Jovens são mais de 60% nos presídios em Goiás
Estudo inédito do Programa Total Transparência, da Agência Goiana do Sistema Prisional, revela que população carcerária do Estado .
Goiás tem uma população carcerária jovem, com pouco ou nenhum estudo e que, ao longo dos anos, passou a cometer crimes de maior potencial ofensivo, conforme revelam dados estatísticos do sistema prisional. Segundo o estudo, que analisa números desde 2010 até julho deste ano, 60,51% dos 11.861 presos que cumprem penas nas 78 unidades prisionais do Estado têm entre 18 anos e 29 anos e um total de 70,7% não tem ensino fundamental completo. Os crimes de latrocínio, roubo qualificado e homicídio qualificado encabeçam o ranking dos que mais cresceram naquele período.
Os dados, que fazem parte do Programa Total Transparência, da Agência Goiana do Sistema Prisional (Agsep), mostram que a quantidade de pessoas naquela faixa etária dentro das unidades prisionais cresce junto com as ocorrências mais graves. Em 2010, 6.903 presos considerados jovens cumpriam pena e, atualmente, são 7.178. O número de presos (incluindo todas as idades) que respondem por latrocínio (roubo seguido de morte) passou de 331 para 440 – o que corresponde a um acréscimo de 32,93%. No crime de roubo qualificado, passou de 1.096 para 1.399, um aumento de 27,64%. Já os homicídios qualificados, aumentaram de 901 para 1.000.
O presidente da Agsep, Edemundo Dias, salienta que este é um indicativo de que parte dos jovens de Goiás não teve acesso à Educação, tem entrado cada vez mais no mundo do crime e se envolvendo em ocorrências graves, com mais violência e agressividade. “Pela primeira vez, foi possível traçar o perfil da população carcerária e conhecer a realidade do Estado. Por meio desse estudo, será possível estudar políticas mais condizentes e mais direcionadas”, acredita.
Para o presidente da Agsep, três fatores contribuem para montar esse perfil dentro das unidades prisionais. O primeiro deles, conforme diz, é o fato de as famílias estarem “terceirizando” a educação de seus filhos. Isso se associa à baixa escolaridade, a falta de qualificação e ao uso de drogas, principalmente do crack. “Por isso, é preciso trabalhar políticas públicas na área da Educação e profissionalização, além de atuar na recuperação de dependentes químicos”, acredita.
Dias lembras que os crimes que encabeçam o ranking com mais ocorrências estão ligados entre si e inclui ainda o tráfico de drogas nessa relação, crime que tem 3.057 presos atualmente cumprindo pena. Dentro das próprias unidades prisionais, é possível constatar o aumento no uso e tráfico de entorpecentes, principalmente o crack. Entre 2010 e 2011, foram apreendidos 387 quilos de drogas dentro das unidades prisionais, dos quais a maior parte é referente à maconha (84% em 2011, por exemplo). No que diz respeito ao crack, o presidente da Agsep salienta, ao que tudo indica, as apreensões, ainda não calculada em 2012, pode ter dobrado.
Fonte: Jornal O Hoje