Goiás possui 3ª maior carga horária

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Estado possui média de 41 horas trabalhadas por semana. Tempo laboral é de 39 horas no País


Goiás possui a terceira maior carga horária do Brasil, com média de 41 horas trabalhadas por semana. Estado fica atrás apenas de São Paulo (41,9) e Santa Catarina (41,1). No Brasil, o tempo laboral passou de 44,1 para 39,4 horas semanais, redução de 10,7%. Data-base marca redução constitucional de jornada de 48 para 44 horas semanais. Dados são da Pesquisa Carga Horária de Trabalho: Evolução e principais mudanças no Brasil, divulgada ontem e idealizada pelo Ipea, que compara dados de 1988 a 2007.

Goiás marcou redução média de 10,5%, a menor dos Estados que compõem a Região Centro-Oeste, que reduziu 11,9% das horas trabalhadas. Estado está atrás apenas do Distrito Federal, que registrou redução de 4,6%. Em Mato Grosso do Sul, o índice caiu, -16,1%, enquanto Mato Grosso teve a melhor marca (- 17%).

O setor cujos profissionais trabalham mais horas por semana é o de transporte que, em 2007, registrava 46,2 horas semanais, acima das 44 previstas em lei. Motorista há mais de 33 anos, Paulo Francisco Balieiro, 50, conta que já enfrentou anos piores mas hoje considera uma profissão tranquila. “Antes de 1990, íamos até Barreiras (Bahia) direto. São mais de 16 horas de viagem.”

Balieiro explica que depois da data mencionada vieram as leis trabalhistas e convenções. Hoje, dirige entre 5 e 8 horas por viagem em escala de revezamento, e cada caminhão segue viagem com dois motoristas. Como mesmo não estando ao volante o motorista está de sobreaviso, a empresa paga um adicional para o funcionário.

Nas contas de Paulo, são três dias na estrada e dois em casa, com escala que são alternadas de 36 ou 45 horas. Na estrada, para cada período dirigindo, são destinadas 11 horas de intervalo.

Seguindo o ramo de transporte, o setor industrial tem 44,7 horas semanais dedicadas ao trabalho e a construção civil, 43. O setor que registra menor tempo é o agrícola, que reduziu, em média, 26% da quantidade de horas trabalhadas de 1988 a 2007. Último registro é de 33,6 horas.

Discriminação

A pesquisa mostra ainda que a população parda no Brasil é a que passa mais tempo no trabalho, em média 41 horas semanais, e os negros 40,1 horas por semana, ambos acima da média nacional de 39,4%. Os brancos dispõem para o trabalho 39,7 horas enquanto os amarelos trabalham apenas 38,5 horas por semana.

A jornada média das mulheres é de 35,1 horas semanais, 17,6% inferior a do homem, que foi de 42,6. Em 1988, o índice era de 16,7%. Por faixa etária, trabalhadores de 24 a 40 anos lideraram, em 2007, a maior jornada média de trabalho por semana no Brasil (41,1 horas), tendo os ocupados com mais idade (acima de 55 anos) a menor jornada média de trabalho por semana (35,4 horas).

Entre 1988 e 2007 houve aumento da mão-de-obra nas ocupações tanto com jornadas muito reduzidas como nas muito elevadas. Com carga de até 19 horas, o Brasil registrou aumento da ocupação de 166%, enquanto com tempo adicional de trabalho acima da jornada máxima, incremento foi de 45%.

Escolaridade

Há ainda desigualdade na carga horária quando o universo analisado envolve o tempo de estudo. Quanto maior foi a escolaridade, menor foi a redução no tempo de trabalho. A Constituição promulgada em 1988 fixou a jornada máxima do trabalhador brasileiro em 44 horas semanais.

No caso dos ocupados com 11 anos ou mais de estudos, a redução foi de -1,2%. Trabalhadores com menor escolaridade acabaram sendo os mais beneficiados, com queda de 18,1%.

Em 2007, a menor jornada de trabalho estava entre os trabalhadores com até um ano de estudo (36,2 horas), enquanto a maior jornada média de trabalho era exercida pelos trabalhadores de nível médio, com 8 a 10 anos de escolaridade.

Luta por 37 horas semanais

Presidente do Ipea, Marcio Pochmann disse ontem que, se a carga horária oficial de trabalho for reduzida das atuais 44 horas semanais para 37 horas, País teria condições de dar ocupação para toda a população. Mas ressaltou que isso só seria possível caso fossem mantidos investimentos, produção e, também, aumentada a capacidade produtiva do País.

“Com a redução oficial da jornada para 37 horas, daríamos condições de termos todos ocupados, desde que mantida produção e investimentos, e capacidade produtiva do País fosse ampliada”, afirmou.

Para Pochmann, mais fácil seria alterar a distribuição do tempo de trabalho no Brasil. “Uma melhor redistribuição dessa jornada permitiria mais pessoas ocupadas do que a simples redução da jornada oficial”.

“É necessário que o Brasil volte a crescer de forma bastante acelerada, ocupando a capacidade ociosa existente, e retornem sobretudo os investimentos, porque é com mais investimentos que o País conseguirá recuperar postos de trabalho, tanto em maior quantidade como em melhor qualidade”, disse.

Diário da Manha