Empresários cobram mais recursos para construção civil

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Setor diz que os R$ 740 milhões previstos para este ano representam só 10% do necessário.

Os recursos que serão liberados para obras de infraestrutura em Goiás este ano serão insuficientes para sustentar o crescimento previsto para o setor da construção civil. Para o Sindicato da Indústria Construção Civil no Estado (Sinduscon-GO), o volume de recursos previstos para este ano, em torno de R$ 740 milhões, representa cerca de 10% do necessário. Para a senadora Lúcia Vânia, falta articulação dos setores público e privado em torno de bons projetos e mais organização política de Goiás.

Empresários do setor se reuniram ontem com a senadora e o secretário estadual de Infraestrutura, Wilder Pedro de Morais, em busca de informações sobre as obras previstas. Lúcia Vânia informou que, para este ano, já estão confirmados R$ 242 milhões para a duplicação da BR-060, que liga Goiânia à Jataí, e 47 milhões para a BR-080, que liga Brasília a Luiz Alves, no Norte do Estado. Segundo ela, as obras da BR-060 terão mais recursos porque já estão aceleradas e se tornaram referência para Goiás. A obra está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Reconstrução
O secretário estadual de Infraestrutura, Wilder Pedro de Morais, prevê que, este ano, devem ser investidos cerca de R$ 450 milhões na reconstrução das rodovias goianas, graças à criação do Fundo de Transportes. Desse total, R$ 150 milhões ainda serão provenientes da segunda etapa do programa de recuperação da estradas, num total de R$ 600 milhões, e que está em fase de licitação. O secretário informou que o Estado está em busca de outros R$ 1,8 bilhão em recursos de financiamento do BNDES para a construção de novas rodovias.

De acordo com a senadora, outros R$ 213 milhões para o programa de recuperação de rodovias, o Crema 2, estão em fase de licitação. “Temos recursos tímidos para a necessidade de duplicar nossas rodovias”, reconheceu. Ela alerta que será preciso fazer um grande esforço para obtenção de recursos para obras importantes, como a duplicação da BR-153 de Porangatu a Anápolis, que é prioritária, além de outras ligações importantes com o Mato Grosso, como as BRs 158 e 364.

Outra obra que consta entre as prioridades é a de adequação do Anel Viário, que envolve a construção de um desvio no cruzamento com a BR-153. Os recursos necessários são estimados em R$ 230 milhões. Uma saída para acelerar todas as obras seria incluí-las no PAC.

Para Lúcia Vânia, é preciso formar fóruns de debates onde os setores público e privado possam elaborar projetos em conjunto. “É preciso pensar o Estado a médio e longo prazo. Não dá para ficar fazendo projetos de obras emergenciais.”

A senadora alerta para o baixo volume de projetos e obras em andamento em Goiás, lembrando que o Estado ainda tem uma modesta participação no orçamento da União, enquanto outros Estados estão se tornando verdadeiros canteiros de obras.

Para a senadora, há uma crise de empenho e um bom exemplo é o da Sudeco, que ainda está precariamente instalada e os setores público e privado ainda não se empenharam para fazer com que o órgão seja mais ativo.

Burocracia
O presidente do Sinduscon-GO, Justo Oliveira d’Abreu Cordeiro, considera o volume de recursos já liberados para este ano insuficiente, o que ameaça o crescimento do setor, que terá de repensar suas atividades. Ele alerta que as empresas que atuam no ramo de infraestrutura devem ter problemas por conta da lentidão das obras este ano, já que elas investiram muito alto em equipamentos, que não podem ficar parados. “Não haverão frentes de serviço ou recursos para manter toda a gama de investimentos feitos pelas empresas. Vamos torcer para 2013.”

Segundo ele, o programa Minha Casa, Minha Vida também está praticamente parado por conta da burocracia e dos altos custos dos empreendimentos para a baixa renda. Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-Goiás), Ilézio Inácio Ferreira, o programa está sendo travado pela grande valorização das áreas, pelos problemas de infraestrutura e até pela falta de mão-de-obra para a construção civil.

“A alavanca atual é o mercado de apartamentos, que vai bem por conta do bom desempenho de nossa economia regional”, avalia Justo Oliveira. Para ele, o governo federal abandonou o setor da construção em Goiás este ano. “O grande problema é a falta de vontade política para a produção de projetos e busca de recursos.”

Fonte: Lúcia Monteiro, O Popular