Goianos começam a exportar tecnologia
Venda de produtos para fora do Estado terá crescimento de 25% em dois anos, segundo sindicato das empresas
A exportação de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil registrou salto de 75% ano passado, segundo estudo da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). Em Goiás, menos de 2% das 800 empresas do setor vendem a outros países. Porém a tendência é de alta. Apesar da forte concorrência, empresários têm investido pesado em inovação e qualidade, de olho neste filão. É possível que as exportações de TI desenvolvida pelos goianos cresçam até 25% nos próximos dois anos, de acordo com o Sindicato das Empresas de Informática, Telecomunicações e Similares do Estado de Goiás (Sindinformática). Para tanto, o presidente da entidade, Carlos Alberto de Almeida, cita a necessidade de elaboração de políticas específicas de fomento do setor no Estado. Os produtos goianos sofrem com a concorrência das regiões Sul e Sudeste do País, beneficiadas com isenções fiscais. “Contratamos profissionais valorizados e 85% das empresas são micro e de pequeno porte, com carregados encargos trabalhistas”, diz o presidente da Comunidade Tecnológica de Goiás (Comtec), Rodrigo Dias. Ele cita o governo da Argentina como exemplo, que desonerou 70% da folha de pagamento para a área de softwares. No Brasil, em 2008, o governo federal estabeleceu meta ousada de ampliar em quatro vezes o volume das exportações de softwares e serviços de TI. De US$ 800 milhões presumiam incremento para US$ 3,5 bilhões e para tanto, reduziram de 20% para 10% as contribuições patronais à Previdência. A medida chegou a amenizar o maior problema do setor: o alto custo da mão-de-obra.
Sem querer
O levantamento da Brasscom revela que projetos de desenvolvimento de sistemas, manutenção e gerenciamento de infraestrutura foram os serviços mais exportados pelo Brasil, somando divisas de R$ 876 milhões, R$ 608 milhões e R$ 366 milhões, respectivamente. Já o mercado de BPO offshore respondeu por R$ 150 milhões. No setor de serviços de desenvolvimento offshore a receita total foi de R$ 1,65 bilhão, sendo que Cobol e Java lideram a oferta de tecnologia, faturando lá fora, R$ 554 milhões e R$ 345 milhões. Em Goiás, 92% das empresas de TI desenvolvem sistemas de gestão e automação comercial. Como são programas baseados nos processos contábeis do Brasil, é praticamente impossível exportá-los. “Teríamos de desenvolver ferramentas específicas para cada país”, diz o presidente da Comtec. Segundo ele, as vendas no mercado internacional por empresários goianos começaram sem pretensão, “quase sem querer”. Foi assim que a Zscan Software, especializada em desenvolvimento de programas para a área médica, conquistou o mercado exterior. A primeira venda foi concretizada há dois anos, para portugueses, que participavam de um treinamento em Goiás. “Na verdade, não estava nos planos da empresa esse tipo de cliente. Mas como a venda aconteceu naturalmente, passamos a ver com outros olhos o mercado internacional”, conta o gerente de Desenvolvimento da empresa, Cleidson Barbosa da Silva. Hoje, a empresa possui quase 500 clientes no Brasil, Estados Unidos, México, Inglaterra, Equador, Portugal e Angola. Desenvolve softwares para diagnósticos de imagem, auxiliando médicos em exames, como os de endoscopia e colonoscopia, e até sofisticadas cirurgias de fígado e apêndice. Como o programa não foi projetado para venda em outros países, a equipe demorou quase um ano para adaptar a linguagem. “O mercado externo, assim como o interno, é muito exigente na qualidade.”
América Latina é alvo para aplicativos de gestão
Preparo e estratégia. Palavras-chave para o início de um caminho ainda a ser explorado pela Simeon. A empresa começa a dar os primeiros passos na exportação de uma solução de Planejamento e de Execução da Estratégica e Gestão da Qualidade, em um pacote de software, serviços de implantação e consultoria. Porém, a equipe se prepara há quatro anos para conquistar o mercado internacional. Argentina, Uruguai e Paraguai foram os primeiros países a receber a tecnologia da Simeon. “Tecnicamente estamos prontos para atender toda a América Latina”, diz o diretor da empresa, Dobson Ferreira Borges. A equipe trabalhou intensamente na conversão de idiomas do aplicativo e oferece uma linguagem universal por meio de gestão estratégica. “Planejamos e estruturamos o EPA!, nome de batismo da nossa solução, nas mais recentes e aclamadas metodologias de Gestão”, diz. “É preciso saber que, para aproveitar as oportunidades fugazes, é necessário ser uma empresa extremamente dinâmica e flexível.”
Escritórios pelo mundo
Em 2007, a Neokoros ultrapassou a fronteira tupiniquim. Não foi fácil exportar equipamentos biométricos de controle de acesso e de ponto. “Desconhecíamos os processos. O mercado é altamente exigente e para o equipamento ser aceito deve ser certificado por órgãos competentes”, diz o diretor de Marketing e Negócios, Bélmitom da Costa Ataíde. Porém nada inibiu a pequena empresa, que hoje exporta para Ingraterra, Estados Unidos, Alemanha, Colômbia e outros. A Neokoros abriu escritórios em Bogotá, na Colômbia, e em Frankfurt, na Alemanha, além de ter firmado parceria com a GI Corporation, da Coreia do Sul: “Passamos a ser o braço de tecnologia da multinacional coreana, desenvolvendo novos produtos, de acordo com a demanda do mercado, enquanto ela é responsável pela produção em massa, marketing e vendas pela web.”