Os muitos centros de Goiânia
No início da construção da nova Capital, em 1933, o projeto original da nova cidade foi encomendado pelo interventor Pedro Ludovico Teixeira, ao arquiteto e urbanista Attílio Corrêa Lima. Tal projeto deveria seguir a marca da modernidade, ou seja, a tendência urbanística já consagrada em diversas cidades do País, representando os novos valores do modernismo e do capitalismo na região. Assim, nasce uma cidade de traçado urbano e arquitetura moderna, fundamentada na ART DÉCO e nas idéias européias de cidade-jardim. O plano urbanístico original de Goiânia é um traçado urbanístico do tipo radial concêntrico, com três grandes vias dispostas em forma de raio tendo como centro a Praça Cívica, centro do poder político do Estado. A via central, Avenida Goiás, possui em um extremo, o centro do poder público, no outro, a Estação Ferroviária, e, ao longo da via, os principais edifícios da Capital. Em 24 de abril do mesmo ano, o governo do Estado atribuiu aos engenheiros Coimbra Bueno & Cia. Ltda. a construção da nova capital de ”Goiaz”, por força contratual, prevendo uma cidade que deveria atingir uma população máxima de 50 mil pessoas.
Assim, Goiânia desenvolveu-se rapidamente nos moldes do Plano de Urbanização de sua criação. Contudo, teve que, ao longo de suas primeiras décadas adequar-se à realidade que enfrentava, em relação ao espaço territorial até então constituído. Passou por situações não imaginadas por seus idealizadores, dentre elas a carência de áreas para desenvolver programas habitacionais, a fim de abrigar a grande leva de imigrantes que chegava na expectativa das oportunidades oferecidas pela jovem cidade. Tendo em vista a pressão exercida pela população que chegava à cidade, surge a necessidade de expandir seu território urbano.
O crescimento da cidade alterou sua estrutura urbana, à medida que surgem novos bairros. A cidade hoje supera a casa de 1 milhão de habitantes, possui um número elevado de bairros, setores, vilas e jardins, dividindo a cidade em 12 regiões, segundo a divisão geográfica estabelecida pela Secretaria de Planejamento (Seplam), distribuída da seguinte forma:
1 - Região Campinas, com 4 microrregiões e 53 bairros
2 - Região Central, com 3 microrregiões e 24 bairros.
3 - Região Leste, com 5 microrregiões e 48 bairros.
4 - Região Mendanha, com 4 microrregiões e 39 bairros.
5 - Região Noroeste, com 5 microrregiões e 36 bairros.
6 - Região Norte, com 6 microrregiões 43 bairros.
7 - Região Oeste, com 6 microrregiões e 40 bairros.
8 - Região Sudeste, com microrregiões e 23 bairros.
9 - Região Sudoeste I, com 3 microrregiões e 23 bairros.
10 - Região Sudoeste II, com 4 microrregiões e 54 bairros.
11 - Região Sul, com 3 microrregiões e 18 bairros.
12 - Região Vale do Meia Ponte, com 4 microrregiões e 41 bairros.
O crescimento da cidade modificou substancialmente sua ocupação territorial, à medida que foram surgindo novos bairros. A expansão e o aumento da população estimularam o aparecimento dos centros de bairro, áreas voltadas ao comércio e à prestação de serviços, atendendo às demandas presentes nos novos bairros (Jardim Nova Esperança; Av. 24 de Outubro; Av. Magalô; 5ª Avenida, na Vila Nova; Av. Marechal Rondon, Av. Aderup, entre outras, são exemplos).
Entretanto sempre me indaguei sobre o que leva o cidadão a se deslocar diariamente do seu bairro até o Centro de nossa Capital, com tanta frequência.
Que tipo de serviço público social oferecido à população o leva a superlotar os ônibus e se deslocar ao Centro? Que alternativa poderia o poder público, além de melhorar as condições do transporte coletivo fazer com que diminuísse o deslocamento da população no sentido do Centro da cidade?
Esta ação de fortalecer os centros dos bairros deve ser considerada positiva, pois reduz a quantidade e a extensão dos deslocamentos, diminuindo a necessidade de transporte coletivo; facilita o acesso aos serviços públicos e ao comércio. Além disso, os centros de bairro assumem um papel importante na constituição da identidade das comunidades locais, funcionando como um ponto de referência e expressão simbólica das condições de vida e das aspirações dos seus moradores.
A prefeitura pode intervir, estimulando e ordenando o seu desenvolvimento através da consolidação da estrutura urbana do centro de bairro. Estas intervenções podem reduzir os impactos negativos na qualidade de vida da população no tocante ao transporte coletivo, ao trânsito de veículos e de pedestres, à segurança e à acessibilidade aos serviços públicos.
Os centros de bairro, nesse sentido, devem ter condições de atender o máximo de necessidades da população, evitando deslocamentos e promovendo o desenvolvimento local. Devem oferecer não só atividades comerciais e prestação de serviços por particulares, mas também podem ser utilizados como instrumento de descentralização dos serviços públicos (mais VAPT VUPT, por exemplo)
A implantação de uma política de revitalização ou desenvolvimento dos centros de bairro permite o aparecimento de novas relações sociais na vida urbana. Podem-se implantar equipamentos integrados, de forma que o cidadão encontre informações e atendimento em diversas áreas de atuação da prefeitura e do governo do Estado. Com investimentos relativamente pequenos, é possível instalar um posto de atendimento integrado a outros equipamentos e serviços (terminal de ônibus, posto de saúde, posto de policiamento ou a um centro comunitário). Este posto de atendimento pode oferecer, também, serviços de órgãos públicos não municipais, mediante convênio para sua implantação e manutenção.
O reforço dos centros de bairro cria condições para o desenvolvimento do comércio e da rede de serviços locais, inclusive gerando empregos que beneficiarão os moradores do próprio bairro. Reduz os entraves da concentração, ou seja, os impactos negativos gerados pela concentração de atividades em uma única área, com efeitos importantes sobre os gastos e custos de transporte, equipamentos sociais e infraestrutura urbana.
O centro de bairro pode apresentar, também, uso voltado à convivência e lazer, oferecidos pelo setor privado ou pelos serviços públicos. A promoção de eventos e atividades culturais nos centros de bairro, além de contribuir para a regionalização e descentralização da ação cultural, pode contribuir para consolidar o uso para lazer. O alargamento de vias, priorizando o espaço do pedestre e da bicicleta, ou projetos de reforma e redefinição de espaços como praças e canteiros centrais de avenidas também podem tornar mais atraente o centro de bairro como espaço de convivência. Em algumas situações, pode-se implantar um centro cultural em áreas ou edifícios subutilizados ou degradados, recuperando-os em parceria com a iniciativa privada.
Darei sequência a este tema, irei abordar nos próximos artigos cada região de nossa Capital, fazendo análises histórica e técnica de sua formação urbana.
(Garibaldi Rizzo, arquiteto; urbanista, gerente de Políticas Habitacionais – Secretaria de Estado das Cidades)
Fonte: DM Online
1 comentários:
Write comentáriosPARABENS AO TEMA ABORDADO!!
ReplyESTA NA HORA DA PREFEITURA DE GOIANIA E SUA POPULAÇAOE INCENTIVAR A UTILIZAÇAO DOS SERVIÇOS PRESTADOS EM SUA ZONA DOMICILIAR.
PRINCIPALMENTE A DE BAIXA RENDA QUE TEIMA EM SE DESLOCAR PRO CENTRO DE GOIANIA COMO UNICO MODO DE "FAZER TODAS AS COISAS( SHOPPING POPULAR,IR AO BANCO, SUPERMERCADO E LAZER E ATE TRABALHAR NO COMERCIO CENTRAL)
FAZEM COM ESTA ATITUDE O CONGESTIONAMENTO DO CENTRO DA CIDADE E PIORANDO JA O PRECARIO SISTEMA DE TRASPORTE DE "gado" GOIANIENSE E TAMBEM A MARGINALIDADE PEGA ESSA CARONA.
SERIA INTERESSANTE A PREFEITURA DE GOIANIA LANÇAR MAO DE INCENTIVOS FISCAIS PARA OS LOJISTAS DESSES BAIRROS PERIFERICOS QUE JA CONTAM COM UM SIMPLES ESTRUTURA URBANA ( LOJAS, MERCADINHOS, BARZINHOS E SO( POIS CINEMA, BIBLIOTECAS PUBLICAS, CENTROS DE LAZER ( PISCINA) E TEATRO AINDA ESTAO FORA DO EIXO PERIFERICO DE GOIANIA INFELIZMENTE!!!!
E AO DAR DESCONTOS DE IPTU, ICMS, E OUTROS IMPOSTOS ESTES COMERCIANTES PODERIAM MANTER EM LOCO O PUBLICO QUE CONTINUA VIR AS TONELADAS PRO CENTRO DE GOIANIA E CONSEQUENTEMENTE TRAZ PROBLEMAS PARA OS MORADORES DO PROPRIO CENTRO TRADICIONAL DA CIDADE.