Restam apenas 34% do Cerrado
Pesquisa realizada pelo IBGE afirma que, em Goiás, principal bioma teve grande perda. De Mata Atlântica goiana só resta 4%.
O bioma Cerrado já teve a maior parte de sua área desmatada em Goiás. Segundo os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – 2012, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a situação do Estado, que apresenta 97% de área formada por Cerrado, é preocupante. Restaram apenas 34,51%. Ou seja, em dois anos, pelo menos 215.845 km2 foram destruídos. O principal fator que contribui para a estatística negativa é a expansão da fronteira agropecuária que está fortemente relacionada com o crescimento econômico.
Goiás ganhou destaque na economia nacional devido aos resultados da forte influência agropecuária que se iniciou na década de 1950. Para realizar a abertura de áreas para pastagens e agricultura, a vegetação original foi e ainda é destruída. Assim, a produtividade cresce, mas coloca em risco a flora presente no Cerrado. O resultado disso é a posição que o bioma ocupa no que se refere a espécies da flora ameaçadas de extinção. São 131 espécies em risco de desaparecerem. Perdendo apenas para a Mata Atlântica, com 118 espécies atingidas.
O chefe da unidade do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, ressalta que o grande desafio da sociedade é atingir a compatibilização do crescimento econômico com o meio ambiente. “É justamente isso que está sendo discutido a nível mundial no evento Rio+20 que acontece no Rio de Janeiro.” Para ele, o fato de Goiás ter apresentando crescimento econômico acima da média nacional nos últimos anos implica em impactos ambientais. “Isso contribui também para o uso de fertilizantes. O Estado apresenta índices piores que a média nacional, perdendo apenas para Minas Gerais.” Viera acredita que a realidade está positiva para a produção e negativa para o meio ambiente. “Os problemas com o meio ambiente estão fortemente ligados a dimensão social.”
Incêndios
Outro fator agravante para o bioma são os incêndios. O levantamento informa que as queimadas são ações autorizadas pelos órgãos ambientais, quanto existe controle e manejo do fogo para a renovação e a abertura de pastos e de áreas agrícolas. O fogo tem sido a forma mais usada para a conversão das florestas da Amazônia e dos cerrados do Brasil, principalmente em áreas agropastoris. Já os incêndios destroem anualmente grandes áreas de vegetação nativa, sendo uma das principais ameaças aos ecossistemas brasileiros. O indicador também apresenta que em Goiás, de 2005 a 2011, foram registrados 2.600 focos de calor em áreas de preservação ambiental, parques e terras indígenas.
Originalmente, o Cerrado, se estende por 12 Estados brasileiros. Ao todo, 49% de sua área foi desmatada. A devastação do segundo maior bioma do Brasil já era significativa há dois anos, quando o mesmo indicador apontou 48,37% de devastação. Neste período, o desmatamento total do bioma, em proporções, é equivalente ao Estado do Rio Grande do Norte. Os níveis de desmatamento são variados por unidade da federação, mas São Paulo apresentou o maior desmatamento deste bioma, com ausência de 90% da área original. No Mato Grosso essa proporção é de aproximadamente 80%. O Estado que menos desmatou foi Rondônia – 3%.
Pouca proteção
No Cerrado, o percentual da área destinada à proteção integral é de apenas 2,3%. O geógrafo e pesquisador Genival Fernandes Rocha acredita que o bioma mais protegido é a Amazônia. “Enquanto os outros são esquecidos de propósito.” O estudioso acredita que o desmatamento sempre vai crescer devido ao aumento da população. “Existe alta demanda por alimentos.” Ele ainda lembra que os ambientalistas devem ter bom senso ao criticar os agropecuaristas. “Todo mundo provoca o desmatamento. Nós provocamos o desmatamento porque precisamos alimentar. Quem desmata não é só o produtor rural”, diz o especialista.
Mas Genival Rocha defende que quem desmata deve ter conhecimento técnico, com atenção especial para as áreas de preservação permanente e nascentes. “Falta conhecimento e fiscalização. Quem tem que fornecer esse conhecimento é o governo federal. A legislação existe, mas ninguém fiscaliza.”
Devido à quantidade expressiva de terrenos arenoso as voçorocas e erosões são os principais danos ambientais causados pelo desmatamento. “O resultado negativo de um desmatamento pode surgir de um até quatro anos depois. “Depende do local onde foi retirada a vegetação.” Genival disse que existem voçorocas tão avançadas que já não é mais possível recuperá-las. “É um problema sem volta.”
Fonte: Jornal O Hoje