Goiânia, cidade vigiada.

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Uma câmera para cada 120 moradores
Goiânia tem cerca de 10 mil equipamentos em ruas e locais privados que registram o comportamento da população

Elas estão em toda parte. Vigiam nossos passos e estão de olho nos menores deslizes que venhamos a cometer. Ao todo, as câmeras de segurança somam mais de 10 mil na Capital, média de um aparelho a cada 120 pessoas. Elas podem ser encontradas em toda a parte, desde pontos comerciais, casas lotéricas, terminais de ônibus e as que compõem a rede de monitoramento da Polícia Militar (PM), espalhadas em 43 pontos nos setores Centro Campinas e Marechal Rondon (Fama).

Em uma versão mais atual da obra 1984, do inglês George Orwell, o crescimento dos sistemas de segurança reflete um problema típico das grandes cidades: o crescimento da criminalidade. “A verdade é que a venda de sistemas de segurança é proporcional ao medo da violência”, afirma o diretor regional da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), Renato Brandão. Ele afirma que circuitos internos reduzem os índices de criminalidade em até 80%.

O avanço da tecnologia de segurança também ajuda a polícia nos flagrantes de pessoas em atitude suspeita ou para auxiliar investigações. É o caso das câmeras de segurança que filmaram a morte do estudante Túlio Jayme, morto em agosto do ano passado (imagens de circuito interno de TV registraram uma moto passando ao lado do carro da vítima no horário em que aconteceu o crime. As filmagens foram solicitadas pela Polícia Civil).

Mal necessário
As câmeras de segurança não constrangem o funcionário público Valtair Monteiro. Mesmo assim, ele as considera um “mal necessário” para garantir a segurança de pessoas de bem. “Seria melhor que não fossem necessárias”, afirma. Sua mulher, a dona de casa Nivalda Monteiro, concorda:
“Infelizmente, a sociedade, hoje, não é feita para as pessoas honestas.”
A câmera que flagrou a imagem do casal fica no cruzamento das avenidas Independência e Goiás. Nivaldo (na foto, de camisa verde) e a mulher (de azul) foram perfeitamente identificados, graças à resolução das imagens captadas pelo equipamento. A PM tem planos de instalar outros sistemas do gênero na Vila Coronel Cosme, Praça Nova Suíça e Jardim Goiás.

“Conseguimos uma redução de mais de 90% na criminalidade nos pontos monitorados”, afirma o diretor de monitoramento da PM, capitão Willian Efigênio. As câmeras da PM estão espalhadas pelas avenidas Bernardo Sayão, Senador Jayme, Anhanguera e 24 de Outubro. Cada equipamento consegue identificar, com nitidez, a placa de um veículo a uma distância de 400 metros. O gasto mensal com manutenção dos aparelhos é de aproximadamente 40 mil reais. Todos os dias é necessário fazer a manutenção nos sistemas, que acabam, no caso das câmeras, enfrentando chuva e sol.

O sistema fica ligado 24 horas. Toda atitude suspeita é checada no Centro de Monitoramento, instalado na sede do comando do policiamento da Capital. Ao constatar uma ação criminosa ou suspeita, viaturas da PM são deslocadas para o local. “Com suporte das câmaras, evitamos casos de roubos e furtos de veículos e a pessoas”, afirma o comandante do 1° Batalhão da PM, major Luiz Alberto Sardinha Bites. Os flagrantes mais comuns são vendas de CDs e DVDs piratas e acidentes de trânsito.

Ousadia
Mesmo que estes sistemas de segurança intimidem bandidos, alguns exageram na ousadia e ignoram a presença de câmeras. Há casos em que as próprias câmeras se tornam alvos dos criminosos. Foi o que aconteceu em São Paulo, entre abril e junho deste ano. A polícia registrou quatro roubos destes equipamentos no interior São Paulo. Os autores sequer tiveram a preocupação de cobrir os rostos, o que facilitou a identificação.

Outro caso, também em São Paulo, teve um final mais feliz. Durante assalto a posto de combustível na capital paulista, bandidos agiram sem se incomodar com a presença de câmeras de segurança. O gerente viu a ação pelos monitores a acionou a polícia. Seis pessoas foram presas.

Terminais monitorados
Outro local guarnecido por câmeras de segurança é o Terminal Cruzeiro. Quarenta e dois destes dispositivos foram instalados no interior da estação. Seis podem girar 360°, o que dá visão geral de toda a área. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Goiânia (Setransp), desde a inauguração da nova estação, nenhum roubo ou furto foi registrado no local.

Os outros terminais, que aguardam reforma, também serão equipados com sistemas de segurança. O Citybus, transporte coletivo diferenciado da Capital, também é dotado de câmeras de segurança em seus 65 miniônibus.

Tanto no Terminal Cruzeiro, quanto nos veículos, as câmeras estão conectadas à Central de Controle Operacional (CCO), que monitora as atividades do transporte coletivo na região metropolitana de Goiânia. Existe projeto de implantação de câmeras também nos veículos convencionais do sistema de transporte.

Diário da Manhã