Usuário reclama de ônibus lotado

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O tempo passa, investimentos significativos foram feitos como em renovação da frota, aquisição de tecnologia de ponta, reforma e construção de terminais, mas as reclamações dos usuários do transporte coletivo continuam as mesmas: ônibus superlotados, que demoram a passar nos pontos e, quando passam, frequentemente nem abrem as portas porque não cabe mais ninguém. Usuários do sistema reclamam que as dificuldades são crônicas e que sua raiz não é atacada de forma eficiente. A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) admite a existência de problemas, mas diz que eles são pontuais.

O POPULAR percorreu ontem à tarde linhas de ônibus em diferentes regiões da capital e encontrou usuários revoltados e insatisfeitos. "Isso aqui está cada dia pior. Não é só em horários de pico, não tem hora marcada para os ônibus circularem cheios", reclamou a doméstica Leinice Pereira da Silva, enquanto esperava o ônibus da linha 407, que liga os terminais Cruzeiro e Bandeiras, na Avenida Pasteur, no Parque Anhanguera. "Muitas vezes passam quatro ônibus e os motoristas não param no ponto", relata. "É um verdadeiro inferno, não há espaço para tanta gente dentro do veículo", acrescentou a também doméstica Adriana Kátia Batista Teles, que esperava a mesma linha que Leinice. "Pior é para ir do Terminal Novo Mundo até Goianápolis. As pessoas vão espremidas, é difícil até para respirar", emendou Antônia Gonçalves.

O POPULAR esperou pela chegada do ônibus que levou as três. Eram por volta de 16h30, horário que ainda não é considerado pico pelas operadoras, mas as mulheres tiveram dificuldade para entrar no ônibus lotado.

"Batom"


 A ascensorista Edésia Nunes de Souza conta que tem de sair de casa, no Residencial Itaipu, às 5h30 para conseguir chegar ao trabalho, no Setor Oeste, às 7 horas. "Os ônibus passam muito cheios. É insuportável", resume. Segundo ela, o pior horário é de manhã. "Acontece sempre de o motorista não parar no ponto ou então de não conseguir descer onde preciso, por causa da lotação", diz Edésia. A inconstância de horários é apontada como o principal problema pelo eletricista Vinícius de Abreu.

"Aplicaram o famoso batom no transporte coletivo: pintam alguma coisa, mas não vão à essência do problema. Não há corredores exclusivos para os ônibus. É preciso melhorar tudo, até a educação dos usuários", diz. Vinícius esperava o ônibus da linha 004, que vai para o Terminal Bandeiras, na Praça Tamandaré. "A partir de 17h30, eles já começam a passar direto, sem parar no ponto". Os intervalos longos entre as viagens também são a principal reclamação do estudante Marcos de Andrade, graduando em Química na Universidade Federal de Goiás (UFG).

"A demora é muito grande, principalmente em horários de pico, quando deveria haver maior oferta", observa. Na tarde de ontem, ele esperava o ônibus da linha 003, que leva ao Terminal Maranata. O pior, diz Marcos, é ir para o câmpus 2 da UFG, onde estuda, de manhã. "É impossível pegar ônibus da linha PC-Câmpus entre as 6 e as 8h30, quando todos estão indo para as aulas e para o trabalho", relata. Marcos também chama a atenção para um problema à parte, relatado pelo POPULAR em várias reportagens: os pontos de ônibus.

É grande a quantidade de pontos sem abrigos e também sem identificação. "Há lugares em que as pessoas precisam adivinhar", conta. Além dos problemas comuns aos demais usuários, os primos William Stevenson Brandão Matos, de 22, e Jobson Reis, de 25, têm de enfrentar um extra: a acessibilidade. Jobson é cadeirante e conta que várias vezes já deixou de embarcar ou teve de pedir ajuda de outros usuários por causa de elevador quebrado. "Os motoristas alegam, quando isso acontece, que falta manutenção", revela o jovem. Mas também há casos de motoristas que alegam problemas para não acionarem o mecanismo do elevador. "É difícil entrar com a cadeira e os próprios usuários dificultam tudo", conta William. Segundo ele, o que já era difícil ficou pior depois que um dos três ônibus da linha 169 (Cidade Jardim) foi retirado.

Câmara quer ouvir presidente da CMTC

A Câmara de Goiânia deve apreciar hoje pedido do vereador Elias Vaz (PSol) para que o presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), José Carlos Xavier, o Grafite, vá à Casa responder sobre a situação atual da rede de transportes. Vereadores dizem que tem aumentado a quantidade de reclamações sobre a queda na qualidade do serviço. "A impressão que temos é que a qualidade no serviço tem piorado nos últimos meses. Recebemos, quase que todos os dias, reclamações de passageiros de várias regiões da cidade sobre alterações de horários sem a devida informação e também sobre a redução do número de veículos. Queremos saber se isso está mesmo ocorrendo", argumenta Elias Vaz.

De acordo com o vereador, apesar do sistema ser metropolitano, a Câmara tem atribuição, constitucional, de fiscalizar o transporte coletivo urbano. "O conceito é metropolitano, mas a Casa tem a responsabilidade de fazer a fiscalização", acrescenta Elias Vaz. Com relação à questão das alterações nas planilhas, a própria diretora técnica da CMTC, Áurea Pitaluga, explica que elas podem ocorrer. "Quando são alterações de poucos minutos, para melhorar a frequência, ajustamos mais rápido e, nesse caso, pode não ser informado. Mas quando são alterações de muitos minutos, informamos aos usuários", garante.

A diretora da companhia salientou que o passageiro precisa participar no processo de melhorias na rede de transportes. Os canais para isso são a ouvidoria da CMTC (3524-1824) e do Consórcio Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC - 08006482222). O POPULAR verificou, nas ruas, por exemplo, reclamações de portadores de necessidades especiais com relação a problemas com a acessibilidade dos ônibus. "É preciso que o usuário anote o horário e o número do ônibus e nos informe, até para que possamos saber se o serviço está sendo bem prestado", explica Áurea Pitaluga

Reclamações vêm principalmente de Eixo

Das 270 linhas existentes hoje na rede metropolitana de transportes, 67 delas representam 60% da demanda e também representam a origem dos principais problemas admitidos pela Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC): superlotação nos horários de pico e dificuldades no cumprimento dos horários. Nesse bolo está incluído oEixo Anhanguera (responsável sozinho por cerca de 20% da demanda) e outros eixos. No entanto, a diretoria técnica do órgão explica que os problemas são pontuais e que o sistema está passando por uma avaliação completa, em todas as regiões da Grande Goiânia, com relação à qualidade dos serviços prestados.

Até agora, cerca de 15% da rede já foi monitorada através de um trabalho que foi iniciado em meados de fevereiro. "Colocamos a equipe em uma determinada região, onde as linhas são monitoradas, desde a saída do terminal, circulação pelo bairro até o retorno. Depois disso, temos um diagnóstico com relação a horários e carregamento", justifica a diretora técnica da CMTC, Áurea Pitaluga. Ela salientou que ajustes são feitos assim que o diagnóstico é concluído. "Se for preciso, alteramos o horário do veículo, podendo aumentar o diminuir o intervalo de saída do ônibus", explica.

Por outro lado, independentemente desse trabalho mais amplo, Áurea Pitaluga explica que diariamente a companhia pode fazer alterações, conforme são detectados problemas. Ela prevê que, conforme o diagnóstico for avançando (até agora já passou pela região do Terminal Maranata, em Aparecida de Goiânia), a tendência é que a qualidade do serviço melhore. A previsão da CMTC é concluir todo o levantamento da rede até o mês de setembro. "Precisamos dar mais qualidade operacional", admite.

Fonte: O Popular

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Anônimo
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10 de janeiro de 2012 às 09:11 delete

"Colocamos a equipe em uma determinada região, onde as linhas são monitoradas, desde a saída do terminal, circulação pelo bairro até o retorno. Depois disso, temos um diagnóstico com relação a horários e carregamento" <<< Isso não mudou em nada... foi uma perda de tempo.

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