infraero, a TAM lhe passou que a obra deve começar no dia 3 de março e terminar no dia 30 de junho.
Ao todo, serão praticamente 120 dias de obra, mas, segundo Tereza, que teve acesso ao contrato a ser fechado com a empreiteira que ganhar a licitação, esse período pode chegar a 180 dias. Em conversa com o superintendente da Infraero em Goiás, Ricardo Signorini, a presidente da Abav conta que ele contrapôs que o tempo de intervenção na pista pode ser de apenas 40 dias, mas Tereza o questionou do porquê da previsão no contrato ser de 180 dias. “Estou preocupada com a situação. O preço das passagens vai aumentar significativamente, e Goiânia pode perder alguns voos, mesmo após o término da obra”, afirma.
Entidades temem impacto de ação na capital
Assim como Tereza, o presidente do Goiânia Convention e Visitors Bureau, Nilton Emerson Pereira, expressa o temor da consequência definitiva que essa situação pode gerar para a capital. Calcula-se que das três maiores empresas que operam no Aeroporto Santa Genoveva, a TAM e a GOl terão que cancelar pelo menos oito voos diários e, a Azul, outros quatro. Isso gera um impasse para as companhias, pois elas vão precisar realocar tais voos para outras cidades, evitando o prejuízo. Essa mudança, dependendo do local para onde forem transferidos e da renda gerada, no período, pode acarretar em perda definitiva dos voos.
“Se as empresas encontrarem um destino melhor e mais rentável, elas não vão retornar para Goiânia”, afirma Nilton Emerson. A situação é vista com preocupação, pois a economia da capital já sofre as consequências de um aeroporto em péssimas condições e cuja obra vem sendo retardada nos últimos anos. A redução dos voos “vai encarecer absurdamente as passagens” – afirma, Tereza –, “e isso vai inviabilizar ainda mais a nossa cidade”, complementa Nilton. Segundo ele, isso vai interferir sensivelmente na economia local. Hoje, aeroporto não é local cativo de turistas, somente, mas principalmente de executivos, trabalhadores, funcionários de empresas que vivem na ponte aérea.
O horário de interdição da pista vai acarretar o cancelamento, justamente, dos voos mais baratos, que são os da madrugada e daqueles de horário confortável para quem precisa chegar ou decolar cedo, que são os de 5 e 6 horas. “Vamos ficar sem o voo das 5h20, por exemplo, muito utilizado por aqueles que precisavam, apenas, passar o dia em São Paulo. Eles chegavam de manhã e voltavam à noite. Com a interdição, perde-se essa opção”, cita Tereza.
Nilton conta que a ideia da Infraero e Anac, exposta em primeiro momento, era fazer a obra ainda este ano, sob pena de o aeroporto não poder operar no ano que vem, pois a situação da pista é crítica. No relatório solicitado à Infraero, pediu-se para esclarecer junto ao setor de engenharia sobre a necessidade da obra. “Pedimos para, se possível, retardá-la um pouco mais até resolvermos essa questão e acordar o horário de interdição que atenda a todos os interesses”, conta.
Empresas
Aquele que precisa sair ou vir para Goiânia de avião sofre com as poucas opções de empresas aéreas que operam na capital. Fica refém do preço cobrado. A situação ficou pior, nas últimas semanas, com o anúncio da Gol de fechamento da WebJet. A realidade da capital, portanto, é desconfortável em dois pontos: redução de voos e empresas. E, hoje, o que define o valor das passagens é o mercado, a concorrência. Não existe nenhuma regulação.
Fonte: Jornal O Hoje