Transplante de pâncreas só em Goiás e 3 Estados
Além de hospital goiano, a cirurgia é feita em São Paulo, Paraná e Ceará. Especialista diz que este ano houve cinco procedimentos.
Goiás figura entre os quatro Estados que oferecem transplante de pâncreas no Brasil. Segundo levantamento do Sistema Nacional de Transplantes, divulgado pelo Ministério da Saúde (MS), no Dia Nacional de Doação de Orgãos, apenas Goiás, São Paulo, Ceará e Paraná, apresentam hospitais credenciados para a realização do procedimento que beneficia pacientes renais crônicos em tratamento dialítico e que tenha diabetes tipo 1.
De acordo com o médico responsável pela equipe goiana de transplante de rins e pâncreas simultâneo do Hospital Santa Genoveva, Bráulio Ludovico Martins, há três anos um único procedimento foi feito em Goiânia. Após isso, somente este ano o Hospital Santa Genoveva restabeleceu o serviço e passou novamente a transplantar órgão. A paralisação aconteceu devido a problemas de logísticas e questões estruturais.
Para conseguir novamente a autorização do Ministério de Saúde foi necessário um período de aproximadamente dois anos e meio. “É um processo demorado que avalia tanto a equipe quanto a estrutura hospitalar e as medicações disponíveis”, disse Bráulio.
A equipe este ano já realizou cinco transplantes (o levantamento do MS contabiliza apenas 2), a maioria deles com sucesso. Apesar de ter registrado um óbito após a intervenção, o médico avalia que a morte não foi decorrente do procedimento e sim de outros problemas de saúde já apresentados pelo transplantado.
Ele ainda afirmou que existe uma fila de espera relativamente pequena. “O paciente que necessita de um novo pâncreas tem de esperar de três a seis meses para se submeter ao procedimento. Temos no máximo seis pacientes aguardando”, observa. Todos os transplantandos no Hospital Santa Genoveva – única unidade de saúde apta ao procedimento no Centro-Oeste – são pacientes de Goiás.
O especialista avalia o procedimento como delicado, devido à realidade do diabético. “É um paciente mais suscetível a complicações”, avalia. Há também alto risco de trombose após o transplante. O paciente também deve fazer uso continuo de medicamentos imunossupressores, remédios que evitam rejeições. “Isso é para a vida toda”, explica.
Dificuldades
Para o diretor da central de transplantes de Goiás, Luciano Leão, existem dois principais problemas que dificultam o transplante de órgãos no Estado. O primeiro está relacionado aos profissionais da saúde. “Muitos não têm o devido conhecimento, não são capacitados ou não têm tido oportunidade de diagnosticar e notificar casos de morte encefálica”, afirma. O pâncreas é retirado de um doador cadavérico.
Outro problema significativo está relacionado à família do possível doador. Famílias ainda não autorizam a doação dos órgãos, por isso o número de doações ainda é considerado pequeno. No entanto, ele ainda destacou que no último ano Goiás evoluiu na conscientização da população e apenas 30% das famílias se recusam a doar os órgãos de um ente querido; a média dos últimos anos era de 60% de recusas.
Goiás ainda não realiza transplante de pulmão e fígado. Leão informou que o Hospital das Clinicas está viabilizando a estrutura e uma equipe de profissionais para conseguir credenciamento para transplante de fígado. O de pulmão ainda não há previsão. Desde ontem, a Santa Casa de Misericórdia está apta a transplantar coração. A unidade de saúde deixou de realizar esse tipo de procedimento há quase três anos, por causa da falta de acordo com o SUS.
Substituição de órgãos cresce 12,7% no Brasil
O número de transplantes no Brasil cresceu 12,7% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2011. Foram 12.287 cirurgias ante a 10.905 registradas no ano passado. O número de novos doadores passou de 997 para 1.217 – um aumento de 22%.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o aumento é resultado da associação de vários fatores: formação de novas equipes para cirurgia, criação de centrais e de grupos atuando no trabalho de identificação de doadores, convencimento das famílias e captação de órgãos.
São Paulo foi o Estado que realizou maior número de cirurgias nos primeiros seis meses deste ano: 4.783. Em seguida, vem Minas, com 1.111 e Paraná, com 943. Acre apresenta a menor taxa: foram 34 cirurgias – 30 delas de córnea. O número, embora pequeno, foi comemorado pelo ministério. “Até pouco tempo, não havia centros transplantadores no Estado”, disse Padilha, nesta quinta-feira, Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos.
O ministério anunciou a liberação de R$ 10 milhões para projetos de tutoria para melhorar o atendimento de centros no Brasil, na América Latina e em países da Língua Portuguesa. Centros considerados de referência serão habilitados para fazer parte da rede e organizar projetos de capacitação em áreas carentes. (AE)
Fonte: Jornal O Hoje