Embora decisões importantes sejam tomadas no último momento (leia-se convenção), muitos partidos já definiram candidatos e fecharam alianças; vice ainda é indecisão
Márcia Abreu
Muitas candidaturas já foram definidas e alianças encaminhadas. No entanto, até a convenção — na maioria das cidades marcada para sexta-feira, dia 30 — mudanças podem ocorrer. Já dizia Magalhães Pinto “que política é como nuvem”, tem suas múltiplas nuances. A reportagem do Jornal Opção buscou saber como está o cenário de sucessão nas 10 principais cidades do Estado. A importância diz respeito às cidades mais disputadas e elas os são por vários motivos, como por exemplo, tamanho, economia e predominância política.
Em Goiânia, o prefeito Paulo Garcia (PT) lidera as pesquisas de intenção de votos. O petista deve formar ampla aliança com os partidos da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff (PT), entre eles, PMDB, PSB, PSC, PDT, PTN e PR. Paulo tem apoio de nomes de peso: Iris Rezende (ex-prefeito de Goiânia), Luiz Inácio Lula da Silva (ex-presidente) e Júnior do Friboi (empresário).
A aliança com o PMDB é garantida e o imbróglio está em torno de quem será o vice. O deputado estadual e ex-secretário municipal de Governo, Samuel Belchior, é cotado. Nos bastidores, comenta-se que Iris Rezende e sua mulher, Íris de Araújo (deputada federal), estariam tentando convencer Wagner Siqueira, deputado estadual, ou Agenor Mariano, vereador, a ocupar a vice. Os dois têm a confiança do casal. Agenor Mariano não quer ser vice porque teme se “apagar” no cargo. Waguinho também estaria relutando.
Na última semana, o deputado federal e ex-secretário do Meio Ambiente, Leonardo Vilela (PSDB), desistiu da candidatura em virtude dos escândalos do caso Cachoeira. O tucano foi flagrado em escuta telefônica da Polícia Federal pedindo a Cachoeira emprego para a filha. O PSDB deve lançar o deputado federal João Campos. A ideia é compor com o PSD e colocar o deputado estadual Francisco Júnior de vice.
O deputado federal Sandes Júnior (PP) deve deixar a disputa, embora ainda não admita publicamente. Sandes responde a processo disciplinar na Câmara dos Deputados por conta de sua relação com Cachoeira e não tem apoio nem do próprio partido. O PP vai apoiar o candidato do governador Marconi Perillo (PSDB).
Quem também não confirma, mas deve sair da disputa é o vereador Elias Vaz (PSol). Citado na Operação Monte Carlo ele enfrenta briga interna no partido para consolidar seu nome.
São rivais de Paulo Garcia o deputados federal Jovair Arantes (PTB) e a deputada estadual Isaura Lemos (PCdoB).
Rio VerdeEm Rio Verde, a disputa promete ser uma das mais acirradas do Estado. O município é um dos maiores de Goiás e o mais rico em produção agrícola do país. O prefeito Juraci Martins, que deixou o DEM no ano passado e migrou para o PSD, partido de Gilberto Kassab (prefeito de São Paulo), é candidato à reeleição com o respaldo do governador Marconi Perillo (PSDB).
Segundo pesquisas internas do PSD, Juraci vai muito bem. Os números sugerem largada vantajosa do prefeito na corrida ao Executivo. A oposição reclama que o prefeito “comprou” os veículos de comunicação da cidade, barrando notícias negativas à sua gestão.
De acordo com o PSD, 12 partidos devem apoiar a candidatura de Juraci: PSDB, PP, PPS, PTB, PR, PV, PMN, PSL, PTdoB, PCdoB, PRB e PRP. Essas legendas estariam fechadas com o candidato da situação. O DEM, ex-reduto de Juraci, não fechou com o prefeito, mas as conversas continuam.
Políticos rioverdenses reclamam que o escândalo envolvendo Cachoeira atrasou as negociações. As conversas, eles dizem, pausaram e, só agora, com a aproximação da convenção retornaram. De acordo com pessedistas, quem definirá o vice do PSD é o governador.
A oposição vai lançar o deputado estadual Karlos Cabral (PT). O petista conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa em 2010 com 12 mil votos. Em princípio, cogitou-se duas candidaturas de oposição: Karlos Cabral e Leonardo Veloso, ex-secretário de Agricultura (PMDB), mas o peemedebista recuou.
Comenta-se que o recuo ocorreu pelo seguinte motivo: o PMDB acredita que Cabral tem mais capilaridade eleitoral que Leonardo Veloso. Veloso chegou a ser cotado para vice de Cabral, o que não se concretizará. O vice de Karlos Cabral deve ser o vereador José Henrique, político respeitado em Rio Verde.
De acordo com o presidente do PMDB de Rio Verde, Henrique Cruvinel, a legenda ainda não bateu o martelo quanto à renúncia à cabeça de chapa, embora essa seja a tendência. Se isso acontecer, ele diz, o PMDB não abre mão de composição ampla, com participação nas chapas majoritária e proporcional.
Segundo Cruvinel, há outros pré-candidatos a prefeito na legenda, entre eles, o vereador José Henrique e o ex-deputado estadual Wagner Guimarães. “A decisão só acontecerá no dia 30 de junho, data da convenção”, garante. As conversas entre PMDB e DEM estão avançadas. Mas a aliança só serviria no caso de o PT ficar de fora. O deputado federal Ronaldo Caiado, presidente estadual da sigla, teria exigido que o DEM não se juntasse ao PT. São aliados do PMDB em Rio Verde o PDT, PSC e PT.
Ouvido pela reportagem, o presidente do DEM local, Rildo Mourão, garantiu que não há nenhuma dificuldade em apoiar o PT. O fato de as legendas serem rivais no cenário estadual não dificulta a aliança local, diz. “Da minha parte não há empecilho. Mas vou conversar com Ronaldo Caiado na próxima semana”, afirma. Segundo Rildo, pode ser que haja terceira via na cidade com a candidatura de Lissauer Vieira (PP), empresário do setor de comunicação.
ItumbiaraEm Itumbiara, o PTB trabalha para fortalecer Francisco Domingues de Faria, mais conhecido como Chico Bala (PTB), vice-prefeito e pré-candidato à prefeitura. A ideia é que Chico ocupe o lugar do prefeito José Gomes (PP), que está em seu segundo mandato.
De acordo com Chico, o PTB tem na aliança quase todos os partidos da base aliada do governador Marconi Perillo. Fecharam com o petebista o PSDB, PR, PTdoB, PV, PTC, PTS, PP e PPS. “O PCdoB, PSC e PDT estão em negociação”, conta o vice-prefeito que desincompatibilizou da Secretaria de Obras para disputar o pleito de outubro.
Do lado da oposição há o peemedebista Gugu Nader, empresário que abandonou o curso de Direito para se dedicar à vida pública. Gugu garante que 12 partidos integram a sua base de apoio, mas só cita 9: PT, PDT, PSC, PRT, PTN, PSB, PRTB, PHS e PPL.
Nader conta que há grande possibilidade de o DEM caminhar junto. Questionado sobre a vice, ele diz que não pode falar, teme retaliações por parte da situação. “Nomes devem permanecer em sigilo até a convenção [marcada para o dia 30 de junho], senão corremos risco de ficar sem [o candidato]”, afirma Gugu Nader.
O peemedebista diz que está trabalhando para fortalecer as alianças e unir todos os partidos que dão sustentação ao governo federal no Estado. “Nosso projeto é democrático e inovador, queremos renovar o modelo de gestão pública.”
Em 2004, Gugu Nader elegeu-se vereador pelo PTB com quase 3 mil votos. Logo migrou para o PMDB porque suas raízes, diz ele, estão lá. O peemedebista garante que tem o apoio do ex-governador Iris Rezende e do ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (sem partido); do empresário Júnior do Friboi (PSB) e de Olavo Noleto (PT), subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. “São todos meus amigos e apoiadores.”
Cenário fica embaçado em Senador Canedo
Em Senador Canedo, município que tem crescido e se destacado no Estado (e por isso chama a atenção de políticos), a situação viveu uma dilema: apoiar ou não a candidatura do deputado estadual Misael Oliveira (PDT), bancada pelo ex-prefeito Vanderlan Cardoso (sem partido). Os vereadores não queriam apoiar Misael e chegaram a dizer isso a Vanderlan. Mas o ex-peemedebista já se decidiu: vai apoiar o pedetista.
Vereadores refutaram a candidatura de Misael com a justificativa de que ele enfrentaria rejeição na cidade pelo fato de não morar lá. Os vereadores também reclamaram que não são próximos do deputado pedetista. O médico e vereador Alsueres Mariano (PSB) é cotado para vice de Misael Oliveira. Alsueres disputou a prefeitura em 2004 contra Vanderlan, porém perdeu a eleição. Ele tem apoio do presidente da Câmara Municipal, Geraldo do Detran, e dos vereadores Sérgio Bravo (PSB) e Edney Domingues (PPL).
Nos bastidores comenta-se que o prefeito Túlio Sérvio não estaria disposto a colaborar (com a máquina pública) com a candidatura de Vanderlan em 2014, ao contrário de Misael Oliveira. O prefeito é grato a Vanderlan por tê-lo levado à chefia do Executivo e não romperá com o amigo. “Túlio gostaria de ser candidato, mas não é a primeira opção de Vanderlan. Todavia, tem compromisso moral com Vanderlan e por isso não vai peitá-lo”, disse um interlocutor do prefeito que não quis se identificar. Como Vanderlan é muito forte na cidade, espera-se que Misael seja eleito com tranquilidade.
Com a candidatura de Misael Oliveira, a expectativa é de aliança com o PSB. Alsueres deve ser o vice com respaldo de Júnior do Friboi (PSB) e dos vereadores de situação. A única hipótese de Misael não disputar é se o Ministério Público Eleitoral questionar o domicílio eleitoral dele. Se ficar comprovado que o pedetista não mora em Senador Canedo sua candidatura pode ser indeferida pela Justiça Eleitoral.
Vanderlan Cardoso, que deixou o PMDB na última semana alegando dificuldades em formar alianças (na verdade, foi por falta de espaço), deve disputar o governo do Estado pelo PDT em 2014. A filiação dele é dada como certa.
Anápolis tem franco favorito
Em Anápolis, o petista Antônio Gomide (PT) é o favorito, segundo pesquisas de intenção de votos. A avaliação positiva de sua gestão ultrapassa os 60%. Gomide tem apoio de todos os partidos da base de sustentação do governo federal, com exceção do PDT, que lançará o deputado estadual José de Lima a prefeito.
Os partidos da oposição tentam se unir para o enfrentamento ao PT. O ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), Wilson de Oliveira, é o candidato do DEM. A legenda trabalha para coligar com o PSDB. A ideia é que um tucano assuma a vice. A aliança entre DEM e PSDB chegou a ser ensaiada, mas os tucanos recuaram na última semana porque querem compor nas duas chapas, majoritária e proporcional, e ao DEM só interessa composição majoritária.
O PSDB está mantendo contato com o PTC do casal Adhemar e Onaide Santillo. A sigla está rachada. Alguns querem candidatura própria e outros defendem aliança com o DEM. Nos bastidores, ouve-se que os vereadores tucanos Fernando Cunha Neto e Miriam Garcia não estão dispostos a embarcarem “numa canoa furada”. Avaliam que, neste pleito, o prefeito Antônio Gomide é imbatível.
Maguito e Ademir polarizam em Aparecida de Goiânia
Em Aparecida, o prefeito Maguito Vilela (PMDB) é candidatíssimo à reeleição. Ele enfrentará o deputado estadual Ademir Menezes (PSD). Ademir, que deixou o PR e migrou para o PSD, trabalha para levar o vice-prefeito Tanner de Melo (DEM) para o grupo. O democrata é cotado para vice do pessedista. O problema é que Vilmar Rocha, presidente goiano do PSD, e Ronaldo Caiado (DEM), deputado federal e presidente estadual do Democrata, são adversários políticos e, dificilmente, Caiado aceitará a aliança.
Cotado para vice de Ademir, Veter Martins (PSDB) teria pensando em abrir mão da disputa a fim de atrair Tanner. Mas Tanner garante que será candidato pelo DEM.
Em troca da aliança com o PT local, o PMDB perdeu o apoio do DEM. Maguito e o vice-prefeito romperam relações devido a aproximação do peemedebista com o PT. O ex-deputado Ozair José e o vereador Helvecino Moura, ambos petistas, apoiam Maguito.
Em Catalão a dúvida é o adversário de Jardel
O prefeito de Catalão, Velomar Rios (PMDB), deve mesmo disputar a reeleição, embora o presidente do PMDB goiano, Adib Elias, insista em ser candidato — ele ou a mulher, a ex-deputada estadual Adriete Elias. Adib pediu inclusive para se afastar do diretório goiano. O objetivo é dedicar-se integralmente à sucessão na cidade.
Adib Elias é forte em Catalão. Ex-prefeito, foi ele quem elegeu Velomar Rios. Porém há um impasse. Adib tem problema com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que rejeitou suas contas. Ele recorreu e afirma que não há irregularidades.
O deputado estadual Jardel Sebba (PSDB) é o principal adversário do PMDB. Há alguns anos vem fazendo intensa costura política para viabilizar sua candidatura e está prestes a fechar ampla aliança.
Oposição a Humberto em Jataí está desmotivada
Jataí é uma das cidades mais ricas do sudoeste goiano e um importante colégio eleitoral. Mesmo sabendo desta importância, a oposição está desmotivada. Supostamente conformada com o favoritismo do prefeito Humberto Machado (PMDB), os políticos têm se mostrado desanimados com o pleito. O candidato do PSDB, Victor Priori, teria desistido da disputa. O produtor rural foi candidato outras vezes, sem sucesso.
A ex-deputada estadual Cilene Guimarães (PSD) ensaiou uma candidatura, mas não tem força. Na verdade, Cilene quer a cabeça de chapa numa aliança com o PSDB. Por enquanto não vingou. Se a candidatura de Victor Priori se concretizar o PSDB deve trabalhar para ter como aliados os partidos da base de Marconi Perillo. Todavia, a maioria integra o rol de aliança do PMDB. O próprio PSDB tem interesse em compor com o prefeito. Humberto não quer se compromissar com o PSDB porque em 2016 vai apoiar a candidatura do deputado federal Leandro Vilela (PMDB) a prefeito.
Em Formosa, prefeito tem rejeição alta e Itamar lidera
Em Formosa, Entorno do Distrito Federal, o empresário Itamar Barreto (PSD) aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos, seguido pelo ex-secretário de Segurança Pública, Ernesto Roller (PMDB). De acordo com Itamar, o PSD já fechou com cinco partidos: PSDB, PPS, PSB, PHS e PV, e está quase fechando com PCdoB, PDT, PMN e PTdoB. A vice só será definida na convenção, diz ele. “Ainda estamos no processo de busca de aliados”, complementa Itamar.
O empresário conta que o secretário de Casa Civil, Vilmar Rocha, é o interlocutor de sua candidatura no Palácio das Esmeraldas. “Esta semana eu, Vilmar e Marconi nos encontraremos para decidir a vice”, revela.
Itamar avalia que, se o prefeito Pedro Ivo (PP) for candidato, a disputa será dura, uma vez que Ivo tem a máquina pública. Entretanto, Itamar acredita que a disputa será polarizada entre ele e Roller. Esta será a quarta vez em que Itamar Barreto disputará a Prefeitura de Formosa.
O prefeito Pedro Ivo tem rejeição alta na cidade, o que inviabiliza seu nome. Em conversa com a reportagem, ele sorriu quando questionado sobre os comentários de que ele desistirá do pleito. Ele disse que 100% de certeza só mesmo no dia da convenção. Ivo garante que o PPL, PMN, DEM, PRB e PFL lhe apoiam. Se sair do páreo a tendência é que Ivo fique neutro.
Ernesto Roller aparece em segundo lugar nas pesquisas. O peemedebista é visto como candidato forte devido à capilaridade política. Roller garante que já fechou aliança com o PSB, PSC, PTN, PR, PRTB, PRP, PSO e PSDC. Assim como Itamar Barreto alega que a vice só será definida na última hora.
Tormin lidera em Luziânia
O deputado estadual Cristóvão Tormin (PSD) lidera as pesquisas em Luziânia. O parlamentar já foi vereador e elegeu-se deputado em 2010 com 40 mil votos. Tormim deixou o PSDB e filiou-se ao PSD a convite do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O pessedista vai enfrentar Gastão Leite (PSDB), candidato do prefeito Célio Silveira (PSDB).
Luziânia é um dos principais colégios eleitorais do Estado e um desafio para o governador Marconi Perillo (PSDB) que almeja fazer o sucessor de Célio — seu aliado no Entorno. O problema é que Cristóvão dispara na frente e Célio, considerado bom gestor, mas temperamental, teve dificuldades para achar um nome para lhe subsitutir na disputa.
Gastão Leite é vereador e ex-secretário. Deixou a presidência da Agência Goiana de Desenvolvimento Regional (AGDR) há cerca de um mês para disputar a prefeitura. O tucano tem promovido reuniões e tentado convencer aliados a não migrarem para o grupo de Cristóvão. Devem apoiar a candidatura de Gastão o PP, PDT, PTB, DEM, PTdoB, PSL e PV. Já Cristóvão tem apoio de Vilmar Rocha e dos deputados federais pessedistas Thiago Peixoto, Armando Vergílio e Heuler Cruvinel. A disputa deve ser polarizada entre Cristóvão e Gastão — o peemedebista Marcelo Melo desistiu. O PSD trabalha para conseguir o apoio de Didi Viana (PT).
Fonte: Jornal O Hoje