Uma ambulância para 118 mil pessoas

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A quantidade de viaturas de atendimento básico dos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em Goiânia, estão abaixo de estimativa exposta na portaria de número 1.864 do Ministério da Saúde, de 29 de setembro de 2003. Conforme o documento, é preciso ter pelo menos uma Unidade de Suporte Básico (USB) para cada 100 mil habitantes. Na capital existem 11 ambulâncias dessa categoria e, levando em consideração a população contabilizada no último Censo (1.302.001), a média é de uma ambulância a cada 118.363 habitantes. Fora a quantidade, existe ainda o problema dos constantes estragos.

Os veículos rodam todos os dias durante 24 horas, ou seja, estão suscetíveis a problemas mecânicos. Na segunda-feira (19), por exemplo, haviam duas USBs paradas em uma oficina e o Samu operou com nove ambulâncias. “Conseguimos realizar bem o trabalho. Com nove USBs e quatro Unidades de Suporte Avançado (USA) rodando em Goiânia é o suficiente para correspondermos a demanda”, retruca o chefe de Transportes do Samu, Ronaldo Alves Dourado. Conforme Ronaldo, no ano passado, o atendimento do Samu chegou a operar com apenas sete unidades e, mesmo assim, na opinião dele, o trabalho era feito de maneira satisfatória. Existe um planejamento para adquirir pelo menos dez novas ambulâncias. O requerimento foi encaminhado ao Ministério da Saúde e a direção do Samu Goiânia aguarda a resposta.

As USBs fazem o atendimento de casos graves, mas de menor complexidade e que não exigem a presença de um médico, como quedas de motos e fraturas. Para se ter uma ideia, elas foram responsáveis por 82,2% dos socorros prestados pelo Samu em fevereiro passado. “Dependendo do dia, nem sobra tempo para desligá-las. Elas passam o dia com o motor ligado”, conta Ronaldo. No mês passado, o Samu atuou em 3.103 ocorrências na capital e 2.552 delas foram atendidas por uma USB.

As segundas e terças-feiras são os dias mais críticos. O serviço de conserto mecânico é terceirizado, contratado pela Prefeitura de Goiânia, e não funciona aos fins de semana. Portanto, são praticamente três dias rodando 24 horas, sem receber manutenção. “Chega na segunda, temos de trazer para olhar freio, suspensão, correias, que são os problemas mais recorrentes”, expõe o chefe de transporte. Já sabendo dessa possibilidade, algumas ambulâncias são deixadas de reserva para a reposição.

Medidas
Desde novembro do ano passado, com o intuito de agilizar o conserto, o Samu negocia parceria com o Sindicato dos Proprietários de Oficinas Mecânicas do Estado de Goiás (Sinpromego). Falta seguir os trâmites legais e aguardar parecer técnicos do departamento jurídico da Secretaria Municipal de Saúde. Com a parceria, a manutenção seria gratuita. No ano passado, o Ministério da Saúde recolheu as ambulâncias que estavam sem uso e redistribuiria entre as unidades. O Samu Goiânia se manifestou interessado em receber pelo menos dez dessas viaturas e formalizou o pedido junto ao governo federal. A resposta ainda não foi dada.

O chefe de transporte do Samu Goiânia, Ronaldo Dourado, salienta que existem fatores em relação ao uso das ambulâncias na capital que não podem ser previstos, como pneus que furam. Assim, mesmo confirmando que a atual quantidade de viaturas é o suficiente, o chefe atesta que “a melhor saída, sem dúvida, é aumentar a frota”.

O Samu recebeu, no ano passado, quatro Unidades de Suporte Avançado (USAs). As viaturas funcionam todos os dias e prestam assistência aos casos mais sérios, em que a presença de um médico é indispensável, como em situações de paradas cardiorespiratórias. Em fevereiro, elas foram acionadas 411 vezes, sendo responsáveis por 13,2% do total de atendimentos realizados. Enquanto uma USB é tripulada por um motorista e um técnico em enfermagem, uma USA é operada por um condutor socorrista, um enfermeiro e um médico.

Fonte: Jornal O Hoje