Goiânia tem cachoeira a 20 minutos do centro
“"Há um ano, eu e o Cléber estávamos subindo o Córrego Água Branca por dentro quando encontramos a cachoeira”, conta Ernesto Augustus Araújo, 30 anos. “Moradores nos indicaram que havia um poço bonito para tomar banho”, lembra. Ernesto e o amigo fazem parte da ONG MeiaPonte.Org e acompanham o caminho das águas em Goiás, com a intenção de verificar como está a condição dos recursos hídricos.
No local, água cristalina passa por caminhos de pedras e cai por uma parede e forma o poço. Apesar da aparência e da dimensão, a cachoeira não é natural, como informou a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). De acordo com o diretor interino de Áreas Verdes da Amma, Antônio Esteves, a queda é resultado de um processo erosivo que ocasionou um desnível no córrego.
A impermeabilização, causada por construções próximas ao córrego, deu origem à cachoeira, que, como explica Esteves, aumenta com as chuvas. Apesar da degradação, o local é considerado pelo grupo MeiaPonte.Org “o ponto mais bonito da capital, mas malcuidado e conservado desde a nascente”.
“Já encontrei até uma carcaça de moto roubada”, explica Ernesto, observando que, apesar da aparente limpeza da água, a população deposita entulhos nas proximidades. “As pessoas não têm consciência, não dando o devido valor”, opina. O córrego é um dos afluentes do Rio Meia Ponte, onde o manancial perde a transparência, recebendo esgoto e lixo doméstico.
Degradação
A cachoeira do Água Branca está entre o Jardim Novo Mundo e o Jardim Califórnia e compõe os 105 cursos d’água existentes na capital. O córrego passa por problemas comuns aos mananciais de Goiânia. Há ausência de mata ciliar e acúmulo de garrafas plásticas e entulhos nas margens, que acabam descendo até o córrego.
Desde 2008, a Amma trabalha com a recuperação da nascente do córrego. Segundo o diretor, foram retirados do local 100 caminhões de entulho. A área pública é ocupada por várias residências e considerada de risco e o processo de desocupação teve início, mas é paulatino. “A área até pouco tempo tinha casas na beira da nascente.”
Sobre a formação da cachoeira, a gerente de Recuperação de Erosão e Áreas Afins da Amma, Karla Faria, explica que o Água Branca está dentro de uma falha geológica e a rocha não é contínua. Dessa maneira, a impermeabilização do curso e o direcionamento da vazão das águas de chuva para o córrego aumentam o processo de escavação natural do córrego.
“As erosões geram desníveis dentro do curso d’água de maneira diferenciada.” Segundo a gerente, em alguns pontos o processo de escavação já encontrou a rocha mãe – o que faz com que o desgaste se torne mais lento – ,em outros não. Isso é o que formam pequenas e grandes quedas, como o caso encontrado pela ONG.
“É uma cachoeira, pois passou por um processo de evolução do desnível, mas não do princípio paisagístico.” Karla explica que é comum a formação de quedas como a do Água Branca em centros urbanos, onde ocorre a impermeabilização do solo que acelera esse processo natural. (Katherine Alexandria, estagiária da UFG)
Fonte: Jornal O Hoje
1 comentários:
Write comentáriosComo se a maioria das cachoeiras não surgissem através de processos erosivos, seja eles em maior ou menor velocidade. É tanta bobagem que esse pessoal da Amma fala, querendo desmerecer a cachoeira. Isso me dá um grilo. A intenção de divulgar esses pontos é a de mostrar que são lugares bonitos, dignos de serem recuperados e conservados, agora dizer que isso se trata de uma simples erosão é no minimo de um péssimo gosto.
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