Goiânia fica coberta por fumaça durante a manhã

15:39 0 Comments A+ a-


Chamas destroem área de três hectares. Tempo seco e baixa umidade do ar facilitaram acúmulo de fumaça nas regiões Norte, Central e parte da Sul


Um incêndio em chácara no Setor Balneário Meia Ponte cobriu parte da Capital com fumaça na manhã de ontem. O fogo, que destruiu uma área de três hectares, o equivalente a 15 campos de futebol, lançou fumaça sobre as regiões Norte, Central e parte da Sul. Até o início da tarde, a cortina branca era visível.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a fumaça foi provocada pela vegetação, parcialmente verde e ainda úmida pelo orvalho. Apesar da área destruída (30% da propriedade), o incêndio foi considerado de pequenas proporções. A baixa umidade, a ausência de ventos e o tempo seco não permitiram que a fumaça dissipasse. A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (Dema) investiga se a causa do incêndio é criminosa.

Uma unidade aérea do Grupo Tático 3 (GT-3) da Polícia Civil foi acionada para encontrar o foco das chamas. Segundo o tenente Daniel Batista, responsável pela operação, apenas uma unidade da instituição foi utilizada para combater o incêndio. Por quase duas horas, um pelotão de oitos soldados usou água e abafadores para controlar o fogo.

O caseiro da chácara, Divino Ribeiro de Souza, 32, conta que, inicialmente, pensou que a caixa d’água estivesse com problemas. “Pensei que fosse água caindo. Quando abri a janela é que vi as chamas.” De imediato, Divino usou uma bomba de pulverização para apagar os focos do incêndio. Sem sucesso, acionou os bombeiros.
O caseiro suspeita que o fogo tenha começado fogueiras, acesas por pescadores que costumam se instalar na região durante a madrugada. “Já tivemos problemas outras vezes. Os pescadores sempre invadem a região para pescar e caçar capivara”, conta Divino. Na área atingida, a fogo se alastrou mais rápido porque o terreno da chácara já estava todo roçado.

A fumaça não deu trégua para motoristas que trafegavam pela Perimetral Norte. Devido a baixa visibilidade, os condutores foram aconselhados a ligar o farol dos carros e diminuir a velocidade no local. Quem costuma caminhar pela manhã também sentiu os efeitos do incêndio. A péssima qualidade do ar irritou os olhos e dificultou a respiração. Na tarde de ontem, os bombeiros registraram outros cinco focos de incêndio em áreas de mata. Todos, no entanto, foram de pequenas proporções.

Goiás registrou, este ano, 878 ocorrências de incêndio. Mais da metade (484) aconteceu este mês. Segundo os bombeiros, o período entre maio e setembro é crítico, com maior propensão nos últimos três meses. A orientação da corporação é evitar ações que levem a acidentes maiores, como lançar bitucas de cigarros em áreas de mata ou atear fogo deliberadamente.

Estima-se que mais de 90% dos incêndios no Brasil comecem pela ação humana. Em Goiás, 70% dos casos de fogo acontecem em regiões urbanas. Os autores são pessoas que ateiam fogo em lotes baldios, roças e perdem o controle do incêndio, que atinge reservas florestais, propriedades alheias e casas.
Além do risco à vida e à propriedade, o fogo agrava as doenças provocadas pelo tempo seco. Doentes de asma, bronquite e outros males respiratórios sentem os efeitos da fumaça mais intensamente. Crianças e idosos são os mais atingidos, dada a maior vulnerabilidade. São comuns infecções de garganta, crises de rinite, sinusite e outros males.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) previu para hoje umidade relativa do ar mínima de 25%. O órgão, no entanto, prevê quedas para até 13% até a primeira quinzena de setembro.

Diário da Manhã