Goiás, uma pequena China que deu certo no Brasil (Goiás é a China do Brasil)
O tucano Marconi Perillo rompe com a política tradicional, reabre o diálogo administrativo com a presidente Dilma Rousseff e articula investimentos consideráveis na economia. O peemedebismo permanece nostálgico de um passado que não volta mais — está sepultado
Uma das preocupações da presidente Dilma Rousseff é que a economia, embora estabilizada, não está crescendo. Há alguma coisa errada e, mais do que a política, a economista atilada já percebeu algumas das causas do problema. São vários os motivos, que não serão discutidos neste Editorial, mas o crescimento desigual dos Estados tem sido apontado com frequência pelos economistas do governo federal. Um dos gargalos dos Estados é a infraestrutura — portos congestionados e aeroportos que não correspondem às necessidades prementes da sexta maior economia do mundo, rodovias intransitáveis e insuficientes, escassez de ferrovias e energia elétrica instável — e, por isso, a presidente tem incentivado os governos que estão com os ajustes fiscais em dia a obterem empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco do Brasil (BB).
Até por ser economista, daí seu pragmatismo, Dilma Rousseff sabe que os Estados de países muito grandes — como Brasil, Estados Unidos, China, Rússia — têm crescimento econômico desigual. Há Estados que avançam mais e outros que avançam menos. Mesmo que haja uma centralização intensa (a União é altamente concentradora de recursos, daí que o presidente, qualquer que seja o partido, funciona quase como ditador e, às vezes, benfeitor dos governadores), como no Brasil, os Estados guardam certa autonomia e, por isso, crescem e se desenvolvem de modos diferentes. Políticas estaduais consistentes, como a reordenação das cadeias produtivas no setor agrícola e incentivos fiscais adequados, contribuem decisivamente para o crescimento e para o desenvolvimento. O governador, como se fosse um mini presidente, tem papel crucial na expansão econômica de seu Estado. Dependendo de suas ações, pode ser um agente da modernização ou um agente da manutenção do atraso.
Ao examinar detidamente a questão dos Estados, quais estão crescendo e quais não estão crescendo, Dilma Rousseff mudou, em parte pelo menos, o foco do seu governo. A presidente decidiu recuperar os Estados paralisados e investir nos Estados que crescem mais do que a média nacional, como Goiás. Nos corredores do Palácio do Planalto, ouve-se, com frequência, que Goiás é “a pequena China brasileira”. As razões do crescimento consistente do Estado têm sido examinadas com lupa por técnicos do governo federal. As conclusões são: o governo estadual, sob o comando do tucano Marconi Perillo, tem feito a lição de casa. Com esforço, e apesar das incompreensões de alguns secretários, o governo operou, entre 2011 e 2012, um forte ajuste fiscal — o que possibilitou o recente empréstimo de R$ 1,5 bilhão do BNDES. O secretário da Fazenda, Simão Cirineu, depois de convencer o governador Marconi Perillo e o secretário de Gestão e Planejamento, Giuseppe Vecci — economista que sabe como as coisas funcionam na área, daí ter contribuído para a política de contenção —, fez cortes brutais no orçamento, reduziu custos em vários áreas e o resultado é que se tem agora um Estado relativamente enxuto. A história de como isto foi feito, de como se cortou na carne, ainda não foi devidamente contada. Mas cada secretário e presidente de agência sabe da economia de guerra que tiveram de fazer e, por isso, muitas vezes foram duramente criticados pela imprensa e pela sociedade.
Entretanto, se houve cortes drásticos, o Estado também investiu e manteve suas contas em dia. O governo Marconi pagou os salários em dia (são milhões de reais no mercado, todo mês), quitou dívidas com fornecedores, fez obras (2.081 quilômetros de rodovias foram recuperados entre 2011 e 2012, um dado relevante, mas pouco lembrado). Atraiu empresas e colaborou para fortalecer as que já atuam no Estado. Note-se que a Mitsubishi, fortemente apoiada pelo governo do Estado, cresceu e é hoje a maior empregadora de Catalão. Não só. A empresa é responsável por mais de 50% dos recursos oriundos de impostos do município. Enfim, o governo movimentou-se, contribuindo para conectar os vários ramos da economia. Somando as ações do governo às ações do mercado privado, Goiás tem crescido quase 10% ao ano — num ritmo chinês e, em alguns momentos, superior ao do maior país asiático. O agronegócio, muito bem dirigido pelos empresários rurais — que não são mais os fazendeiros clássicos, e sim indivíduos capacitados a negociar com as bolsas de vários países —, contribui decisivamente para o crescimento. Tanto que a China, além de comprar produtos, como a soja, tem copiado, largamente, o modelo do agronegócio brasileiro. Os chineses, por sinal, estão de olho em Goiás e pretendem plantar soja no Estado.
O crescimento econômico chinês de Goiás primeiro intrigou Dilma Rousseff e sua equipe. Depois, ao examinar detidamente os dados, a presidente animou-se. Diz-se que a gestora petista é republicana, o que é fato. Por sua formação institucional, não se envolve em picuinhas e questiúnculas. Mas o investimento que tem feito em Goiás, com o objetivo de ampliar seu crescimento, é puro pragmatismo. Embora não seja a locomotiva do país — o título ainda cabe a São Paulo —, Goiás está crescendo, numa espécie de Milagre Econômico do Centro-Oeste, apesar da quase recessão nacional. A presidente percebeu, perspicaz que é, que o exemplo deve ser levado para outros Estados — embora nem todos tenham uma fronteira agrícola tão dinâmica e modernizada. O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, conta que Goiás colheu 20 milhões de toneladas de grãos. A produção dobrou em poucos anos.
Goiás, nona economia da nação patropi, tem sorte de contar com governos modernizadores, de Iris Rezende a Marconi, que deram prioridade ao investimento em infraestrutura, o que foi fundamental para formatar e reformatar o agronegócio em todo o Estado, com concentração maior no Sudoeste, mas já espraiando-se para outras regiões. A fazenda idílica, o lugar de pastorear gado e pescar, foi substituída, em larga escala, por negócios capitalistas de ponta, avançados, com repercussão internacional. O produtor rural de Goiás hoje é um capitalista tão sólido e capaz quanto o capitalista que atua na área da indústria. Aliás, o agronegócio é parte da indústria. O que tornou Marconi forte politicamente é que parece conhecer bem o Estado que administra — até suas filigranas. A sua força eleitoral tem a ver, grandemente, com o fato de que tem sintonia com as pessoas de seu tempo. É um político-gestor sempre presente. Há percalços, é claro, mas a conexão com a sociedade tem sido mantida ao longo dos últimos 12 anos.
Retomando o papel de Dilma Rousseff, é louvável, para a presidente e para os brasileiros, que tenha entendido que, se não investir em infraestrutura, na redução dos gargalos, o país não voltará a crescer acima de 5% — o que poderá comprometer seu projeto político de reeleição, em 2014. Como uma das propostas do governo petista é incluir mais pessoas ao mercado de consumo, retirando-as da condição de párias sociais, é fundamental crescer. Porque, sem crescimento, não é fácil garantir desenvolvimento. E quem assegura desenvolvimento — a melhoria de qualidade de vida das pessoas, não de nichos empresariais e vencedores individuais — é, no geral, o Estado, que quase sempre investe a “fundo perdido” (se isto existe mesmo, pois retorno social, mesmo com custo elevado, é desenvolvimento). Porém, para tanto, o Estado precisa arrecadar mais e isto ocorre quando há crescimento quantitativo e qualitativo. O Estado arrecada muito hoje, mas, se a economia crescer mais, a arrecadação subirá e, além disso, novos investimentos serão feitos e, assim, novos empregos serão criados.
Até por ser economista, daí seu pragmatismo, Dilma Rousseff sabe que os Estados de países muito grandes — como Brasil, Estados Unidos, China, Rússia — têm crescimento econômico desigual. Há Estados que avançam mais e outros que avançam menos. Mesmo que haja uma centralização intensa (a União é altamente concentradora de recursos, daí que o presidente, qualquer que seja o partido, funciona quase como ditador e, às vezes, benfeitor dos governadores), como no Brasil, os Estados guardam certa autonomia e, por isso, crescem e se desenvolvem de modos diferentes. Políticas estaduais consistentes, como a reordenação das cadeias produtivas no setor agrícola e incentivos fiscais adequados, contribuem decisivamente para o crescimento e para o desenvolvimento. O governador, como se fosse um mini presidente, tem papel crucial na expansão econômica de seu Estado. Dependendo de suas ações, pode ser um agente da modernização ou um agente da manutenção do atraso.
Ao examinar detidamente a questão dos Estados, quais estão crescendo e quais não estão crescendo, Dilma Rousseff mudou, em parte pelo menos, o foco do seu governo. A presidente decidiu recuperar os Estados paralisados e investir nos Estados que crescem mais do que a média nacional, como Goiás. Nos corredores do Palácio do Planalto, ouve-se, com frequência, que Goiás é “a pequena China brasileira”. As razões do crescimento consistente do Estado têm sido examinadas com lupa por técnicos do governo federal. As conclusões são: o governo estadual, sob o comando do tucano Marconi Perillo, tem feito a lição de casa. Com esforço, e apesar das incompreensões de alguns secretários, o governo operou, entre 2011 e 2012, um forte ajuste fiscal — o que possibilitou o recente empréstimo de R$ 1,5 bilhão do BNDES. O secretário da Fazenda, Simão Cirineu, depois de convencer o governador Marconi Perillo e o secretário de Gestão e Planejamento, Giuseppe Vecci — economista que sabe como as coisas funcionam na área, daí ter contribuído para a política de contenção —, fez cortes brutais no orçamento, reduziu custos em vários áreas e o resultado é que se tem agora um Estado relativamente enxuto. A história de como isto foi feito, de como se cortou na carne, ainda não foi devidamente contada. Mas cada secretário e presidente de agência sabe da economia de guerra que tiveram de fazer e, por isso, muitas vezes foram duramente criticados pela imprensa e pela sociedade.
Entretanto, se houve cortes drásticos, o Estado também investiu e manteve suas contas em dia. O governo Marconi pagou os salários em dia (são milhões de reais no mercado, todo mês), quitou dívidas com fornecedores, fez obras (2.081 quilômetros de rodovias foram recuperados entre 2011 e 2012, um dado relevante, mas pouco lembrado). Atraiu empresas e colaborou para fortalecer as que já atuam no Estado. Note-se que a Mitsubishi, fortemente apoiada pelo governo do Estado, cresceu e é hoje a maior empregadora de Catalão. Não só. A empresa é responsável por mais de 50% dos recursos oriundos de impostos do município. Enfim, o governo movimentou-se, contribuindo para conectar os vários ramos da economia. Somando as ações do governo às ações do mercado privado, Goiás tem crescido quase 10% ao ano — num ritmo chinês e, em alguns momentos, superior ao do maior país asiático. O agronegócio, muito bem dirigido pelos empresários rurais — que não são mais os fazendeiros clássicos, e sim indivíduos capacitados a negociar com as bolsas de vários países —, contribui decisivamente para o crescimento. Tanto que a China, além de comprar produtos, como a soja, tem copiado, largamente, o modelo do agronegócio brasileiro. Os chineses, por sinal, estão de olho em Goiás e pretendem plantar soja no Estado.
O crescimento econômico chinês de Goiás primeiro intrigou Dilma Rousseff e sua equipe. Depois, ao examinar detidamente os dados, a presidente animou-se. Diz-se que a gestora petista é republicana, o que é fato. Por sua formação institucional, não se envolve em picuinhas e questiúnculas. Mas o investimento que tem feito em Goiás, com o objetivo de ampliar seu crescimento, é puro pragmatismo. Embora não seja a locomotiva do país — o título ainda cabe a São Paulo —, Goiás está crescendo, numa espécie de Milagre Econômico do Centro-Oeste, apesar da quase recessão nacional. A presidente percebeu, perspicaz que é, que o exemplo deve ser levado para outros Estados — embora nem todos tenham uma fronteira agrícola tão dinâmica e modernizada. O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, conta que Goiás colheu 20 milhões de toneladas de grãos. A produção dobrou em poucos anos.
Goiás, nona economia da nação patropi, tem sorte de contar com governos modernizadores, de Iris Rezende a Marconi, que deram prioridade ao investimento em infraestrutura, o que foi fundamental para formatar e reformatar o agronegócio em todo o Estado, com concentração maior no Sudoeste, mas já espraiando-se para outras regiões. A fazenda idílica, o lugar de pastorear gado e pescar, foi substituída, em larga escala, por negócios capitalistas de ponta, avançados, com repercussão internacional. O produtor rural de Goiás hoje é um capitalista tão sólido e capaz quanto o capitalista que atua na área da indústria. Aliás, o agronegócio é parte da indústria. O que tornou Marconi forte politicamente é que parece conhecer bem o Estado que administra — até suas filigranas. A sua força eleitoral tem a ver, grandemente, com o fato de que tem sintonia com as pessoas de seu tempo. É um político-gestor sempre presente. Há percalços, é claro, mas a conexão com a sociedade tem sido mantida ao longo dos últimos 12 anos.
Retomando o papel de Dilma Rousseff, é louvável, para a presidente e para os brasileiros, que tenha entendido que, se não investir em infraestrutura, na redução dos gargalos, o país não voltará a crescer acima de 5% — o que poderá comprometer seu projeto político de reeleição, em 2014. Como uma das propostas do governo petista é incluir mais pessoas ao mercado de consumo, retirando-as da condição de párias sociais, é fundamental crescer. Porque, sem crescimento, não é fácil garantir desenvolvimento. E quem assegura desenvolvimento — a melhoria de qualidade de vida das pessoas, não de nichos empresariais e vencedores individuais — é, no geral, o Estado, que quase sempre investe a “fundo perdido” (se isto existe mesmo, pois retorno social, mesmo com custo elevado, é desenvolvimento). Porém, para tanto, o Estado precisa arrecadar mais e isto ocorre quando há crescimento quantitativo e qualitativo. O Estado arrecada muito hoje, mas, se a economia crescer mais, a arrecadação subirá e, além disso, novos investimentos serão feitos e, assim, novos empregos serão criados.
Marconi não é fênix
Tucanos dizem que Marconi é fênix. Fênix, como se sabe, renasce das cinzas. O tucano, embora atacado com virulência tanto pelo petismo quanto pelo peemedebismo, numa campanha que parecia mortal — queriam devolver o “veneno” que supostamente havia sido inoculado no ex-presidente Lula da Silva —, não morreu politicamente, portanto não precisou renascer. Apesar dos abalos, porque é humano, o governador, quanto mais atacado, parece ter a sua musculatura reforçada. Quando tentam isolá-lo, busca novos apoios, rearticula-se e, sobretudo, não desiste nunca. Pode-se dizer que, em sua história, Goiás teve cinco governadores workaholics — Pedro Ludovico, Mauro Borges, Irapuan Costa Júnior, Iris Rezende e Marconi. Marconi é “viciado” em trabalho e... em política. Sua atividade intensa — sua movimentação político-administrativa — confunde adversários e, mesmo, aliados. Quando pensam que é uma coisa, fixando uma crítica, o tucano-chefe já se tornou outra coisa e, aí, a crítica não funciona. A dialética petista-peemededista parece não entender sua resiliência.
Como o governo de Dilma Rousseff parecia hostil, pois era visto como mera continuidade do governo de Lula da Silva, a tendência era Marconi manter-se isolado, “curtindo” uma espécie de “fossa” (termo démodé) e, assim, prejudicando os goianos. Por entender que, no sistema verdadeiramente republicano, representantes de governos —presidentes, governadores e prefeitos — não fazem “oposição” entre si, porque o interesse público está acima dos conflitos políticos e pessoais, o tucano procurou a presidente, em busca de um diálogo produtivo para Goiás e, corolariamente, para o Brasil. Vários políticos — como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e o senador Gim Argello, do PTB do Distrito Federal — contribuíram para a abertura das conversações. Mas, como se disse antes, se Marconi, como gestor, não tivesse feito o dever de casa — o enxugamento da máquina, o ajuste fiscal —, não teria como obter o empréstimo do BNDES ou qualquer outro empréstimo. Sem credibilidade e autoridade, sem amparo político, o tucano, por exemplo, não teria resolvido o problema da Celg e o Estado não teria se tornado sócio da Eletrobrás.
Na terça-feira, 6, na presença de prefeitos, líderes políticos e empresariais, o governador Marconi assinou ordens de serviço das obras dos programas Rodovida Conservação, Rodovia Reconstrução 2 e Rodovida Construção.
O governo Marconi pretende fazer 164 obras de infraestrutura, como construção, reconstrução e manutenção de rodovias, construção e remodelação de 29 aeroportos, construção de três viadutos em Goiânia, duplicação rodoviária entre Novo Gama e Lago Azul.
O Rodovida Construção será executado com recursos do BNDES. O governo Marconi usará R$ 1,5 bilhão para pavimentar 1,7 quilômetros, ou seja, 63 trechos de rodovias goianas. O objetivo é construir novas estradas e recuperar trechos começados em gestões anteriores. Segundo o presidente da Agetop, Jayme Rincon, dezessete rodovias deverão ser retomadas e iniciadas imediatamente. As licitação, afirma Rincon, estão prontas, com os respectivos licenciamentos ambientais e projetos executivos.
Bancado pelo Fundo de Transportes, o programa Rodovia Reconstrução começa em abril de 2013, com investimento de R$ 539 milhões.
O Rodovida Conservação tem como objetivo melhorar 10.259,4 quilômetros de 20 rodovias pavimentadas e 9.175,2 de 14 estradas não asfaltadas. As obras vão favorecer 34 regiões. O governo aplicará R$ 587 milhões.
Ao final de 2013, o governo prevê que mais de 4 mil quilômetros de rodovias terão sido recuperados. Para 2014, Marconi espera contar com mais R$ 1,5 bilhão do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para novos investimentos. Por isso, desde já, está decidido a manter o Estado com uma estrutura menor e mais barata.
Aos aliados, Marconi diz que sua frase-símbolo — “Vou fazer o melhor governo da vida dos goianos” — não é apenas um texto de oportunidade, marketing. “Quem viver, se quiser, verá” — dizem, com frequência, seus aliados, que têm uma confiança impressionante no seu chefe político.
Preocupado com a qualidade das obras, o governo Marconi buscou uma auditoria externa, da Fundação de Apoio à Pesquisa — que conta com o apoio da Escola de Engenharia —, da Universidade Federal de Goiás A Funape afere a qualidade das obras de reabilitação das estradas goianas; se necessário, o trabalho é refeito.
Se a oposição insistir apenas na questão de Carlos Cachoeira, desconhecendo o que está sendo feito e o que deverá ser feito, vai, mais uma vez, assistir, pela televisão, outra posse de Marconi. No lugar de repisar o passado, deveria verificar o que está sendo realizado e está sendo acompanhado pela população e, em seguida, apresentar um projeto alternativo de gestão, não apenas de poder. Problemas, sabem os eleitores, todos os políticos têm — uns mais, outros menos. O discurso do “contra”, da oposição pela oposição, não tem funcionado. A economia de Goiás modernizou-se, mas o PMDB precisa modernizar seu discurso, torná-lo — não apenas uma crítica “agressiva” ao governador Marconi, como se um político mais velho estivesse passando uma descompostura (“ralhando”, para usar uma palavra arcaica) num político mais jovem — um projeto alternativo e superior para desenvolver ainda mais o Estado. Não custa recordar que Marconi impôs quatro derrotas consecutivas ao peemedebismo. Se o PMDB não se repensar, se insistir na crítica pela crítica, vai perder pela quinta vez, em 2014. Marconi está vivo, vivíssimo, mas o PMDB, pelo menos seus líderes mais tradicionais, se alimentam de nostalgia, de um passado que, como não volta mais — está definitivamente sepultado.
Tucanos dizem que Marconi é fênix. Fênix, como se sabe, renasce das cinzas. O tucano, embora atacado com virulência tanto pelo petismo quanto pelo peemedebismo, numa campanha que parecia mortal — queriam devolver o “veneno” que supostamente havia sido inoculado no ex-presidente Lula da Silva —, não morreu politicamente, portanto não precisou renascer. Apesar dos abalos, porque é humano, o governador, quanto mais atacado, parece ter a sua musculatura reforçada. Quando tentam isolá-lo, busca novos apoios, rearticula-se e, sobretudo, não desiste nunca. Pode-se dizer que, em sua história, Goiás teve cinco governadores workaholics — Pedro Ludovico, Mauro Borges, Irapuan Costa Júnior, Iris Rezende e Marconi. Marconi é “viciado” em trabalho e... em política. Sua atividade intensa — sua movimentação político-administrativa — confunde adversários e, mesmo, aliados. Quando pensam que é uma coisa, fixando uma crítica, o tucano-chefe já se tornou outra coisa e, aí, a crítica não funciona. A dialética petista-peemededista parece não entender sua resiliência.
Como o governo de Dilma Rousseff parecia hostil, pois era visto como mera continuidade do governo de Lula da Silva, a tendência era Marconi manter-se isolado, “curtindo” uma espécie de “fossa” (termo démodé) e, assim, prejudicando os goianos. Por entender que, no sistema verdadeiramente republicano, representantes de governos —presidentes, governadores e prefeitos — não fazem “oposição” entre si, porque o interesse público está acima dos conflitos políticos e pessoais, o tucano procurou a presidente, em busca de um diálogo produtivo para Goiás e, corolariamente, para o Brasil. Vários políticos — como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e o senador Gim Argello, do PTB do Distrito Federal — contribuíram para a abertura das conversações. Mas, como se disse antes, se Marconi, como gestor, não tivesse feito o dever de casa — o enxugamento da máquina, o ajuste fiscal —, não teria como obter o empréstimo do BNDES ou qualquer outro empréstimo. Sem credibilidade e autoridade, sem amparo político, o tucano, por exemplo, não teria resolvido o problema da Celg e o Estado não teria se tornado sócio da Eletrobrás.
Na terça-feira, 6, na presença de prefeitos, líderes políticos e empresariais, o governador Marconi assinou ordens de serviço das obras dos programas Rodovida Conservação, Rodovia Reconstrução 2 e Rodovida Construção.
O governo Marconi pretende fazer 164 obras de infraestrutura, como construção, reconstrução e manutenção de rodovias, construção e remodelação de 29 aeroportos, construção de três viadutos em Goiânia, duplicação rodoviária entre Novo Gama e Lago Azul.
O Rodovida Construção será executado com recursos do BNDES. O governo Marconi usará R$ 1,5 bilhão para pavimentar 1,7 quilômetros, ou seja, 63 trechos de rodovias goianas. O objetivo é construir novas estradas e recuperar trechos começados em gestões anteriores. Segundo o presidente da Agetop, Jayme Rincon, dezessete rodovias deverão ser retomadas e iniciadas imediatamente. As licitação, afirma Rincon, estão prontas, com os respectivos licenciamentos ambientais e projetos executivos.
Bancado pelo Fundo de Transportes, o programa Rodovia Reconstrução começa em abril de 2013, com investimento de R$ 539 milhões.
O Rodovida Conservação tem como objetivo melhorar 10.259,4 quilômetros de 20 rodovias pavimentadas e 9.175,2 de 14 estradas não asfaltadas. As obras vão favorecer 34 regiões. O governo aplicará R$ 587 milhões.
Ao final de 2013, o governo prevê que mais de 4 mil quilômetros de rodovias terão sido recuperados. Para 2014, Marconi espera contar com mais R$ 1,5 bilhão do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para novos investimentos. Por isso, desde já, está decidido a manter o Estado com uma estrutura menor e mais barata.
Aos aliados, Marconi diz que sua frase-símbolo — “Vou fazer o melhor governo da vida dos goianos” — não é apenas um texto de oportunidade, marketing. “Quem viver, se quiser, verá” — dizem, com frequência, seus aliados, que têm uma confiança impressionante no seu chefe político.
Preocupado com a qualidade das obras, o governo Marconi buscou uma auditoria externa, da Fundação de Apoio à Pesquisa — que conta com o apoio da Escola de Engenharia —, da Universidade Federal de Goiás A Funape afere a qualidade das obras de reabilitação das estradas goianas; se necessário, o trabalho é refeito.
Se a oposição insistir apenas na questão de Carlos Cachoeira, desconhecendo o que está sendo feito e o que deverá ser feito, vai, mais uma vez, assistir, pela televisão, outra posse de Marconi. No lugar de repisar o passado, deveria verificar o que está sendo realizado e está sendo acompanhado pela população e, em seguida, apresentar um projeto alternativo de gestão, não apenas de poder. Problemas, sabem os eleitores, todos os políticos têm — uns mais, outros menos. O discurso do “contra”, da oposição pela oposição, não tem funcionado. A economia de Goiás modernizou-se, mas o PMDB precisa modernizar seu discurso, torná-lo — não apenas uma crítica “agressiva” ao governador Marconi, como se um político mais velho estivesse passando uma descompostura (“ralhando”, para usar uma palavra arcaica) num político mais jovem — um projeto alternativo e superior para desenvolver ainda mais o Estado. Não custa recordar que Marconi impôs quatro derrotas consecutivas ao peemedebismo. Se o PMDB não se repensar, se insistir na crítica pela crítica, vai perder pela quinta vez, em 2014. Marconi está vivo, vivíssimo, mas o PMDB, pelo menos seus líderes mais tradicionais, se alimentam de nostalgia, de um passado que, como não volta mais — está definitivamente sepultado.
Fonte: Jornal Opção
1 comentários:
Write comentáriosNessa hora, todo mundo é bom, todo mundo é santo. Mas basta um interesse pessoal ser contrariado pra esse "amor" entre as instâncias de poder (DILMA / MARCONI & CIAs LTDAs) se desfazer como um castelo de cartas. Nessa cena não há heróis nem santos e muito menos salvadores da pátria. O que existem são projetos partidários e pessoais de dominação e conquista de poder pelo poder...
ReplyE o povo, ah o povo vai na onda. Toca o enterro!!