Dict e empresas se unem para reduzir acidentes
Na mesma pista em que ônibus transitam nos terminais, usuários do transporte coletivo passam de um lado para o outro para chegar às plataformas de embarque. Nesse trajeto, não há faixas para pedestres e a população tem de disputar espaço com os veículos. Nas paradas dos ônibus, não existem assentos para passageiros. As pessoas sentam no meio-fio, próximo à passagem dos ônibus. “As pessoas têm de se espremer nas paredes”, conta a vendedora Ernestina dos Santos, de 40 anos, que trabalha no Terminal Padre Pelágio.
Situações de risco como estas e que podem levar a acidentes foram relatadas pelo delegado titular da Delegacia Especializada em Investigações de Crimes de Trânsito de Goiânia (Dict), Waldir Soares. Ele visitou os terminais do Cruzeiro e do Padre Pelágio, na Região Metropolitana de Goiânia, a convite do consórcio RMTC, com o objetivo de traçar diagnóstico da situação dos terminais e, consequentemente, das causas de acidentes e mortes – nos últimos dois anos, foram 63 mortes relacionadas ao transporte coletivo.
Soares diz que essa é uma medida preventiva inédita e que será estendida a todas as áreas que envolvem o trânsito. “Pela primeira vez, entramos nos terminais para conhecer o sistema. Queremos saber de quem é a responsabilidade por todas as mortes e acidentes.” Ao final das visitas, Soares pretende entregar o diagnóstico e recomendações aos órgãos responsáveis. Para o delegado, não se pode aguardar que as ocorrências cheguem para que medidas sejam tomadas. Até hoje, diz, nenhum dos 63 inquéritos de mortes envolvendo ônibus foram solucionados, por exemplo.
Aqueles dois terminais foram escolhidos, segundo Soares, por possuírem características distintas. Enquanto no Cruzeiro, apesar de queixas de motoristas, a estrutura para atendimento dos usuários agrada; no Padre Pelágio, a situação é crítica. A característica mais grave é a falta de faixas de pedestres e de locais preferenciais para idosos e deficientes físicos.
No Padre Pelágio, é possível observar, a todo momento, pedestres circulando em meio aos ônibus. Como não há faixa de pedestre e nem corredores para os usuários passarem de uma plataforma para outra, as pessoas andam nas ruas utilizadas pelos veículos. Além da falta de faixa, o delegado observa que não existem no Padre Pelágio locais para os usuários sentarem e nem fiscalização nas filas. “Essas deficiências propiciam a ocorrência de acidentes”, diz.
Durante as visitas, Soares questionou os motoristas sobre o que pode levar a ocorrência de acidentes. Marcos Araújo Borges, 46, que trabalha no sistema há 13 anos, observa que, muitas vezes, pedestres e motoristas não respeitam os ônibus e jogam a responsabilidade nos veículos porque são maiores.
Fonte: Jornal o Hoje