Setores nem tão nobres
Violência e falta de infraestrutura não são características marcantes apenas das periferias. Pelo contrário, regiões onde vivem quase que exclusivamente integrantes das classes A e B apresentam diversos desses problemas. Reportagem de O HOJE fez ronda nos quatro bairros considerados os mais nobres da capital – Sul, Marista, Oeste e Bueno – e constatou que, à exceção da valorização, eles têm muito em comum com setores como Finsocial e Vila Mutirão, apenas para citar dois exemplos.
A violência é frequente. Nos últimos 30 dias, duas pessoas foram assassinadas às margens da Avenida T-63, uma das vias comerciais mais importantes de Goiânia. Assaltos e roubos de veículos são comuns nesses setores nobres, até porque os ladrões podem lucrar mais atuando junto a classes mais altas, com carros e objetos de mais valor. Além disso, imóveis abandonados servem de “mocós” para usuários de droga e moradores de rua. São vários pontos onde podemos ver lotes baldios, casas caindo aos pedaços e salas comerciais vazias. E olha que são imóveis que valem algumas centenas de milhares de reais.
No Bueno, por exemplo, a esquina da Rua S-1 com a T-64, onde funcionava o restaurante Albatroz, é chamariz para usuários de droga na madrugada, já que o local está abandonado desde que o restaurante fechou, há anos. Por esse motivo, passar por lá depois que escurece se tornou sinônimo de perigo. No Setor Oeste, na Assis Chateaubriand, dois lotes vazios a poucos metros um do outro, também são arriscados à noite.
Alagamentos e buracos
A maioria das ruas desses bairros tem pavimentação antiga e, ainda, não possui galerias pluviais. No Oeste, próximo ao Parque Lago das Rosas – um dos mais antigos da cidade –, por exemplo, os alagamentos são frequentes. Mesmo onde existem galerias pluviais, muitas são estreitas e de diâmetro incapaz de corresponder à vazão necessária, sendo mais fácil entupir. Por isso, os moradores sofrem com alagamentos frequentes na época de chuvas.
O diretor de operações da Agência Municipal de Obras (Amob), Paulo Kruk, lembra que esses bairros só não sofrem mais porque não ficam em áreas baixas e nem em beiras de córregos. A solução, segundo ele, não é sair pela cidade fazendo novos buracos e redimensionando as galerias. Isso é feito apenas nos casos mais críticos e como medida de curto prazo. A saída a longo prazo, segundo ele, é refazer tudo, trabalho que demanda projeto detalhado do local e muito investimento. A Amob já discute o assunto, mas ainda não tem previsão para entregar o projeto das galerias.
Além dos alagamentos, o asfalto já foi furado mais de uma vez para passar a tubulação durante a construção de novos prédios. Quando os prédios ficam prontos, os buracos são tapados, mas o serviço não é bem executado, na maioria dos casos, e as ruas ficam com desníveis. Por esse motivo, os buracos logo voltam a ser problema. Ruas 5, 2 e 1 no Oeste são exemplos claros desse problema. “Quando passo nessas ruas de carro, é notável o treme-treme”, conta morador.
Fonte: Jornal o Hoje